O PAPEL DO ENGENHEIRO NA SOCIEDADE: Deveres, obrigações e aspectos éticos
Por: Leda Ferro • 27/5/2020 • Trabalho acadêmico • 3.923 Palavras (16 Páginas) • 772 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho constitui parte do processo de avaliação relativo à matéria de Projeto Integrador, lançando proposta multifacetada, a qual alia as disciplinas de Introdução às Engenharias e Bases Científicas.
O intuito principal é introduzir e esclarecer aspectos básicos e gerais, sem pretensão de maiores aprofundamentos, acerca do papel do engenheiro dentro do contexto social. Isto através do estudo de textos e doutrina produzidos por autores da área, além de análise da legislação reguladora da profissão, especificamente seu Código de Ética – Resolução nº 1.002, de 2002.
Dado este plano geral, primeiramente será possível observar os diversos campos de atuação dentro da engenharia, com fito de demonstrar como a atividade do engenheiro impacta toda a sociedade. A presença deste profissional pode ser notada, direta ou indiretamente, desde os pequenos utensílios que se utiliza no dia a dia, até nos grandes feitos da humanidade, como a ida do homem à Lua.
Além disso, serão traçados o perfil ideal e as características esperadas de um engenheiro, além de suas obrigações e deveres no exercício da profissão. Por fim, breve análise dos aspectos legais trazido pelo Código de Ética do Profissional da Engenharia – com especial enfoque para os seus princípios éticos, os deveres dos profissionais e as condutas vedadas dentro do exercício da profissão.
2 O PAPEL DO ENGENHEIRO NA SOCIEDADE
A obra Introdução à Engenharia, de autoria de Mark T. Holtzapple e W. Dan Reece, é iniciada com exemplo interessante e elucidativo, o qual merece transcrição:
Praticamente todos os objetos feitos pelo homem que você vê à sua volta resultaram do esforço de engenheiros. Pense, por exemplo, sobre tudo o que foi necessário para fazer a cadeira que você senta. Seus componentes metálicos vieram de minérios extraídos de minas projetadas por engenheiros de minas. Os minérios foram refinados por engenheiros metalúrgicos em usinas que engenheiros civis e mecânicos ajudaram a construir. Engenheiros mecânicos projetaram os componentes da cadeira, assim como as máquinas em que foram construídos. Os polímeros e tecidos presentes na cadeira foram, provavelmente, obtidos a partir de óleo produzido por engenheiros de petróleo e refinado por engenheiros químicos. A cadeira pronta foi transportada até você em um caminhão projetado por engenheiros mecânicos, aeroespaciais e eletricistas em instalações que engenheiros industriais otimizaram para melhor utilização de espaço, capital e trabalho. As estradas nas quais o caminhão trafegou foram projetadas e construídas por engenheiros civis (HOLTZAPPLE; REECE, 2006, p. 1).
A leitura do excerto acima permite visualizar o quão presente a engenharia está na vida das pessoas, direta ou indiretamente, seja através de formas concretas, visíveis e tangíveis, seja permeando de forma invisível todos os processos e dinâmicas, em variados níveis do dia a dia da sociedade. Assim, a importância do profissional engenheiro é inegável, sendo peça indispensável na viabilidade e qualidade da vida humana.
Corroborando com esse viés de pensamento, podem ser mencionados Walter Antonio Bazzo e Luiz Teixeira do Vale Pereira, em Introdução à Engenharia: Conceitos, ferramentas e comportamentos, quando elucidam que:
[...] o importante papel que a engenharia tem desempenhado ao longo da história da humanidade é evidente. Ela esteve e continua presente em praticamente todos os momentos dessa trajetória, desenvolvendo – entre tantas outras qualidades – sistemas de transporte e de comunicação, sistemas de produção, processamento e estocagem de alimentos, sistemas de distribuição de água e energia, equipamentos bélicos, ferramentas, utensílios domésticos, aparatos de lazer, equipamentos médicos... (BAZZO; PEREIRA, 2013, p. 247)
Essas ideias demonstram não só o grau de importância e indispensabilidade dos engenheiros, mas também permitem vislumbrar os diversos campos de atuação em que a engenharia se subdivide, sendo válida a menção às suas principais áreas. Ressalte-se que não se trata de rol exaustivo, mas meramente exemplificativo, dado o grande número de especialidades existentes.
2.1 Principais áreas de atuação
Segundo Bazzo e Pereira (2013), há poucas décadas, no Brasil, eram identificadas apenas seis grandes áreas de atuação de engenheiros chanceladas pelos órgãos oficiais. Eram elas: Mecânica, Civil, Elétrica, Química, Metalúrgica e Minas.
Hoje em dia, muitas outras ramificações surgiram, sendo possível citar a área da aeronáutica, na projeção e manutenção de aeronaves; ambiental, responsável pelo desenvolvimento de tecnologias para preservação da natureza diante das atividades humanas; computação, no projeto e desenvolvimento da parte física do computador, consideradas suas estruturas e componentes; controle e automação, na confecção, operação e manutenção de equipamentos e maquinários usados nos processos industriais; alimentos, através do estudo e produção de alimentos em escala industrial (FEREGUETTI, 2019).
Além dessas, tem-se a engenharia de petróleo, presente nos processos de extração de petróleo e gás natural; a engenharia civil, responsável pelo projeto, gerenciamento e execução de obras, construções e restaurações; engenharia química, no desenvolvimento de vasta gama de materiais do nosso dia a dia, trazendo as técnicas para transformação da matéria-prima em produtos diversos; engenharia de produção, no gerenciamento e otimização dos processos produtivos de indústrias e empresas. Por último, a engenharia mecânica, na construção de motores, veículos, ferramentas mecânicas e equipamentos para processos diversos (FEREGUETTI, 2019).
2.2 Perfil necessário ao profissional de engenharia
Segundo Cocian (2009), os engenheiros devem adquirir e cultivar as seguintes aptidões técnicas: discernimento, ousadia, curiosidade, senso comum, determinação, experiência, feeling, conhecimento e empreendedorismo.
Já para Bazzo e Pereira (2013), o profissional de engenharia deve contar, antes de tudo, com afiado raciocínio analítico, além de visão sistêmica. Ademais, entende como desejável “um senso crítico aguçado para lidar com as inúmeras variáveis dos mais diversos campos disciplinares” (BAZZO; PEREIRA, 2013, p. 257). Além disso, o bom engenheiro está sempre atento aos avanços da sua área de atuação, em contínuo aperfeiçoamento e aprendizado; preocupa-se com a qualidade (i) da comunicação, seja técnica, seja social, e (ii) das relações humanas, visto o exercício da profissão se dar através de trabalho em equipe.
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