A regra da Associação Brasileira de Normas Técnicas
Tese: A regra da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: talitaellen92 • 23/11/2014 • Tese • 1.923 Palavras (8 Páginas) • 331 Visualizações
Etapa 1
(Passo 1)
Uma regra da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) sobre os requisitos de segurança que precisam ser tomados no trabalho com pós agrícolas deve entrar em vigor ainda esse ano. É o que afirma o Dr. Anthony Brown, coordenador da Comissão Especial de Estudos (CEE) 80 - Sistemas de Prevenção e Proteção contra Explosões da ABNT.
A norma, que é baseada em um modelo americano da Associação Nacional de Proteção de Incêndios (NFPA, em inglês), entrará em consulta nacional esse mês. “Fica assim por 60 dias para especialistas comentarem o texto”, afirma Brown. “Depois a comissão analisa os comentários e decide se aceita ou não. Então retorna para a ABNT que emite a norma”. “Se tudo correr bem, ela estará vigente até o fim desse ano”. Assim que for colocada em prática, todas as reformas e novas empresas serão obrigadas a atender aos requisitos de segurança da norma. Para os locais já existentes, a adoção é opcional.
“O pó é o combustível, oxigênio você tem e o silo é seu recinto fechado", diz o diretor da Fike.
Segundo dados da Administração de Saúde Ocupacional e Segurança dos Estados Unidos (Osha, em inglês), 13 explosões causadas por poeiras agrícolas ocorreram nos EUA em 2005 e resultaram em duas mortes e onze feridos. De acordo com o coordenador da CEE, “aqui no Brasil não há um levantamento a respeito disso”. Flavio Cavalcante, diretor da Fike, afirma que o problema é comum no país e aponta o caso acontecido em Rio Grande (RS) no mês passado, na fábrica da Bianchini, processadora de soja (ainda não existe um laudo com as causas da explosão). Ele ainda ressalta a importância de uma legislação específica para o assunto. “Tem que usar dispositivos de segurança, se tivesse lei, [as empresas] seriam obrigadas a utilizar”.
Como ocorre
As deflagrações - como é correto chamar esse tipo de explosão - ocorrem quando quatro elementos acontecem ao mesmo tempo, explica Cavalcante. “Você precisa de oxigênio, combustível, recinto fechado e ignição. Nesse caso, o pó é o combustível, oxigênio você tem e o silo é seu recinto fechado. A ignição pode ser uma faísca ou uma descarga elétrica, por exemplo”. As partículas de poeira ainda precisam estar em uma concentração específica para que a explosão ocorra.
De acordo com dados do manual de treinamento da Osha, do total dos poeiras que causam explosões, 24% são oriundos de grãos. Pós metálicos e de madeira também são algumas das principais origens desse tipo de deflagração.
A formação da poeira ocorre pela fricção de produtos agrícolas como malte, soja, trigo, milho, arroz e açúcar, nas diversas etapas pelos quais esses alimentos passam até serem armazenados. “Quando você transporta os grãos, eles se encostam, sofrem atrito e geram uma quantidade de pó. Você manipula demais o produto e cada etapa gera sua quantidade de poeira, por causa do atrito”, informa o diretor da Fike.
A NFPA classifica poeira combustível como “partícula sólida que apresenta perigo de incêndio ou deflagração quando suspensa no ar ou em outro meio oxidante, independente do tamanho ou formato”. O pó ainda precisa ter no máximo 420 micrômetros de diâmetro (cada micrômetro é um metro dividido por um milhão).
Evitar o acúmulo de poeira é um dos principais pontos de prevenção (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)
Ainda conforme informações do manual, as faíscas mecânicas correspondem à 30% das fontes de ignição, sendo o maior percentual entre as fontes. Porém, existem diversas outras origens, como descargas elétricas, aquecimento de superfícies e energia eletrostática. “A maioria dos equipamentos são metálicos e se movem. Essa movimentação pode soltar algum dispositivo, parafuso e ter a ignição”, afirma Cavalcante.
Segundo Brown, as consequências de explosões de pó combustível são muito piores que as ocasionadas por gás. “Na hora da deflagração tem a onda de choque, então há um deslocamento grande e instantâneo do ar. Isso vai levantar poeira depositada em cima das superfícies e causar uma explosão secundária”.
“Quando é uma emissão tóxica você tem como identificar pelo cheiro e o incêndio começa com labareda pequena. Nesses dois casos você tem chance de identificar a fonte e combatê-la imediatamente, já a explosão é invisível, vem de repente”, afirma Brown. “Se você não trabalha na prevenção e na proteção, o risco é grande que se concretize e as consequências são graves”.
Prevenção e proteção
Para o diretor da Fike, as pessoas conhecem o risco, mas o cuidado “esbarra na questão do dinheiro”. Brown pondera que "se você não trabalha ou conhece o assunto, está correndo risco sem saber".
Cavalcante afirma que existem maneiras de diminuir o perigo. “O pessoal acha caro, mas se explodir as perdas serão maiores”. Ele ainda ressalta que o custo é menor se a preocupação nascer já na concepção da planta. “Depende do tamanho da empresa, mas do projeto final, em torno de 2% a 3% do total seria gasto com segurança contra explosão”.
Para Brown, além de proteger a parte elétrica (interruptores, luminárias e fiação, por exemplo), existem outras coisas que podem ser colocadas em prática, como o controle da velocidade de transporte e a instalação de porcas de explosão em elevadores de caneca, permitindo que o equipamento abra e a onda de choque saia por essa abertura. Os painéis de explosão também possibilitam que a integridade do equipamento seja mantida. “Tem que estar bem localizado para não abrir dentro da fábrica”, alerta ele.
A construção de equipamentos com paredes grossas para resistir à explosão e o uso de detectores também são boas saídas, aponta Brown. “Quando o detector percebe o início da explosão ele aciona um supressor [espécie de extintor de incêndio] colocado no equipamento e abafa a explosão logo no começo”. O problema, segundo ele, é que quando o supressor é aberto ele gera resíduos que podem contaminar o material da fábrica. De acordo com Cavalcante, a supressão de explosão é a técnica mais moderna que existe nesse campo.
A GSI, empresa que tem em seu catálogo produtos de armazenagem e transporte de grãos, afirma que “não possui equipamentos que contemplam prevenção de explosões”. De acordo com a empresa, é incluído no projeto um dimensionamento de estrutura para dar “vazão” em caso de explosão.
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