A Leishmaniose Mucocutânea com Manifestação Rara na Mucosa Nasal e Septo Ósseo Ósseo de Cartilagem
Por: 2002201212 • 21/11/2022 • Trabalho acadêmico • 3.248 Palavras (13 Páginas) • 104 Visualizações
Leishmaniose mucocutânea com manifestação rara na Mucosa Nasal e Septo Ósseo Ósseo de Cartilagem
Nicole Casalle,1[pic 1] Laís de Barros Pinto Grifoni,1 Ana Carolina Bosco Mendes,1 Sérgio Delort,2 e Elaine Maria Sgavioli Massucato1
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Editor Acadêmico: Larry M. Bush
Recebido18 jun 2020
Revista29 ago 2020
Aceitado31 ago 2020
Publicado22 set 2020
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O Backgroud. Leishmaniose é uma doença infecciosa causada por protozoário do gênero Leishmania que pode afetar superfícies mucosas ou cutâneas. Pode se manifestar através da mucosa bucal, associada a uma lesão cutânea ou como efeito secundário. Nos últimos 20 anos, o número de casos da doença está aumentando progressivamente no Brasil. Por isso, o conhecimento dessa doença pelos profissionais de saúde é importante para alcançar um diagnóstico correto e precoce, para prevenir as deformidades que ela pode causar ao rosto. Apresentação do caso. O objetivo do presente estudo foi relatar um caso de leishmaniose mucocutânea com lesões na mucosa palatina e farínteca em paciente com relato prévio de lesões raras na mucosa nasal e septo óssedo da cartilagem. Conclusões. Acreditamos que a divulgação desses casos pode ser importante para o diagnóstico correto e precoce dessas lesões secundárias que podem afetar a mucosa oral.
1. Fundo
A leishmaniose cutânea americana (ACL) é uma doença infecciosa crônica, não contagiosa, causada por protozoário leishmania pertencente à família Trypanosomatidae e pode estar presente de duas maneiras principais: uma é flagelada ou promastigote, basicamente encontrada no trato digestivo do vetor de insetos, e outra é aflagellate ou amastigote, encontrada nos tecidos dos hospedeiros vertebrados [1].
A transmissão mais comum é através da picada de inseto que pode pertencer a várias espécies de lixos, de diferentes gêneros, dependendo da localização geográfica [1]. A L pode afetar a pele, as membranas mucosas, e a forma mucocutânea é predominantemente causada pela Leishmania braziliensis [2].
A leishmaniose cutânea é um problema de saúde pública em 88 países distribuídos em quatro continentes (Américas, Europa, África e Ásia), com um registro anual de 1 a 1,5 milhão de casos. É considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como uma das seis doenças infecciosas mais importantes devido ao seu alto coeficiente de detecção e à capacidade de produzir deformidades [3].
Segundo a OMS, a maioria dos casos de leishmaniose cutânea ocorre no Afeganistão, Argélia, Brasil, Colômbia, República Islâmica do Irã, Paquistão, Peru, Arábia Saudita e República Árabe Síria. Quase 90% dos casos de leishmaniose mucocutânea ocorrem na Bolívia, Brasil e Peru [4].
A epidemiologia da leishmaniose mucocutânea na região das Américas é complexa, com variações nos ciclos de transmissão, hospedeiros, vetores, manifestações clínicas e resposta ao tratamento, devido à presença de múltiplas espécies de Leishmania na mesma região geográfica [4].
Trata-se de uma doença zoonótica em clara expansão geográfica no Brasil, sendo uma das mais importantes infecções cutâneas, não apenas devido à incidência, mas principalmente pelas dificuldades terapêuticas, deformidades e sequelas que ela pode resultar [1]. É particularmente importante na América do Sul para apresentar aspectos de cronidade e latência e para o desenvolvimento de metástases que levam à desfiguração das condições clínicas. Essas lesões podem resultar de uma infecção recorrente, cuja origem pode ser uma reativação de uma infecção primária após um longo período de latência ou reinfecção [5].
Lesões primárias da pele ocorrem no local da picada de mosca-de-areia, especialmente nos lábios e nariz. A boca pode ser envolvida por extensão direta da lesão cutânea [2].
A leishmaniose recorrente, que aparece como resultado da reativação, tem recebido mais atenção, não apenas devido ao envolvimento de lesões mucosas, mais difíceis de tratar, mas também porque aparecem como resultado de estados de imunodeficiência [5, 6].
O caso relatado refere-se a uma paciente do sexo feminino com lesões no paladar duro, paladar macio e faringe, além de apresentar sequelas de septo nasal de uma possível infecção primária.
2. Apresentação de caso
Uma agricultora de 52 anos, L.M.B., residente em uma área rural, compareceu ao Serviço de Medicina Bucal, encaminhada por um cirurgião de cabeça e pescoço, para avaliação de uma lesão granulomasa no paladar e queixa de rouquidão, que ela acreditava ser uma sequela de uma gripe ocorrida três meses antes. De acordo com o laudo médico, a paciente apresentou lesão oral extensa, tendo sido submetida a uma laringoscopia e biópsia, com resultado histopatológico de hiperplasia pseudoepitheliomamasa e um processo inflamatório crônico ativo, sugerindo uma investigação de fungos, razão pela qual o médico a encaminhou ao nosso serviço.
Durante o questionário de saúde, o paciente não revelou alteração sistêmica, bem como uso de medicamentos cronicamente. O paciente relatou ter trabalhado nos canaviais por muitos anos e ter histórico de crostas e sangramento nasal, iniciado cerca de 4 anos antes. O exame físico mostrou prisão de ventre nasal, emitindo voz nasal, e foi respirador bucal. O paciente também relatou ter fumado por 6 meses e o uso de prótese total superior e inferior.
O exame clínico extrabuccal revelou uma redução do lado direito da asa nasal e perfuração de septo nasal (Figuras 1 e 2).
[pic 2]
Figura 1
Defeito na asa nasal.
[pic 3]
Figura 2
Perfuração de septo nasal.
O exame intrabuccal revelou lesão granulomatosa envolvendo todo o paladar e úvula, estendendo-se à faringe bilateralmente com aparência eritâmica e presença de placas brancas riscadas distribuídas em algumas regiões (Figuras 3 e 4). O paciente relatou uso contínuo da prótese.
[pic 4]
Figura 3
Lesão granulomatosa no paladar.
[pic 5]
Figura 4
Lesão estendendo-se até a faringe.
Foram formuladas hipóteses diagnósticas de leishmaniose mucosa e paracoccidioidomicose associada à candidose. Enxágüe bucal utilizando solução oral de nystatina, instruções de higiene das mãos e remoção noturna da prótese foram prescritos. Em retorno posterior, foram avaliados o hemograma e o raio-X do tórax previamente solicitados pelo médico. O hemograma mostrou microcitose e hipocromia moderada com pontilhada basofílica e policromofia discreta. A análise do raio-X do tórax mostrou fios densos e congestivos. Também foi solicitado o exame radiográfico dos ossos do nariz, que demonstrava integridade do septo nasal.
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