Potencial de extração de taninos de espécies de folhosas
Por: jairomartins111 • 9/7/2015 • Monografia • 5.324 Palavras (22 Páginas) • 221 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Com a escassez de madeira maciça, os painéis de madeira reconstituída vêm sendo a principal saída para suprir a demanda do mercado madeireiro no mundo. Notadamente os painéis de madeira reconstituída se destacam por serem produtos com grande capacidade de substituir a madeira maciça tanto em qualidade, como em quantidade para os diversos segmentos do setor.
Dados da ABIPA (2010) confirmam um aumento na capacidade produtiva das indústrias e no consumo de painéis, bem como a existência de novos investimentos para o setor.
A utilização de adesivos para colagem da madeira e seus derivados aumentou, principalmente, com o surgimento das máquinas de beneficiamento de madeira e, posteriormente, para a colagem de lâminas e produção de compensados. A partir desse período, houve um progresso gradativo com o desenvolvimento da química de materiais para a produção e aperfeiçoamento de novos adesivos para madeira. (IWAKIRI, 2005).
Dentre os materiais pesquisados para substituição dos adesivos sintéticos na fabricação dos painéis de madeira aglomerada e compensados, destaca-se o tanino, um polifenol obtido de várias fontes renováveis, como por exemplo, da casca de acácia negra (Acacia mearnsii), Pinus radiata e da madeira do cerne de quebracho (Schinopsis sp.) (LELIS et al., 2004).
Entre as espécies produtoras de taninos se destacam as espécies de Angico, pertencente a família das Fabaceae, diversas são as espécies de angico, ocorrentes no Brasil, das quais se extrai da casca, o tanino. (AFONSO, 2008).
Sellers (2001) referencia a utilização comercial de adesivos à base de tanino da casca de Pinus radiata para produção de chapas de partículas no Chile desde 1994. Sendo este adesivo composto por 90% de tanino da casca de Pinus radiata, 5% de isocianato e 5% de ureia.
A reação do tanino com o formaldeído se apresenta como fundamento para o seu emprego como adesivo, já que assim surgem policondensados de alto peso molecular (ROFFAEL & DIX, 1994). A rapidez com que os polifenóis se ligam ao formaldeído possibilita a sua utilização na indústria de painéis de madeira sob condições normais de colagem e prensagem (PRASETYA & ROFFAEL, 1991).
Mediante a possibilidade da utilização de taninos em adesivos, a casca de essências florestais pode ser um material com grande potencial para agregação de valor em países como o Brasil, onde as indústrias florestais produzem grande volume de cascas. Além de diminuir a demanda por adesivos à base de petróleo pelas indústrias, o uso de taninos viabiliza o uso mais racional do produto da floresta pela indústria madeireira, possibilitando o aumento do retorno econômico na atividade florestal e a geração de produtos de maior valor agregado.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo foi avaliar o potencial de extração dos polifenóis (taninos condensados) da casca das seguintes essências florestais: Acrocarpus fraxinifolius (acrocarpo), Melia azedarach (cinamomo), Grevillea robusta (grevilea), Schizolobium parahyba (guapuruvu) e Toona ciliata (cedro australiano).
2.2 Objetivos Específicos
Extrair os taninos condensados das cascas de diferentes essências florestais empregando como agente extrator água destilada;
Determinar e avaliar as seguintes propriedades dos extratos aquosos: teor de extrativos, teor de tanino e não tanino, número de stiasny e valor pH.
Identificar uma espécie potencial para produção de adesivos.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Melia azedarach L. – Cinamomo
O cinamomo, Melia azedarach L., é uma árvore da família Meliaceae sendo conhecida pelos nomes populares de ‘Cinamomo-Gigante’, ‘Contas-de-Santa-Bárbara’ e ‘Lilás-de-Soldado’, no Brasil; ‘Paraíso’ na Argentina; ‘China-berry’, ‘Syringa berrytree’ ou ‘Persian lilac’ nos Estados Unidos, sendo introduzida no Brasil no século XIX (CABEL, 2006). Encontra-se distribuída na Índia, Paquistão, Sri Lanka, Tailândia, Laos, Vietnã, Camboja, Brasil, sendo extensamente cultivada na Ásia e na parte Sul da América Latina (BOBADILLA, 2004).
Árvore caducifólia, e semidecidual, pouco longeva, com 10 a 20 metros de altura e 40 a 60cm de DAP (diâmetro na altura do peito), atingindo até 40 metros de altura e 100cm de DAP na idade adulta. Apresenta forma expandida irregular, de folhagem muito distribuída e desordenada. A casca varia de lisa a levemente fissurada nas árvores maiores, de coloração pardo-escura (CABEL, 2006).
Quanto as características da madeira, o Cinamomo apresenta semelhança com a madeira de cedro. (TRIANOSKI, 2010). O cinamomo além de sua utilização como árvores de sombra em propriedades rurais, parques, arborização de ruas, é valorizado também pela qualidade da sua madeira, de cor amarela-brancacenta ou rósea, às vezes avermelhada. A madeira é flexível, resistente à umidade e ao cupim, fácil de trabalhar e envernizar. É utilizada na fabricação de móveis, cabos de ferramentas, caixotaria, instrumentos musicais, palitos de fósforo, carroceria e também como combustível (SILVA JÚNIOR, 1997).
A Figura 1 apresenta as características da Melia azedarach L. – Cinamomo
Figura 1 – Árvore de Melia azedarach L. – Cinamomo.
Fonte: Herbário Florestal, 2011.
3.2 Schizolobium parahyba Vell. Blake – Guapuruvu
O guapuruvu (Schizolobium parahyba) é uma espécie nativa considerada pioneira de crescimento rápido, e que ocorre principalmente na floresta ombrófila densa (floresta atlântica). Pertence à família Fabaceae (Leguminosae), também conhecido como: ficheira, pataqueira, guarapivu, pau-de-vintem, birosca e faveira. Distribui-se pelos estados da Bahia até Santa Catarina e o seu crescimento é favorecido em solos
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