A TECNICA OPERATORIA EM RUFIÃO
Por: Michelle Goulart • 17/10/2022 • Trabalho acadêmico • 2.531 Palavras (11 Páginas) • 167 Visualizações
INTRODUÇÃO
Rufiões são machos não castrados, mas sem condições de fecundar uma fêmea. Estes animais são utilizados na identificação de fêmeas que estão no cio favorecendo a prática de inseminação, ou até mesmo para determinar o tempo apropriado para cobertura estimulando o estro e a ovulação. O método é um procedimento cirúrgico que precisa ser realizado com contenção física, anestesia e analgesia além de perfeita antissepsia nos animais e na equipe cirúrgica. Os machos são preparados através da interrupção das vias normais de emissão de espermatozoide, desvio do pênis, retroflexão peniana, e aderência peniana. Um macho antes de passar pela cirurgia e ser escolhido para se tornar rufião passa por uma seleção para uma avaliar seu desempenho, ou seja, libido diante de uma fêmea, considerando que deve ser um animal saudável e jovem para evitar que apresente complicações no pós operatório.
2. Método para detecção de cios: rufiões
A inseminação artificial é uma técnica que consiste na deposição do sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea, pelo homem, sem o contato com o macho. Essa técnica começou a ser utilizada para diminuir doenças infecciosas e genéticas, porém, hoje em dia é também utilizada para aumentar o número de descendentes de animais com maior valor genético. A primeira inseminação artificial realizada com sucesso em animais de grande porte ocorreu em 1890 e com isso, começaram-se a utilizar várias ferramentas e métodos para que esta técnica obtivesse melhores resultados.
É de extrema importância o conhecimento prévio anatomofisiologico do sistema reprodutor durante o preparo dos rufiões, atentando-se principalmente para estruturas que estão relacionadas às técnicas operatórias utilizadas. Os componentes do aparelho genital masculino são: um par de testículos, um par de epidídimos, e por porções iniciais do ducto deferente contidos no escroto, pela uretra, pelo pênis, pelo prepúcio e por um conjunto de glândulas anexas à uretra- glândulas vesiculares, próstata e glândulas bulbouretrais. O pênis dos ruminantes possui um formato cilíndrico e mais alongado, o arco isquiático está presente até a região da cicatriz umbilical, junto à linha ventral do abdômen. “A Flexura sigmóide encontra-se imediatamente caudal ao escroto e forma uma curva no formato de ‘‘S”. O pênis encontra-se dobrado quando está inteiramente retraído, e quando acontece à ereção a flexura é distendida. Observa-se o Óstio uretral externo na extremidade de um sulco originado por esta torção. A túnica albugínea tem aspecto espesso e a mesma rodeia a uretra. Na primeira porção até a primeira curvatura, existe um septo do pênis mediano e espesso. Existe uma faixa de tecido fibroso e denso em que se disseminam uma grande quantidade de trabéculas fortes. Encontramos o tecido erétil em pequena quantidade, com exceção da raiz, dessa forma o órgão demonstra um volume reduzido na sua ereção, devido a rigidez do órgão. Em relação ao prepúcio o mesmo é longo e estreito, localizamos o seu óstio 5 cm caudal ao umbigo aproximadamente. Existem também dois pares de músculos prepuciais que são originados do músculo cutâneo.
Um dos fatores importantes no êxito da inseminação artificial é saber o dia exato em que a fêmea está no cio. Pois no caso de vacas leiteiras, por exemplo, a falha na identificação do cio pode causar atraso no início da lactação e do nascimento dos bezerros. Para isto, é utilizado o método seguro, conhecido comorufiagem, aonde o macho – chamado de rufião – tratado cirurgicamente, não castrado e incapaz de fecundar, identifica o cio da fêmea e a persegue, realizando a monta. Porém, a monta completa não é realizada e a fecundação não ocorre. As fêmeas que aceitam a monta do macho são as que estão no cio.Além dos rufiões serem extremamente importantes na identificação do cio, eles também estimulam a puberdade em fêmeas jovens e paridas para entrarem ou retornarem do estro mais precocemente, sincronizam melhor a ovulação, evidenciam os sinais e aumenta o tempo de manifestação do cio.
Senger, em 1994, confirmou em seu estudo sobre inseminação artificial em bovinos que a partir da identificação do estro, as taxas de gestação adequadas podem ser alcançadas com a inseminação, contudo, se a inseminação for realizada em monta em outros animais, essa taxa pode diminuir. Com isso, a identificação de cios de forma visual possui uma eficiência de 50% na inseminação artificial, todavia, após a utilização dos rufiões, essa eficiência apresentou uma melhora significante na identificação das fêmeas no cio.
O método de rufiagem é feita em equinos, bovinos, caprinos e ovinos, porém, existe alguns critérios para a seleção dos machos. Esses critérios são importantes para que o macho faça seu trabalho de forma eficiente e duradoura, pois se todos os critérios forem seguidos, o rufião pode atuar por 3 anos ou até mais. Portanto, omacho rufião deve ser saudável e não apresentar qualquer tipo de doença (principalmente doenças sexualmente transmissíveis) para não correr o risco de contaminar o rebanho, ter um temperamento calmo pois vai estar sempre em contato com os trabalhadores da fazenda – estes tem grande importância no método, uma vez que precisam visualizar em qual fêmea o macho irá realizar a monta –, bom escore corporal, tamanho médio para não correr o risco de machucar as fêmeas, ser jovem, ter em torno de 15 à 18 meses – pois estes apresentam menos complicações pós operatórias – porém, já ter atingido a puberdade e principalmente, possuir uma libido forte. Outro fator importante na seleção dos machos é a cor da pelagem, pois se a cor do macho for diferente da pelagem das fêmeas do rebanho, facilitará a identificação deste por parte dos profissionais. No caso de bovinos, é preferível animais de raças europeias e mestiços por possuírem uma libido maior, e de preferência animais sem chifre, para não dificultar o manejo.
A presença de funcionários, além do rufião, é de extrema importância na identificação do cio, pois estes são responsáveis por observar em qual fêmea o macho irá tentar realizar a monta. Logo após, os trabalhadores marcam e identificam quais são essas fêmeas. Essa prática é necessária para não correr o risco de erros. Algumas fazendas desfrutam do uso do bucal marcador, um acessório que contém tinta e é colocado na mandíbula dos rufiões, e eles mesmos marcam a fêmea quando realizam a monta. Porém esse acessório não substitui a necessidade dos funcionários que fazem a observação visual, principalmente quanto há muitas fêmeas no cio simultaneamente.
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