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Cuidados com a construção nas áreas costeiras

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Por:   •  6/8/2014  •  Seminário  •  1.807 Palavras (8 Páginas)  •  341 Visualizações

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Cuidados ao construir em áreas litorâneas

O concreto aplicado nas edificações e obras de engenharia civil em geral é, dentre todos os materiais de construção, o mais versátil, econômico e largamente usado.

Poucas pessoas imaginam a dimensão de sua contribuição para a infraestrutura e o ambiente construído do mundo moderno, tais como estradas, viadutos, barragens, edifícios etc. e tampouco estão atentas ao seu papel de material ambientalmente amigável. Efetivamente, o concreto não gera emissões, não necessita de conservantes tóxicos e apresenta uma inerente resistência ao fogo quando comparado, por exemplo, ao plástico e à madeira. Além disso, consome menos energia na sua produção em comparação com a maioria dos materiais de construção.

Por tudo isso o concreto é o segundo material mais consumido pela humanidade, algo em torno de 3400 kg/habitante por ano, segundo avaliação da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), com base na produção mundial de cimento divulgada pelo Cembureau, na população estimada pelo IBGE e numa massa específica media de 2400 kg/ m3. No Brasil acredita-se que em 2009 tenha havido um consumo de 400 milhões de toneladas de concreto, cerca de 160 a 170 milhões de m3, o que equivaleria à construção de 57000 prédios de 20 andares com 400 m2 de área por andar.

Tamanho consumo se justifica também por quatro principais características do concreto, quais sejam:

• Capacidade de serem moldáveis às mais diferentes formas

• Apresentar excelente resistência e durabilidade

• Ser elaborado a partir de matérias-primas abundantes e

• Apresenta baixo custo

Apesar de todos esses números e características favoráveis, uma construção em concreto pode deteriorar-se em pouco tempo se não forem seguidas as boas práticas da engenharia e obediência às normas técnicas.

Em particular, nas regiões litorâneas a agressividade do ambiente é muito grande e o concreto pode experimentar problemas que diminuem sua durabilidade e vida útil. Dessa forma, a garantia da durabilidade de uma estrutura de concreto de uma determinada edificação somente será atingida se certas premissas ligadas às características do concreto, do projeto e execução e interação com o meio ambiente forem cumpridas. Assim uma estrutura de concreto de boa qualidade é aquela com:

• Concreto bem projetado estruturalmente, ou seja, que siga as prescrições da NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto.

• Concreto como material tecnologicamente adequado, ou seja, que siga as prescrições da NBR12655 – Preparo, controle e recebimento.

• Concreto bem aplicado, ou seja, que siga as prescrições da NBR14931-Execução de estruturas de concreto.

No ambiente marítimo, os agentes agressivos que mais atacam a pasta de cimento no concreto são os sais de magnésio e sulfatos, enquanto que os cloretos concorrem para a corrosão das armaduras de aço. Esses sais retirados do mar pelas ondas e transportados pelos ventos podem percorrer grandes distâncias e se depositarem sobre o concreto na forma de gotículas de água. O grande problema, contudo reside nas dimensões diminutas dos íons cloretos, que por conta disso têm elevada mobilidade no interior do concreto e causam a corrosão das armaduras.

Além do ataque de cloretos, obras em contato com água do mar podem levar à formação de etringita secundária, material de caráter expansivo, pela reação dos aluminatos do cimento e sulfatos da água do mar. A pressão de cristalização desse componente é muito grande, com expansão de mais de 300%. Assim, quando essa pressão atinge a resistência à tração do concreto, ocorrem as fissurações e o processo de deterioração do concreto se intensifica. O risco de degradação aumenta quanto mais próxima a obra estiver da orla e pode depender também da direção dos ventos, pois há estudos que mostram que edifícios a mais de 2 km tinham cloretos levados pela maresia.

Além dos edifícios que sofrem com a maresia, as estruturas sujeitas às variações dos níveis das marés são as mais atacadas, pois estão sujeitas a outros processos químicos, físicos e biológicos.

Figura 2: Esquema simplificado de ataque a estrutura de concreto na zona de marés

Outros fatores também podem contribuir para o surgimento de patologias. Lugares úmidos e com maior risco de condensação de água, como banheiros, cozinhas e áreas de serviço, costumam apresentar sintomas de corrosão mais rápida e intensa do que em ambientes secos. Da mesma maneira, locais com baixa ventilação estão mais sujeitos à corrosão, pois podem apresentar bolor e fungos que liberam produtos orgânicos ácidos em seu metabolismo que atacam o concreto, pois este não resiste ao ambiente ácido.

Mas os engenheiros que seguirem as especificações normativas poderão deixar seus clientes mais despreocupados. De fato, a durabilidade das estruturas expostas a esses ambientes agressivos pode ser garantida pelo uso de concretos mais impermeáveis, com baixa relação a/c e sempre que possível utilizar cimentos de alto-forno, pozolânicos ou resistentes aos sulfatos, que apresentam um comportamento mais favorável com relação à durabilidade.

Também a garantia de um consumo mínimo de cimento no concreto da ordem 360kg/m3 é uma prática recomendada, sendo inclusive uma exigência da norma NBR12655 – Concreto: Preparo, Controle e Recebimento.

Sem dúvida um dos grandes avanços com a revisão da norma de projetos de estruturas de concreto, a NBR 6118, foi a introdução do conceito de durabilidade das estruturas, especificando cobrimentos mínimos da armadura, concretos com valores de relação a/c máximos e classes mínimas de resistência para o concreto armado e protendido, conforme o tipo de ambiente a que o concreto for destinado.

A tabela extraída da norma resume as características que o concreto deve ter na ausência de estudos que comprovem durabilidade.

Correspondência entre classe de agressividade e qualidade do concreto

Ao todo são quatro níveis ou classes de agressividade, que vão de ambientes menos agressivos para locais com agressividade muito alta, em uma escala de I a IV. São esses graus de agressividade que irão determinar, por exemplo, qual a classe de concreto que o engenheiro projetista deve especificar, qual a relação água–cimento

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