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A Preocupação com resíduos de defensivos agrícolas nos alimentos

Por:   •  15/1/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.661 Palavras (7 Páginas)  •  357 Visualizações

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UMA DISCUSSÃO SOBRE ALIMENTOS SEGUROS

CICERO NETO, JONNATHAN MARQUES, LEANDRO BARROS, LUANA GUIMARÃES

INTRODUÇÃO

A preocupação com resíduos de defensivos agrícolas nos alimentos e tão antiga quanto a introdução desses produtos nos sistemas de produção (ANVISA, 2006). Nesse sentido essa e uma discussão antiga nos debates sobre alimentos seguros, onde a cada vez mais preocupação dos consumidores com os alimentos e a maneira de como são produzidos, essa mudança no pensamento dos consumidores tem grande impacto na agricultura, de maneira que os produtores tentam cada vez mais se adequar as necessidades da população, tanto na produção de orgânicos quanto na produção de produtos com menor uso de produtos químicos.  

O grande problema de resíduos de agrotóxicos acima do nível permitido está a longo prazo em que os consumidores não passam mal no momento do consumo de um alimento contaminado, mas sim no efeito acumulativo que leva vários anos, em que podem causar serias doenças (ANVISA, 2006).        

Para monitorar o nível de produtos químicos em alimentos a Anvisa criou o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), que analisa diversos produtos agrícolas de forma a quantificar os resíduos dos agrotóxicos nas culturas. Essa iniciativa analisou mais de 4 mil amostras de alimentos, nos anos de 2001 a 2004, concluindo que 28% dos produtos tinham alguma irregularidade, e 83% das amostras irregulares possuíam algum produto que não era autorizado para a cultura e o restante dos casos se referia a quantidade acima da permitida dos agrotóxicos (ANVISA, 2005).         

Esse estudo mostra que grande parte dos produtores, não possuem conhecimento técnico e nem a ajuda de profissionais especializados, ou escolhem ignorar as recomendações técnicas de uso dos defensivos, como a dose recomendada para cada tipo de problema seja praga, doença ou plantas daninhas e também o produto recomendado para a cultura e para o problema, e ainda existe um período de carência que deve ser respeitado que vai da última aplicação até o dia da colheita. Onde todos os produtos químicos registrados no Brasil, possuem essas recomendações na bula de forma sucinta e simples que os produtores possam entender.

Mas para chegarmos a questão de responsabilidade do engenheiro agrônomo e se os alimentos, realmente são seguros para o consumo precisamos entender o contexto geral da agricultura e a ciência por traz dos defensivos agrícolas.

Nesse sentido o objetivo desse trabalho e fazer uma discussão crítica sobre o modelo de produção de alimentos e se é possível produzir alimentos seguros.

Fundamentação teórica

Todos os produtos fitossanitários desenvolvidos e comercializados no Brasil são regidos pela lei nº 7802/89, lei federal dos agrotóxicos regulamentada pelo decreto nº 4074/2002. O processo de registro de um agrotóxico envolve avaliação toxicológica, que é de responsabilidade da ANVISA e do Ministério da Saúde. Bem como avaliação ambiental, responsabilidade do IBAMA e do Ministério do Meio Ambiente, além da avaliação agronômica/eficiência contra as pragas-alvo, que é realizada pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MENTEN, 2016). Portanto essa legislação confere as normas para pesquisa, desenvolvimento, produção, embalagem, rotulagem, transporte armazenamento, comercialização, propaganda e utilização dos agroquímicos.

No ano de 2010, em média demorou 9,8 anos da síntese até a comercialização de novas moléculas, onde foram estudadas mais de 140 mil, para o desenvolvimento de 1,3 e o registro de uma molécula (MENTEN, 2016), portanto existem vários anos de estudo, pesquisa e muito dinheiro envolvido para desenvolver os produtos fitossanitários o que nos mostra que os produtos que obtém o registro são eficientes e se utilizados com todas as recomendações não causam problemas para a saúde humana e nem causam o aumento o resistência de pragas.

