Análise do Desempenho de Concretos Produzidos com Resíduo de Vidro

Análise do Desempenho de Concretos Produzidos com Resíduo de Vidro

 

Catiane Nascimento Santos^[1], Luana do Carmo Miranda^[2], Alex Mizael Martins^[3] 

 

Resumo

É enorme a quantidade de vidro descartado na natureza e este, é um material que demora para se decompor o que torna seu descarte (como é feito nos moldes atuais) um problema ambiental. Diante disso, o presente trabalho busca uma alternativa de reciclagem para vidros descartados em vidraçarias. Propõe- se a substituição de parte do agregado miúdo por vidro moído. Tal substituição será feita em diferentes porcentagens afim de verificar sua influência nas propriedades mecânicas do concreto, em relação ao traço padrão. Espera-se que com essa substituição, seja alcançada a mesma resistência ou até mesmo uma maior do que a obtida nos corpos de prova com o traço inicial.

 

Palavras–chave: Sustentabilidade, Vidro, Concreto.

 

1. Introdução

 A busca por tecnologias que visam o aperfeiçoamento do concreto vem crescendo ao passar do tempo, em linhas gerais é de grande interesse a qualidade, resistência, durabilidade deste material e por consequência, a economia gerada. Estudos já realizados constataram que o concreto é utilizado duas vezes mais que os outros materiais comumente empregados na construção civil, para fins estruturais, como a madeira e o aço. Isso se deve ao fato de que nenhum desses outros materiais pode substitui-lo em termos de valor, eficácia e durabilidade no atual cenário da construção civil. Estima–se que em média são utilizadas 3 toneladas por pessoa a cada ano (Cement Sustainability Initiative, 2007).

 A utilização em larga escala do concreto, além de outros materiais aplicados na construção civil, pode gerar alguns desperdícios, advindos de uma série de fatores como mão de obra inadequada e falta de projetos, e por consequência, também provoca descartes em grandes quantidades, trazendo sérios problemas ao meio ambiente e à sociedade em geral. Além da construção civil, outros seguimentos de indústria e mercado também produzem efeitos negativos. Dentre os vários materiais descartados, muitos podem ser utilizados na composição do concreto como, por exemplo, o vidro. O vidro é um material sólido amorfo que mostra temperatura de transição vítrea. Em sua verdadeira forma o vidro é um óxido metálico muito esfriado translucido de alta rigidez basicamente estático, pode ser produzido com superfície excessivamente lisa e impermeável (SAMO, 2016).

 Estas características direcionam a um grande número de aplicações, diferenciando-se de outros materiais por várias propriedades, como baixa porosidade, dilatação, absortividade e condutibilidade térmica resistindo forças de 5.800 a 10.800 kg/cm² (FERRARI E JORGE, 2018). A inclusão de resíduos no concreto é uma contribuição da engenharia civil para a reciclagem de materiais lesivos ao meio ambiente, sendo capaz de aperfeiçoar as propriedades mecânicas do mesmo (MARQUES, 2006). Segundo pesquisadores o vidro não prejudica o meio ambiente, porém, no futuro não haverá espaço em aterros sanitário devido ao seu grande volume e tempo de dissolução, o mesmo não é um material biodegradável, este demora 4 mil anos para entrar em processo de decomposição,(Eco-Unifesp, s.d.). Portanto, por ser um dos produtos mais utilizados no dia a dia acaba gerando grandes quantidades de entulho. Segundo a CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem) estima-se que no Brasil, em média, cerca de 980 mil toneladas de embalagens de vidro são produzidas anualmente e os índices de reciclagem não chegam a 50%. Em 2011, por exemplo, apenas 47% desse material foi reciclado, resultando num total de 480 toneladas. Para se ter uma ideia, na Alemanha os índices de reciclagem chegam a 87% e na suíça a 95%.  

 Diante deste tema uma alternativa, à reutilização/reciclagem do vidro, é a sua incorporação na mistura de concreto, visando a manutenção das propriedades mecânicas além de atentar-se também à questão sustentável. A utilização de vidro na composição do concreto vem sendo bastante explorada. López, Azevedo e Barbosa Neto (2005) avaliaram a resistência à compressão em concretos com 5% de vidro moído (substituído em relação ao agregado miúdo), com granulometria entre 150 e 300 µm e constataram um aumento de 60% nesta propriedade, que por causa da penetração de vidro fino diminuiu-se a porosidade do concreto. Jordani (2013), avaliou a potencialidade da utilização de vidro laminado procedente dos vidros de para-brisas de automotores, para substituir parcialmente o cimento, destacando as propriedades mecânicas dos concretos feitos com diferentes porcentagens de substituição. Foram definidas as proporções de 0, 5, 10 e 15% para todos os ensaios estudados, onde constatou-se uma redução de resistência a compressão. Cabreira et al (2011), utilizou 3, 6 e 9% de substituição de vidro moído com granulometria de 50mm, mais uma relação sem adição de vidro 0% para comparação. O qual concluiu que da forma que foram elaborados os ensaios e o uso dos materiais ficou inviável as melhorias das propriedades mecânicas, ressaltando que também não perdeu resistência.

 Perante o exposto, este trabalho se mostra importante pois também, avaliará as propriedades dos concretos que utilizarão vidro moído na sua composição.

 

1. Objetivo geral

• Avaliar o desempenho de concretos produzidos com adição de resíduo de vidro.

 

1. Objetivo específico

• Avaliar a consistência, massa específica e teor de ar incorporado do concreto no estado fresco.
• Analisar a resistência à compressão dos concretos estudados
• Analisar o módulo de elasticidade dos concretos estudados.
• Analisar as características do resíduo de vidro moído.
• Analisar a resistência a fogo dos concretos produzidos.

 

1. Material e métodos

 Nesta pesquisa serão produzidos concretos convencionais e posteriormente será realizada a substituição de parte dos agregados miúdos. A mistura do concreto será composta por cimento, agregado graúdo, agregado miúdo, água, aditivos e resíduos de vidro. As etapas que constarão na pesquisa estão apresentadas na Figura 1.