ANÁLISE DO PERFIL DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA SOBRE CICLO DE VIDA NO PERÍODO DE 2000 A 2011

1 INTRODUÇÃO

Quando se fala em Ciclo de Vida é comum imaginar um ciclo biológico. Afinal, foi da

biologia que teve a sua origem. Entretanto, o tema Ciclo de Vida é muito mais abrangente e

engloba áreas além da Ciência Biológica. Neste artigo o foco está no ciclo de vida que tem o

caráter de influenciar no processo de gestão das organizações. Entre os modelos de ciclo de

vida que possuem essa capacidade de influência, está o ciclo Organizacional e do Produto.

Com o decorrer do tempo em que as empresas se estabilizam no mercado,

naturalmente ocorre a sua expansão e suas necessidades, desafios e práticas gerenciais sofrem

variações. As mudanças são inerentes às organizações em evolução e podem ser identificáveis

em fases. O ciclo de vida organizacional é um modelo dividido em etapas pelas quais uma

empresa pode atravessar durante sua existência.

O conhecimento da posição da empresa no ciclo de vida organizacional permite aos

gestores empregar suas habilidades para atravessar de uma fase para a outra de forma

fortalecida e se destacar no mercado sem enfrentar as chamadas “crises de passagem”

(BORINELLI, 1998; GOULART e QUEIROZ, 2000).

O ciclo de vida do produto consiste em um conjunto de estágios que o produto atinge

que se inicia desde o seu planejamento e desenvolvimento, até o descarte (VALDAMBRINI,

2008). De acordo com Beuren e Schaeffer (1997), a abordagem e a terminologia destas fases

variam conforme a aplicação. Este ciclo, também pode adotar uma perspectiva

mercadológica, que representará o comportamento deste produto no mercado. Segundo os

mesmos autores, a correta análise do ciclo de vida poderá ser útil para planejar novos usos dos

produtos, características e formas de conquistar e manter clientes, além de indicar os

problemas que ocorrem em cada fase.

Pelo fato do tema ciclo de vida, nas suas variadas formas, possuir relevância na gestão,

costuma-se apresentá-lo em eventos e periódicos brasileiros. Diante disso, surgiu-se a

necessidade de conhecer um pouco mais sobre as pesquisas acadêmicas na temática. A

problemática do estudo é: Quais as características das produções científicas sobre ciclo de

vida?

Para Oliveira (2002, p.70), “Os trabalhos que procuram realizar uma análise crítica da

produção científica contábil veiculada em periódicos, [...] são uma consequência da

importância atribuída aos métodos e temas para o avanço das ciências”. Moraes Júnior,

Araújo e Rezende (2010) informam que um tipo de pesquisa geralmente utilizada é o estudo

bibliométrico para fazer um levantamento quantitativo e qualitativo de publicações sobre um

tema relevante de uma determinada área. 108

Revista Ambiente Contábil – UFRN – Natal-RN. v. 4. n. 1, p. 106 – 119, jan./jun. 2012.

Portanto, este artigo tem por objetivo analisar o perfil da produção científica sobre o

tema ciclo de vida nos últimos onze anos, utilizando estudo bibliométrico, contemplando os

modelos de ciclos relevantes para o processo decisório de uma organização. A relevância do

estudo se deve ao fato do tema possuir aplicabilidade e variação quanto ao uso, o que permite

uma aderência às necessidades dos usuários.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1CICLO DE VIDA

Para Oliveira, Lavarda e Paton (2010), as empresas sofrem variações estruturais ao

longo de sua vida, como um organismo dinâmico, complexo e em constante evolução,

semelhante a um ser vivo que cresce, muda de forma e tamanho, envelhece e pode morrer.

Borinelli (1998) afirma que o ciclo de vida é um conjunto de etapas ou fases que uma empresa

pode atravessar ao longo do tempo de funcionamento, ou seja, durante sua vida.

Cada fase da vida de uma empresa é constituída de determinadas características e

metas a serem atingidas. Ao longo do tempo, particularidades como complexidade,

formalização, estilo de tomada de decisão e metas a serem atingidas sofrem variações que

com a evolução de estágio, tornam-se obsoletas e dão surgimento a novas características e

situações que terão que enfrentar (BORINELLI, 1998; OLIVEIRA, LAVARDA e PATON,

2010). Isto implica dizer que em cada etapa do ciclo, as empresas apresentam determinadas

características, tanto a nível estrutural como gerencial, e almejam atingir certas metas e que,

ao serem alcançadas, outras novas são estabelecidas. Essas mutações fazem parte de um

processo normal de evolução organizacional.

Carvalho, Saraiva Junior e Frezatti (2010, p. 100) destacam que “A eficiência

organizacional não é atingida quando há um único e exclusivo modelo organizacional, já que

as características da dimensão estratégica das organizações são significativamente diferentes”.

Essa