A EVOLUÇÃO DOS ENXERTOS ÓSSEOS NA IMPLANTODONTIA
Por: SamDiasOliveira • 3/6/2018 • Artigo • 6.094 Palavras (25 Páginas) • 623 Visualizações
INTRODUÇÃO
Com a finalidade de enxertia óssea em rebordos diferentes existem quatro tipos de materiais utilizados: autógeno (autólogo), alógeno (homógeno), heterógeno (xenógeno) e o sintético (aloplástico). Dentre suas características, buscam-se possibilidades de utilização do material, conforme o caso clínico existente, considerando-se a biocompatibilidade, a osteocondução, a osteoindução e a osteogênese.
Dessa forma, o objetivo geral da pesquisa é caracterizar os tipos de enxertos ósseos bucais para a implantodontia. Para tanto, há de se alcançar os objetivos específicos que, são: Identificar a origem e utilização de materiais dos enxertos ósseos bucais; analisar a osteocondução, osteoindução, osteogênese e osteopromoção de cada material e; avaliar a biocompatibilidade dos enxertos.
Para a realização de implantes bucais em regiões com deficiência óssea, é necessária a utilização de enxertos ósseos para garantir a adequada fixação do pino de titânio na arcada dentária. Esses enxertos ósseos, com características e aplicações específicas, são utilizados tanto para aumentar a altura quanto a espessura do osso a partir de um procedimento cirúrgico.
Os enxertos ósseos autógenos, são provenientes do tecido ósseo do próprio paciente e retirado de uma parte específica do corpo, como por exemplo, mandíbula, crista ilíaca e calota craniana; enxertos homógenos são provenientes de bancos de ossos; enxertos heterógenos vêm de ossos de bovinos, caprinos e/ou suínos; e, os enxertos sintéticos são criados em laboratórios utilizando-se cerâmica, polímero, hidroxiapatita sintética e outros materiais que minimizem a possibilidade de rejeição do organismo.
Essa nova base óssea na enxertia deve ser capaz de devolver a anatomia e possibilitar o processo de osseointegração do implante dentário. Contudo, para que aconteça a osseointegração, há de se considerar outros fatores como um leito de tecido ósseo saudável e em quantidade suficiente, além da correta aplicação da técnica cirúrgica (REIS et al, 2010).
Diante do exposto, justifica-se a relevância da temática a ser desenvolvida neste projeto de pesquisa, pois a caracterização dos diversos tipos de enxertos ósseos bucais, considerando biocompatibilidade, osteocondução, osteoindução, osteogênese é de suma importância na implantodontia.
Como se trata de uma pesquisa bibliográfica, a metodologia reuniu informações científicas relacionadas à temática publicadas em português e inglês entre os anos de 2010 e 2017. O método hipotético dedutivo foi enfocado com uma abordagem qualitativa, considerando-se teorias e conceitos cientificamente embasados, pois propõe identificar, dentre os materiais de enxerto ósseo bucal, o material mais adequado por sua eficiência e eficácia.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Burgo (2009), a história do enxerto ósseo começa em 1682, com Van Meeken, que transplantou o osso do crânio de um cão para uma deformidade cranial no homem, mas logo retirou-o, para evitar a excomunhão pela Igreja Católica. Mas foi só em 1867, que se iniciaram as primeiras bases científicas por Ollier, que ao realizar a transferência de osso e periósteo, observou que ambos (o homem e o cão) estavam vivos. Contudo, em 1897, Barth verificou que o enxerto ósseo realizado tornou-se inviável após vários dias de sua transfusão, e que somente através de um gradual processo de invasão por células oriundas do osso receptor havia repovoamento com células vivas (GOSAIN, 2004).
Desde então, Artzi et al (2005, p. 195) alegam que esse processo, hoje, é conhecido como osteocondução, pois:
Vários estudos demonstraram que a sobrevivência e a osteogênese das células na superfície do osso enxertado era considerada positivamente e que desempenham um papel importante na proliferação de novas células formadoras de osso. Essa formação de um novo osso se deu pela descoberta da presença de uma proteína (BMP) em todos os enxertos, segundo Albrektsson.
Palone (2014) descreve que o BMP (do inglês, Bone Morphogenetic Protein) é um recombinante humano, representado pela Proteína Morfogenética Óssea que constitui uma versão de engenharia genética da proteína natural humana, normalmente encontrada em pequenas quantidades no corpo, com o propósito de estimular a formação óssea. A Proteína Morfogenética Óssea Recombinante Humana Tipo-2 (rhBMP-2) e excipientes são liofilizados, sendo considerado um aloenxerto. A esponja de colágeno absorvível é uma matriz implantável absorvente, leve, branca e maleável, sendo composta por colágeno bovino tipo I, obtido do tendão flexor profundo (Tendão de Aquiles). A esponja age como um veículo (carreador) para a rhBMP-2 e funciona como uma armação para a formação do novo osso.
A molécula de rhBMP-2, quando colocada em meio adequado induz formação óssea. O início do processo não se faz necessariamente pela introdução de células que formam osso. Ao contrário, a rhBMP-2 age localmente para concentrar as células mesenquimais hospedeiras ali e influenciar sua diferenciação em células formadoras de tecido ósseo (osteoblastos). Ela tem atividade mitogênica, mas esta é seletiva. Para que se tenha um efeito que possa ser observado clinicamente são necessárias doses superfisiológicas, algo em torno de 200.000 vezes a concentração fisiológica estimada da BMP-2 natural, encontrada no osso (CARVALHO, 2011, p. 12).
Estudo recente realizado por Carvalho (2011) mostra que a cirurgia de enxerto ósseo alveolar em defeito ocasionado por fissura com a utilização da rhBMP-2 tem apresentado taxas de sucesso semelhantes aos de enxerto com osso autógeno obtido da crista ilíaca. O rhBMP-2 é um produto de fácil manuseio que evita duas incisões no paciente, com índice de fusão óssea muito elevado, diminuição de riscos de infecção e complicações pós cirúrgicas e alto custo.
Palone (2014) observa que este produto tem a finalidade de substituir qualquer enxerto ósseo, dispensando a coleta de osso de crista ilíaca, diminuindo riscos de infecção. No que tange a enxertos ósseos artificiais, tratam-se de materiais com capacidade osteocondutora, ou seja, guia e conduz o desenvolvimento de novo tecido ósseo através de sua matriz de suporte, pois ele funciona como uma membrana para guiar onde vai se iniciar a formação de novo osso. Carvalho (2011) contudo, alerta que o BMP-2 não tem as proteínas osteoindutivas, as que tem habilidade em induzir o osso do hospedeiro a produzir novo tecido ósseo (osteogênese).
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