Tradução Artigo Mycobacterium Abscessus Infecção de Pele Após Tatuagem
Por: Karla Richelle • 16/1/2023 • Trabalho acadêmico • 1.124 Palavras (5 Páginas) • 107 Visualizações
Mycobacterium abscessus infecção de pele após tatuagem - Relato de caso
Resumo: Mycobacterium abscessus é um micobactéria de crescimento rápido que tem afetado as pessoas submetidas procedimentos invasivos, tais como a videocirurgia e a mesoterapia. Esta bactéria tem distribuição global, sendo encontrada em numerosos nichos. A frequência de relatórios publicados de infecções por micobactérias de crescimento rápido associadas a procedimentos de tatuagem tem aumentado nos últimos anos. No entanto, no Brasil não foram publicados relatos de casos de M. abscesso após a tatuagem na literatura até à data. Neste artigo, descrevemos o caso de um paciente com uma história de lesão de nove meses num sítio de tatuagem. O diagnóstico de infecção com Mycobacterium abscessus foi estabelecido por correlação entre os aspectos dermatológicos e histopatológicos, cultura e técnicas de biologia molecular. O paciente teve uma melhoria significativa dos sintomas com a utilização da monoterapia com claritromicina.
Palavras-chave: Infecções por micobactérias, não tuberculosas; Micobactérias não tuberculosas; Tatuagem
INTRODUÇÃO
Mycobacterium abscessus é um abcesso de crescimento rápido mycobacterium com distribuição global, sendo encontrado em numerosos nichos, incluindo solo, água, poeira e ambientes familiares e hospitalares. Esta micobactéria foi descrita pela primeira vez em 1953 por Moore e Frerichs. No entanto, foi apenas em 1992, após a sua separação da Mycobacterium chelonae grupo, que M. abscessus adquiriu o reconhecimento que é um importante agente patogénico humano responsável para um amplo espectro de infecções de tecidos moles (após trauma ou cirurgia), infecções pulmonares e doenças disseminadas em doentes imunocomprometidos. A incidência de infecções por crescimento rápido micobactérias tem aumentado nas últimas décadas. Isto é em parte atribuída ao aumento da frequência da cirurgia procedimentos, imunossupressão nos doentes e identificação mais eficiente do agente patogénico.
Na literatura, há relatos de infecções por M. abscessus após mesoterapia, acupuntura, injeções de insulina em doentes diabéticos e outras cirurgias e procedimentos. Relatamos um caso invulgar de inoculação da pele por M. abscessus depois da tatuagem.
RELATÓRIO DO CASO
Uma paciente feminina de 42 anos, enfermeira, que viveu em Manaus, Amazonas, teve com uma história de nove meses de lesão num local de tatuagem (terço inferior da perna esquerda), associada a uma ligeira comichão e uma sensibilidade táctil diminuída. A tatuagem tinha sido feita aproximadamente dois anos antes. O exame clínico evidenciou um pápulo-nodular, lesão flutuante, com um eritematoso superfície, pouca capacidade de infiltração e limites imprecisos no local da tatuagem (Figura 1). Não houve nervo testes de ampliação e sensibilidade realizados no local do ferimento não sofreu alterações. O paciente negou comorbilidades e não apresentava sintomas sistémicos. Ela tinha já fez uso de tratamentos tópicos, mas sem melhoria clínica.
A histopatologia mostrou um infiltrado inflamatório granulomatoso composto por linfócitos, histiócitos, células epitélioides e células gigantes do tipo Langerhan em toda a derme e hipoderme (Figura 2). Coloração especial para AFB (álcool bacilos ácido rápido) não revelou bacilos.
A aparência da lesão era negativa, mas uma cultura em meio Loewenstein-Jensen mostrou isolamento de micobactérias de crescimento rápido. M. abscesso foi identificado por PCR usando a sequência hsp65. O doente foi tratado com claritromicina 500 mg duas vezes por dia. Após cinco meses de acompanhamento, o paciente mostrou uma melhoria clínica, com redução do eritema e a ligeira atrofia local.
DISCUSSÃO
As tatuagens tornaram-se uma das mais importantes
manifestações estéticas do nosso tempo. Complicações
ocorrem em cerca de 2% dos casos e incluem infecções (tais
como o relatório do aparecimento de moluscum contagiosum numa tatuagem sete meses após o procedimento de tatuagem), neoplasias e dermatoses inflamatórias.6,7
A frequência dos relatórios de infecção publicados
por micobactérias de crescimento rápido associadas a procedimentos de tatuagem tem aumentado nos últimos anos.3
Isto
pode ser devido a uma identificação mais eficiente dos casos
ou pode indicar um problema emergente causado por práticas de tatuagem inseguras ou pelo aumento da popularidade
de tatuagens.3 Uma pesquisa nas bases de dados PubMed / Medline e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) revelou que, em
Brasil, não houve relatos de casos de infecção com M.
abscesso após a tatuagem na literatura até agora.
Há relatos de surtos envolvendo dispositivos contaminados, tais como agulhas e bisturis, após
mesoterapia, tratamentos de acupunctura múltipla, e
injecções de insulina em doentes diabéticos. 1,6 Existem
apenas oito casos confirmados causados por M. abscessus
após a tatuagem. O primeiro caso foi relatado em França
em Agosto de 2010. Um paciente de 51 anos desenvolveu pústulas papulares num sítio de tatuagem 10 dias após a tatuagem.
procedimento.2 Em Novembro do mesmo ano, na Austrália, M.
abscesso foi identificado em pápulas num sítio de tatuagem de um
homem de 25 anos 7-10 dias após o procedimento.8 Em Agosto de 2012, o CDC (Centros de Controlo de Doenças e
Prevenção), nos Estados Unidos, confirmou 3 casos de
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