O grande problema e o uso incorreto dos defensivos agrícolas pelos produtores e pelos profissionais especializados. Que podem causar vários problemas para a agricultura como resistência de pragas e doenças e contaminações em ecossistemas como lençóis freáticos, rios e lagos e ainda pode haver resíduos desses produtos nas culturas que serão consumidos pela população.

Se olharmos para o consumo mundial de agrotóxicos o Brasil se encontra em primeiro lugar com 887,6 mil toneladas em 2015 (PHILLIPS MCDOUGALL, 2015). E dessa forma que as campanhas e as matérias e jornais, revistas, blogs e etc.., apresentam esse dado, mas como estudantes e profissionais que seremos em breve, devemos ser críticos e olhar para os fatos para formar uma opinião.

Esse dado fala que 887,6 mil toneladas foram comercializadas em 2015, sendo assim se dividirmos pela população do Brasil chegamos 4,43 kg de “veneno” per capita, esse seria um dado alarmante se fosse verdade e se deixarmos ele ser apresentado dessa maneira, portanto essa quantidade e de produto comercial, ou seja o produto comercial possui outros ingredientes como os inertes, aditivos e impurezas e segundo Menten 2016 o ingrediente ativo em si conta em média por 44,5% do produto comercial, então a real quantidade de ingrediente ativo e de 395 mil toneladas.

O Brasil em 5 anos aumentou o consumo de defensivos em 14% (MEMTEN, 2016), porem a produção na safra de grãos 11/12 foi de 185 milhões de toneladas já a safra 16/17 foi de 238 milhões de toneladas sofrendo um aumento de 77% na produção de grãos (CONAB, 2017), esse fato nos diz que estamos utilizando menos defensivos agrícolas e mesmo assim aumentando a produtividade, sendo assim a cada ano ficamos mais eficiente.

Ao analisarmos toda a área de produção brasileira com todas as culturas como florestas, hortaliças, grãos, pastagens e etc..., chegamos a pouco mais de 300 milhões de hectares, o que significa que a quantidade de ingrediente ativo utilizada por hectare foi de 2,9 kg.i.a.ha-1, ao comparar com outros países como Holanda, Japão e Bélgica obtém-se 21, 17 e 12 kg.i.a.ha-1 respectivamente (SEDIVEG, 2016), esse fato também nos diz que o Brasil não e o pais que mais utiliza defensivos agrícolas por área, e que a agricultura brasileira não e a grande vilã.  

Resíduos de agrotóxicos nos alimentos

A ANVISA estabelece um Limite Máximo de resíduo (LMR) e o intervalo de segurança que o mesmo que a carência, o LMR e estabelecido através da avaliação e estudos conduzidos em campo durante o processo de registro dos produtos que pretendem obter o mesmo, onde e analisado as concentrações dos ingredientes ativos após a última aplicação dos agrotóxicos (ANVISA, 2016).

A ANVISA no relatório das análises de amostras monitoradas no período de 2013 a 2015, analisou 12.051 amostras de 25 alimentos de origem vegetal representativos da dieta da população brasileira. Do total das amostras monitoradas, 9.680 (80,3%) foram consideradas satisfatórias, sendo que 5.062 (42,0%) não apresentaram resíduos dentre os agrotóxicos pesquisados e 4.618 (38,3%) apresentaram resíduos de agrotóxicos dentro do (LMR), estabelecido. Foram consideradas insatisfatórias 2.371 (19,7%), sendo que 362 destas amostras (3,00%) apresentaram concentração de resíduos acima do LMR e 2.211 (18,3%) apresentaram resíduos de agrotóxicos não autorizados para a cultura. os resultados da referida avaliação indicaram que 1,11% das amostras monitoradas representam um potencial de risco agudo a saúde.

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