As Construções Sustentáveis
Por: Lara Welter • 25/5/2015 • Artigo • 3.892 Palavras (16 Páginas) • 239 Visualizações
CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS
O conceito de construção sustentável começou a ser discutido após a crise do petróleo. Ocorrida na década de 70, a crise se consolidou pelo fato da descoberta da esgotabilidade desse produto. Com isso, em pouco mais de 7 anos o preço do barril de petróleo triplicou, que provocou o aumento do valor do produto primário de países subdesenvolvidos. A partir desse acontecimento histórico considerou-se a idéia de que projetos sustentáveis, que levassem em conta os impactos ambientais causados e que procurassem alternativas mais acessíveis e energeticamente mais eficientes, eram opções inteligentes.
Inicialmente a preocupação concentrou-se na construção de edifícios energicamente mais eficientes, logo depois atentou-se para os resíduos das obras e hoje os grandes vilões do meio ambiente são os gases emitidos, como o CO2, que causam o efeito estufa e o aquecimento global.
Na década de 1980, a ONU retomou o debate das questões ambientais. Indicada pela entidade, a primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, chefiou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, para estudar o assunto. O documento final desses estudos chamou-se Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland. Apresentado em 1987, propõe o desenvolvimento sustentável, que é “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer as das gerações futuras atenderem às suas necessidades”.
Para a construção civil, existem muitos debates sobre dos conceitos da construção sustentável. Inicialmente não é correto afirmar que uma obra é ou não sustentável, a definição da sustentabilidade de uma construção vem do método na qual esta foi projetada, executada e na totalização das técnicas usadas em relação ao lugar. Sendo assim, possível confrontar com outro projeto que uma construção é mais sustentável que a outra.
Em 1992 foi realizada no Rio de Janeiro a II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, também conhecida como Rio-92. A partir desta é que ganhou destaque o conceito de “construção sustentável”, o qual visava uma nova estratégia ambiental direcionada à produção de construções ajustadas ao meio ambiente e à exigência dos seus residentes. Nesta conferência, foram definidas as orientações para as estratégias locais e nacionais a aplicar na construção. Um dos aspectos particulares enfatizado neste contexto foi que se por um lado se testemunhava ao crescimento exponencial do consumo energético dos edifícios, por outro continuava-se a assistir à falta de adequação da engenharia nos projetos dos edifícios e no planejamento urbano às condições climáticas locais.
Em novembro de 1994, foi efetuada a Primeira Conferência Mundial sobre Construção Sustentável (First World Conference for Sustainable Construction, Tampa, Florida), onde o futuro da construção, no contexto da sustentabilidade, foi discutido. A construção sustentável refere-se à aplicação da sustentabilidade às atividades construtivas, sendo definida como a criação e responsabilidade de gestão do ambiente construído, baseado nos princípios ecológicos e no uso eficiente de recursos.
Durante a conferência foi sugerido pelo professor Kibbert o termo “construção sustentável” para expor as responsabilidades da indústria da construção ao conceito e aos objetivos da sustentabilidade. Foram propostos seis princípios para a sustentabilidade na construção, são eles:
1. Minimizar o consumo de recursos;
2. Maximizar a reutilização dos recursos;
3. Utilizar recursos renováveis e recicláveis;
4. Proteger o ambiente natural;
5. Criar um ambiente saudável e não tóxico;
6. Fomentar a qualidade ao criar o ambiente construído.
A construção ganhou normas próprias no campo da sustentabilidade, por meio do sistema ISO. São elas as normas ISO 21930 (2007) - Sustentabilidade na construção civil – Declaração ambiental de produtos para construção e ISO 15392 (2008) – Sustentabilidade na construção civil – Princípios gerais. É do Comitê Técnico da ISO, também, o seguinte conceito de obra sustentável:
“Edificação sustentável é aquela que pode manter moderadamente ou melhorar a qualidade de vida e harmonizar-se com o clima, a tradição, a cultura e o ambiente na região, ao mesmo tempo em que conserva a energia e os recursos, recicla materiais e reduz as substâncias perigosas dentro da capacidade dos ecossistemas locais e globais, ao longo do ciclo de vida do edifício. (ISO/TC 59/SC3 N 459)”
Atualmente o desafio é, na verdade, buscar de um equilíbrio entre meio ambiente, justiça social e viabilidade econômica. Aplicar o conceito de desenvolvimento sustentável é buscar em cada atividade formas de diminuir o impacto ambiental e aumentar a justiça social dentro do orçamento disponível.
IMPACTOS AMBIENTAIS E A CONSTRUÇÃO CIVIL
Atualmente, o ser humano está acostumado a uma série de comodidades e conforto, tornando-se dependente de eletrônicos, automóveis, estradas, aeroportos e tudo que envolva tecnologia. A produção destes “luxos” está fundamentada em um fluxo constante de materiais: recursos naturais são extraídos, transportados, processados, utilizados ou consumidos e descartados. Por isso, apesar de a construção civil ser reconhecida como uma das mais importantes atividades na contribuição para o desenvolvimento econômico e social do país, é a grande geradora de impactos ambientais, visto que, se utiliza de matéria-prima em grande escala, modifica paisagens e gera um volume considerável de resíduos.
Exemplo disso é a constatação de que os detritos derivados da construção, reformas e demolições são depositados em locais inadequados dentro da zona urbana, afetando o trânsito, sistemas de drenagem, deterioração de áreas de proteção permanente, proliferação de agentes transmissores de doenças, degradação da paisagem urbana. PINTO (1999) estimou que algumas cidades brasileiras, a geração dos resíduos está entre 41 a 70% da massa total dos resíduos sólidos urbanos. A abundância de resíduos está relacionada ao desperdício de materiais que é produzido na realização de empreendimentos da indústria da construção civil.
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