Asfixia das raizes pelo excesso da agua no solo.
Por: ElidioMarioCumbi • 4/1/2016 • Ensaio • 1.780 Palavras (8 Páginas) • 1.067 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O presente tema surgiu através duma dúvida e consequentemente uma curiosidade encontrada durante as aulas teóricas sobre stress hídrico. Tendo em conta que asfixia é a síndrome caracterizada pelos efeitos da ausência do oxigênio no ar respirável por impedimento mecânico de causa fortuita, violenta e externa em circunstâncias as mais variadas (França 1995), logo veio a questão: em condições de excesso de água sendo que esta é constituída por oxigénio e hidrogénio, então porque ocorre a asfixia?
Essa pergunta surgiu sem ter em conta que a água em excesso ocupa o espaço responsável pela aeração, não deixando assim os poros do solo livres para a entrada do ar atmosférico contendo o oxigénio responsável pela respiração este proveniente do processo fotossintético (Kluge 2002).
Para poder responder a essa questão, não basta apenas olhar para os componentes da água como tal, é necessário ter conta a composição do solo ideal, perceber na essência o termo excesso da agua no solo e outros elementos ligados a relação solo agua e planta.
O presente ensaio pretende explicar o porque da asfixia das raízes pelo excesso da água mesmo que esta na sua composição tenha um átomo de oxigénio. Para tal, primeiro serão dados a conhecer os conceitos básicos inerentes ao tema e depois será dada a razão da asfixia das raízes pelo excesso da agua no solo tentando fazer ralações conectivas entre vários elementos importantes ao se falar da relação solo – água – planta.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1. Asfixia das Raízes pelo Excesso da Água no Solo
2.1.1. Conceitos Básicos
Para melhor perceber a essência do tema, são apresentados abaixo os conceitos básicos que de alguma forma irão facilitar a percepção do conteúdo do texto.
Costa (2012) citado em Moreira & Vidor (2013), definem a palavra asfixia como o conjunto das perturbações devidas ao cessamento da respiração e que provocam a falta de oxigênio no organismo. A respiração é o processo pelo qual a energia dos carbohidratos é transferida para a molécula universal que transporta energia (ATP), tornando-se disponível para as necessidades energéticas imediatas da célula, como mostra a equação global da respiração abaixo ilustrada (USP 2001).
C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O + energia[pic 1]
carbohidrato + oxigênio Dióxido de carbono + água + energia[pic 2]
Para as células desempenharem suas actividades metabólicas aeróbias, necessitam de um constante suprimento de oxigênio e eliminação de dióxido de carbono, o sistema respiratório é de suma importância.
Num passado distante, pensou-se que a água era um elemento. Somente no século XVIII experimentos evidenciaram que água era um composto, formado por hidrogênio (H2) e oxigênio (O2). A água tem uma estrutura molecular simples que é H2O, esta que é composta de um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Cada átomo de hidrogênio liga-se covalentemente ao átomo de oxigênio, compartilhando com par de elétrons (H----O-----H), (Gomes & Clavico 2006).
De modo a perceber o termo excesso da água no solo, há que se ter me conta os componentes do solo que são: coinstituentes minerais, materiais orgânicos, ar e água nas proporções indicadas de acordo com o gráfico da figura 1 abaixo (Neves 2006).
[pic 3]
Fig. 1. Ilustração da em percentagem dos componentes do solo.
Fonte: Autores, adaptada em Neves (2006).
2.1.2. Porque Ocorre a Asfixia Das Raízes Pelo Excesso da Água, Enquanto a Água Contem Oxigénio na Sua Composição?
Tendo já se apresentado os conceitos básicos do tema em questão, possa-se mostrar os argumentos que tentam responder a pergunta em causa. Ao se falar do excesso da água no solo, olha-se para a vertente rega (água proveniente da rega), embora esse excesso possa ser causado pela água da chuva. Contudo, ao se efectuar a rega, deve se deve se depositar no solo quantidade suficiente para não inundar o campo.
Braga (2010) diz que, irrigação é uma técnica agrícola que tem como principal finalidade levar água à cultura no tempo e quantidade adequada para que a mesma expresse seu potencial produtivo de maneira economicamente viável.
Braga (2010) diz ainda que o solo é um recurso fundamental para a agricultura e o ambiente. Um solo ideal para o desenvolvimento das plantas seria aquele que apresentasse: profundidade adequada ao armazenamento de água e ao crescimento das raízes; ser composto por 45% de parte mineral, 5% de parte orgânica, 25% de parte gasosa e 25% de parte líquida; ter suprimento adequado de nutrientes, sem excesso de elementos tóxicos; textura média, boa estrutura para fácil movimento de ar, água e raízes, e boa atividade biológica; friabilidade e boa drenagem.
Com isso, pode dizer-se que está-se perante excesso da água no solo quando a percentagem da água é superior a 95%, ou melhor ocupa todo espaço não deixando até o espaço para a aeração do solo, ou ainda quando a quantidade de agua ultrapassa a capacidade do campo, como mostra a Fig. 2.
[pic 4]
Fig. 2. Ilustração do excesso de água no solo.
Fonte: o grupo, baseado em Braga (2010).
O gráfico ilustra o excesso de água no solo, onde esta encontra-se numa percentagem de 95% e 5% da matéria mineral, não verificando-se assim a presença da matéria orgânica e da aeração.
Aeração do solo é concebida por Costa (2008) como o processo pelo qual gases dentro do perfil do solo são permutados por gases da atmosfera externa do solo, isto é, o fluxo de gases entre o interior do solo e a atmosfera livre.
Food and Agriculture Organization - FAO (2003) enfatiza que as raízes saudáveis precisam de ar (arejamento) para se desenvolverem, mas um excesso de água no solo impede o ar de penetrar, o que prejudica as raízes da planta. Um solo rico em matérias orgânicas tem um melhor arejamento, uma estrutura melhor e uma melhor capacidade de retenção da água.
Através do processo da aeração, percebe-se que o O2 necessário para a respiração provem do ar atmosférico. O ar atmosférico é uma mistura de gases, onde apresenta como principais componentes o nitrogênio diatômico (N2) com 78%, o oxigênio diatômico (O2) com 21%, o argônio (Ar) com 1% e o gás carbônico (CO2) com cerca de 0,04% Mozeto (2001).
Dai que logo nota-se que embora o oxigénio seja componente da molécula da água, não tem nenhuma influência na actividade respiratória das plantas. Isso é explicado por Stefanelli (s/d), quando diz que a molécula de água tem origem na ligação covalente (ligação que ocorre entre ametais, onde há compartilhamento de elétrons para que os átomos se estabilizem) entre o hidrogênio e o oxigênio. Por tanto, a água é formada por átomos que se unem numa proporção fixa, são necessários dois átomos de hidrogênio para estabilizar um átomo de oxigênio. Nesse processo o oxigênio compartilha 2 de seus elétrons com cada átomo de hidrogênio. Onde tem-se como fórmula estrutural e molecular respectivamente:
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