Ergonomia e Segurança no Trabalho
Tese: Ergonomia e Segurança no Trabalho. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: micaelly22 • 21/1/2014 • Tese • 3.953 Palavras (16 Páginas) • 437 Visualizações
A ergonomia e a gestão da segurança do trabalho
Samuel Potma Garcias Gonçalves (CEFET-PR) potma@creapr.org.br Prof. Dr. Antônio Augusto de Paula Xavier (CEFET-PR)augustopx@brturbo.com Prof. Dr. Luis Maurício Martins de Rezende (CEFET-PR) mauricio@pg.cefetpr.br
Resumo O artigo trata da gestão da segurança do trabalho em empresas. A análise ergonômica do trabalho é apontada como caminho para melhorias neste campo. O objetivo é levantar a situação atual da segurança do trabalho e buscar soluções para serem implantadas. Foi feita uma pesquisa documental nos laudos do Instituto de Criminalística de Ponta Grossa-PR. Foram disponibilizados 25 laudos para a pesquisa. Desses, foram escolhidos 10 laudos como amostra de análise. Concluiu-se que para melhorar as condições de segurança nas empresas, deve-se, como primeiro passo, atuar sobre maquinários e operadores para cumprir as Normas Regulamentadoras (NRs) e, como medida complementar, aplicar uma Análise Ergonômica do Trabalho nas empresas para levantar itens não alcançados pelas NRs . Palavras-chave: Ergonomia; Segurança do trabalho; Acidentes.
1. Introdução A ergonomia é a adaptação do trabalho ao homem e, para isso, aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos que visam melhorar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas. A Ferramenta da ergonomia é a Análise Ergonômica do Trabalho que acontece para solucionar exigências de melhorias nas condições de trabalho (saúde e segurança) e melhorias na eficácia econômica do sistema produtivo (produtividade). A gestão de segurança do trabalho aplica metodologias e técnicas apropriadas às possíveis causas de acidentes de trabalho, objetivando a prevenção de suas ocorrências. O objetivo do artigo é levantar a situação atual da segurança do trabalho nas empresas brasileiras e buscar soluções que signifiquem condições de melhorias. 2. A ergonomia A ergonomia pode ser definida de forma simplificada como a adaptação do trabalho ao homem. O trabalho, nesta definição, tem uma acepção bastante ampla. Segundo Iida (2002), abrange não só máquinas e equipamentos utilizados, mas também toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e o seu trabalho. O objetivo da ergonomia é a situação de trabalho. Ela está focada na atividade de trabalho das pessoas. A ergonomia faz uma análise das situações reais de trabalho, constatando uma discrepância nunca anulada entre o previsto (a norma, o regulamento e a prescrição) e o real (o efetivamente realizado). A atividade, o real do trabalho, permite revelar, de um lado, as disfunções constantes, as panes, os erros de previsão, de projeto e, de outro lado, o esforço dos trabalhadores para gerir essa variabilidade, no mais das vezes, empreendida num quadro temporal e espacial rígido. A finalidade da ergonomia, segundo Petzhold e Vidal (2003), é “a transformação para melhorar o contexto onde a execução desta atividade ocorre e, finalmente, a própria atividade.” Petzhold e Vidal (2003) afirmam que a ergonomia (ou Fatores Humanos) trata da compreensão das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema. É a
XII SIMPEP – Bauru, SP, Brasil, 07 a 09 de novembro de 2005
profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos, a projetos que visam otimizar o bem-estar humano e a performance global dos sistemas. A ferramenta principal da Ergonomia é a Análise Ergonômica do Trabalho (AET). O ponto inicial de uma AET é a demanda que reflete um problema. O ergonomista é o profissional que busca esclarecer esta demanda para propor medidas de intervenção, a fim de que o problema seja resolvido ou, pelo menos, minimizado. A intervenção ergonômica, na concepção dos sistemas de produção, conforme Santos et. al. (1997), em geral, acontece para solucionar duas exigências: “a melhoria das condições de trabalho (critério de saúde) e a melhoria da eficácia econômica do sistema produtivo (critério de produtividade)”. Para Montmollin (1990), essas duas exigências estão interligadas e melhorar as condições de trabalho poderá significar, igualmente, uma melhora na produção. Formulada a demanda, o ergonomista deve conhecer as possibilidades e limites de sua intervenção (FIALHO e SANTOS, 1997). Para isso, deve, na seqüência, estudar os aspectos técnicos, econômicos, sociais e organizacionais da empresa. É necessário levar em conta a idade, o tempo de serviço na profissão, o grau de escolaridade dos envolvidos. Deve-se conhecer a tecnologia que os trabalhadores operam e considerar os fatores econômicos que delimitarão, em partes, as soluções que serão propostas. Na verdade, numa situação ideal, segundo Iida (2002), a ergonomia devia ser aplicada desde as etapas iniciais do projeto de instalação de um ambiente do trabalho. Deveriam ser levados em conta o ser humano e seus componentes. As suas características e restrições, bem como das máquinas, deveriam se ajustar mutuamente uns aos outros. Para Kroemer e Grandjean (2005), o trabalho deveria, ainda, considerar o potencial, as inclinações da pessoa, e oferecer treinamento, pois assim, elas apresentariam melhor desempenho. Esta intervenção desde o começo é chamada de ergonomia de projeto, a outra, que visa resolver problemas e, como o mundo do trabalho está muito longe do ideal, chama-se ergonomia corretiva e é a mais aplicada. Na gestão de segurança do trabalho, para Santos et al (1997), quando acontece um incidente grave, é frequente atribuir ao ser humano o “erro” ocorrido, na medida em que alguém deveria fazer diferente algo que foi feito. Porém “esta situação condicional não permite avançar na análise do incidente”. Se erros foram cometidos, afirma o autor, eles foram devidos à concepção dos dispositivos técnicos e à organização do trabalho e é preciso prevenir a ocorrência de novos incidentes. O erro humano, segundo Decker (2003), é um julgamento feito depois que o fato acontece para achar culpados pelo acidente. O erro humano, todavia, pode também ser visto como um efeito ao invés de uma causa de problemas graves dentro de sistemas. Segundo Montmollim (1990), a apresentação tão simples de erro humano, já não é aceita, hoje em dia, em ergonomia, a análise do trabalho e, em particular a dos acidentes, leva a isolar o erro do seu contexto específico e da sua história. Ainda, segundo Dekker (2003), a perspectiva mais recente é chamada de “nova visão” em ergonomia, atualmente. O apoio para a nova visão é extraído de pesquisas recentes sobre acidentes como fenômenos emergentes sem causas claras, onde desvios se tornaram um padrão de operações normais geralmente aceitos. Almeida e Baumecker (2004) mostram claramente a defasagem entre a velha e a nova visão, apresentando
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