EXPLORAÇÃO AURÍFERA – MINA MORRO DO OURO – KINROSS (PARACATU/MG)
Por: Vinicius Oliveira • 24/10/2018 • Trabalho acadêmico • 2.998 Palavras (12 Páginas) • 503 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA[pic 1][pic 2]
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
VINICIUS DE OLIVEIRA
EXPLORAÇÃO AURÍFERA – MINA MORRO DO OURO – KINROSS (PARACATU/MG)
Trabalho apresentado para obtenção de crédito na disciplina de Métodos de lavra – GEO910 do curso de Geologia da Universidade Federal de Roraima.
Professor: Pedro Antônio Doria Santiago dos Santos.
Boa Vista, RR
2018
1 INTRODUÇÃO
Iniciada em 1987, a exploração de ouro em Paracatu, Minas Gerais, era realizada pela empresa Rio Paracatu Mineração, até a aquisição da mesma em 2005 por parte da mineradora canadense Kinross, que atua nas atividades de pesquisa e desenvolvimento mineral, mineração, beneficiamento e comercialização de ouro. É uma das maiores produtoras de ouro do Brasil, responsável por 22% da produção nacional. Em 2006 iniciou a expansão da mina elevando a capacidade de lavra de minério para 61 milhões de toneladas por ano, triplicando a produção de ouro, alcançando 17 toneladas anuais e aumentando a vida útil do projeto em 15 anos, com esgotamento estimado para 2030.
Figura 1 - Logo da Kinross.
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Fonte: www.kinross.com.br
Localizado no município mineiro de Paracatu, a Mina do Morro do Ouro está inserida em um grande projeto da Kinross, que abrange aproximadamente 13 mil hectares, onde as cinco concessões de lavra representam quase 2 mil hectares destes. O restante da área do projeto é ocupada pela infraestrutura de beneficiamento, transporte interno, escritórios e lagos para deposição de estéril/rejeito, além de porções sem ocupação definida e parte da área urbana de Paracatu (Figura 2 e Tabela 1).
Figura 2 - Mapa de localização do projeto Morro do Ouro.
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Fonte: O autor.
Tabela 1 - Processos do projeto Mina Morro do Ouro.
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Fonte: DNPM.
2 GEOLOGIA LOCAL E MODELO DO DEPÓSITO
A área de estudo localiza-se na Faixa Brasília, um sistema orogênico neoproterozoico situado entre os Crátons Amazônico e São Francisco, gerado na colisão que culminou por amalgamar o supercontinente Gondwana, onde a Faixa Brasília bordeja o Cráton São Francisco e as faixas Paraguai e Araguaia bordejam do Cráton Amazônico. Esta faixa é definida como um conjunto de terrenos acrescionários associados à empurrões crustais que convergiram para leste contra o Cráton São Francisco. Esta faixa subdivide-se em dois segmentos limitados pela Megaflexura de Pireneus, sendo a Faixa Brasília Setentrional (FBS), de orientação NE, e a Faixa Brasília Meridional (FBM), de orientação NW.
A faixa externa da FBM, local do depósito objeto deste trabalho, é caracterizada por vários terrenos estratigráficos separados por importantes superfícies de cavalgamento, representadas predominantemente por unidades litoestratigráficas metassedimentares, especificamente os grupos Vazante (Inferior), Canastra, Ibiá, Paranoá e Araxá-Andrelândia (Superior), podendo ocorrer descontinuidades metamórficas entre os terrenos adjacentes (Figura 3).
Figura 3 - Mapa geológico regional da Faixa Brasília.
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Fonte: (FUCK et al., 1994).
O Grupo Canastra é composto por escamas tectônicas, separadas por falhas de empurrão, compostas por sequências de metassedimentos detríticos representados por quartzitos e filitos com fácies carbonatadas subordinadas. Foi metamorfisada em condições de fácies xisto verde. Tais rochas originaram-se em um contexto bacinal de margem passiva, com sedimentos provenientes possivelmente do Cráton do São Francisco. Este Grupo foi subdividido por DARDENNE (2000) em duas formações, sendo elas, Formação Paracatu e Serra do Landim.
A Formação Paracatu é formada por filitos carbonosos cinza escuro com algumas intercalações de lentes de quartzitos. Este Grupo se sobrepõe ao Grupo Vazante limitado por falhamentos inversos e contatos normais ou transicionais que sugerem a deposição de sedimentos químicos de águas profundas com intercalações de sedimentos terrígenos, assim, Zini (1988) dividiu a Formação Paracatu em dois membros, denominados Membro Morro do Ouro e Membro Serra da Anta (Figura 4).
Figura 4 - Coluna estratigráfica dos grupos Canastra, Vazante e Ibiá.
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Fonte: (OLIVER et al., 2015).
O Membro Morro do Ouro, porção inferior da Formação Paracatu, é formado por filitos carbonosos cinza escuro com lentes milimétricas a centimétricas de quartzito. Nesse pacote inferior hospeda-se a mineralização aurífera do depósito do Morro do Ouro. Por sua vez, o Membro Serra da Anta, porção superior, é representada por filitos cinza claro e metasiltito com diminuição das lentes de quartzito. A Formação Serra do Landim, que compõe a unidade basal do Grupo Canastra, é composta por filitos verdes calcíferos e tem aproximadamente 250 metros de espessura.
O depósito Morro do Ouro é um depósito disseminado em filitos deformados e metamorfizados em fáceis xisto-verde de baixo grau, no Brasiliano (850-500 Ma), com dobras isoclinais, recumbentes e zonas de cisalhamento de caráter dúctil-rúptil. Tem origem associada a um intenso cisalhamento e cavalgamento ocorrido no ciclo Brasiliano. Lentes maciças e lâminas de quartzo-sulfetos-carbonatos alterada, ocorrem associados a mineralização de ouro formado nos estágios iniciais da história de deformação. Essas lentes e veios transformaram-se em boudins, durante o avanço progressivo das zonas de cisalhamento. A deformação dos filitos é traduzida em estruturas do tipo kink bands, slickensides e sigmoides com sombra de pressão e concentrações sulfetadas. A mineralização ocorre preferencialmente associada aos boudins de quartzo, nos quais estão contidos os sulfetos e, em menor proporção, carbonatos e silicatos. O depósito foi dividido em quatro horizontes estratigráficos: B2, B1, T e C, da base para o topo (Figura 5), descritos a seguir: Horizonte B2: Representa a parte primária, sulfetada de maior dureza e variável com a profundidade considerada, foram identificados, com base no grau de deformação estrutural, teor de arsênio, textura dos sulfetos, tipos de sulfetos e grau de silicificação, corpos com uma relação direta entre teor de arsênio e ouro contido (MOLLER et al., 2001). Diante dessa relação, estabeleceram-se os seguintes corpos de minério: B2 com teor de As < 2500 ppm; B2 com teor de As entre 2500 e 4000 ppm; e B2 com teor de As > 4000 ppm; (Figura 6). Horizonte B1: O horizonte B1 se refere à rocha menos decomposta, com uma dureza maior em relação ao horizonte C. Horizonte T: O horizonte T faz parte da transição do C para o B1, com cores variáveis e espessura de poucos metros (até 2 m). Horizonte C: Corresponde à rocha completamente alterada, oxidada.
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