Produção Industrial de Cloro e Soda
Por: Maria Clara Carnauba • 30/6/2022 • Trabalho acadêmico • 3.005 Palavras (13 Páginas) • 189 Visualizações
Produção Industrial de Cloro e Soda
Características Gerais
O cloro é um elemento químico com número atômico 17, massa atômica 35,453u e símbolo de elemento Cl. É um membro do grupo de elementos halogênios e, em temperatura e pressão normais, o cloro é um gás amarelo-esverdeado. Como outros halogênios, é um elemento não metal, extremamente reativo e forte oxidante. Além disso, o cloro é solúvel em água, possui um ponto de fusão em torno de -101,5°C, ponto de ebulição de -34,05°C e pode apresentar os estados de oxidação de -1, +1, +3, +5 ou +7.
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Já o hidróxido de sódio, também conhecido como soda cáustica, possui como fórmula química NaOH, composta por um átomo de sódio (Na), um de hidrogênio (H) e um de oxigênio (O). A soda pertence a classe das bases, sendo classificada como forte, e possui massa molar 39,997g/mol, ponto de fusão de 318°C e ponto de ebulição em torno de 1388°C. À temperatura ambiente, o hidróxido de sódio é um sólido cristalino branco e inodoro, que absorve a umidade do ar e é altamente corrosivo. Além disso, ele é solúvel em água, liberando energia na forma de calor por ocorrer uma dissolução exotérmica.
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Aplicações
Cloro
• Atua como desinfetante, por matar bactérias, podendo branquear roupas e desinfetar superfícies de cozinhas e banheiros;
• Tratamento de água potável e de piscina, matando bactérias, vírus e outros micróbios na água. A cloração é usada para prevenir a propagação de doenças transmitidas pela água, como cólera e disenteria;
• Usado para fazer centenas de produtos de consumo, de papel a tintas, e de têxteis a inseticidas;
• Fabricação de PVC, que é um plástico muito versátil usado em caixilhos de janelas, interiores de automóveis, isolamento de fios elétricos, canos de água, bolsas de sangue e pisos de vinil;
• Outro uso importante do cloro é na química orgânica. É utilizado como agente oxidante e em reações de substituição. Diversos produtos farmacêuticos usam cloro ou seus compostos em algum estágio de sua fabricação;
• Purifica o silício dos grãos de areia e ajudando a transformá-los em chips de painel solar, aproveitando energia. As pás da turbina eólica feitas de resinas epóxi à base de cloro ajudam a converter a energia eólica em eletricidade;
• No passado, o cloro era comumente usado para fazer clorofórmio (um anestésico) e tetracloreto de carbono (um solvente para lavagem a seco). No entanto, esses dois produtos químicos agora são estritamente controlados, pois podem causar danos ao fígado;
• O gás cloro é muito venenoso e foi usado como arma química durante a Primeira Guerra Mundial.
Soda Cáustica
• Controle de poluição, neutralizando ácidos deivido a sua propriedade alcalina, podendo ser usada para neutralizar a drenagem ácida das minas;
• Fabricação de sabão em pó, sabão em barra e detergentes usados em residências e aplicações comerciais. O alvejante de cloro é produzido pela combinação de cloro e hidróxido de sódio;
• Fabricação de diversos de medicamentos e produtos farmacêuticos, desde analgésicos comuns, como a aspirina, a anticoagulantes;
• Produção de tecidos de algodão para fortalecer as fibras e absorver melhor o tingimento;
• Tratamento de madeira, ajudando a dissolver a maior parte do material indesejado na madeira, deixando celulose relativamente pura, que forma a base do papel. Também pode ser utilizada para o branqueamento de papel;
• Descascar de tomates, batatas e outras frutas e vegetais para enlatados, e também como ingrediente em conservantes de alimentos que ajudam a prevenir o crescimento de mofo e bactérias nos alimento;
• Limpeza e processamento de metais, revestimento de óxido, galvanoplastia e extração eletrolítica.
A tabela a seguir, realizada pela Abiclor (Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados) mostra o destino da produção de cloro e soda, em toneladas, em 2019:
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Aspectos Econômicos
A indústria de soda-cloro comporta-se de forma cíclica, caracterizada por grandes saltos no incremento de capacidade para o atendimento da demanda. Como o cloro e a soda são produzidos em uma proporção fixa, 1 tonelada de cloro e 1,12 tonelada de soda, o suprimento de um pode ser delimitado pela demanda do outro e vice-versa. Os preços do cloro e da soda estão intimamente ligados às variações da oferta e da demanda.
Estudos de mercado indicam que somente valores de ECU (unidade eletroquímica, obtida pela soma de 1 tonelada de cloro e 1,12 tonelada de soda) superiores a US$ 350 por tonelada permitem a viabilidade econômica para a implantação de uma planta de soda cloro, tendo em vista o elevado investimento de implantação (cerca de US$ 1 mil por tonelada) e a alta volatilidade dos preços do cloro e da soda. No Brasil, o sal marinho ou o sal-gema utilizado pela indústria é proveniente das reservas localizadas na Região Nordeste. O Porto de Areia, no estado do Rio Grande do Norte, é o principal ponto de escoamento do sal para as indústrias localizadas na Região Sudeste.
Em relação aos benefícios econômicos, o gás hidrogênio, que é subproduto do processo de eletrólise, pode ser comercializado ou utilizado como matéria-prima ou como combustível na geração de vapor de processo. Por isso, diversas empresas, no contexto de seus programas de sustentabilidade, têm destinado o excesso de hidrogênio para a
geração de energia elétrica, sendo o grau de aproveitamento do gás uma importante medida de eficiência.
Além disso, de acordo com especialistas, a utilização do cloro é o método mais eficiente e economicamente vantajoso para garantir a qualidade da água. Ao inibir a proliferação de doenças como cólera, disenteria, febre tifóide, esquistossomose, entre outras, o cloro age como importante aliado para aumentar a expectativa de vida da população humana.
As principais empresas produtoras de cloro e soda no Brasil são a Braskem, a Dow Brasil e a Unipar: juntas, representaram quase 90% da capacidade instalada no país em 2019. Além disso, nesse mercado também se encontram a CMPC Celulose Riograndense, a Compass Minerals, a Katrium Indústrias Quimicas e a Chemtrade.
Em 2019, a produção de soda cáustica foi de 928,9 mil toneladas e a de cloro, de 857,3 mil toneladas, sendo o quinto ano consecutivo com variação negativa da produção, que vem se ajustando desde 2014 em razão da redução da produção industrial do país e do consumo de produtos químicos para a produção de material plástico. Em termos acumulados, a queda na produção de soda foi de 33,0% entre 2014 e 2019, e na produção de cloro a retração foi de 32%. Com isso, a indústria de cloro-álcalis brasileira ocupou apenas 54,4% de sua capacidade instalada de cloro, resultando em uma ociosidade do capital de 45,3% em 2019.
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