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Recuperação Energética: Estudo da Introdução da Produção de Energia

Por:   •  19/4/2022  •  Monografia  •  3.897 Palavras (16 Páginas)  •  88 Visualizações

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Recuperação Energética: Estudo da introdução da produção de energia por meio da incineração de lixo, na Matriz Energética Brasileira.

Eduarda Pedruzzi da Silva1

Carlos Alberto Moraes Gonçalves2

  1. INTRODUÇÃO

A Matriz Energética Brasileira, hoje, possui sua base na produção hidroelétrica, respondendo por 63,7% de capacidade instalada (Brasil, 2018). A geração de energia respeita um regime sazonal, que divide sua produção em períodos secos (baixa ocorrência de chuvas) e períodos úmidos (alta ocorrência de chuvas). No período seco, que vai de maio a novembro, há uma baixa nos níveis dos reservatórios, e surge a necessidade do apoio das termoelétricas (27,4%). O país também conta com a participação da energia eólica (8,0%) e solar (0,9%) (BRASIL, 2018).

O crescimento urbano e industrial necessita cada vez mais de fontes energéticas, o que leva ao aumento da emissão de poluentes no meio ambiente, o que provoca uma insegurança energética associada ás mudanças climáticas. Neste contexto, a implantação e o uso de energias renováveis é capaz de promover essa segurança, contribuindo para o desenvolvimento social e econômico, para a universalização do acesso à energia e para a redução de efeitos nocivos ao meio ambiente e à saúde (IPCC, 2014)

Com a necessidade de buscar fontes renováveis que substituam os combustíveis fósseis surge o tratamento de resíduos como uma possibilidade de geração de energia e gestão de resíduos sólidos.

O aumento da geração de resíduos, especialmente em grandes centros, é decorrente também do crescimento urbano e industrial associado ao poder de compra e o consumo. Tais resíduos muitas vezes são manejados ou dispostos em locais inadequados ou não preparados para recebê-los, como o caso dos lixões, que provocam graves problemas socioambientais.

Segundo o Panorama de Resíduos Sólidos 2016, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (ABRELPE) cerca de 3 mil lixões ou

aterros controlados permanecem espalhados pelo território nacional, apenas 58,4% dos resíduos coletados são destinados a aterros sanitários. Diante da dificuldade de disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU) nas regiões metropolitanas e o aumento da produção de resíduos, o setor de gestão e gerenciamento de resíduos urbanos fomentou o início do estudo de novas tecnologias alternativas para a destinação ambientalmente adequada, entre as encontradas destaca-se o tratamento térmico ou a incineração do lixo (BRASIL,2016).

A introdução de uma usina de valorização energética de RSU tem como função primordial a do saneamento básico e como subproduto apresenta a geração de energia (NEGRI, 2011). O tratamento térmico surge como uma ferramenta a complementar o conjunto integrado de soluções, entre elas a reciclagem. Aruntho Savastano Neto, (2011), gerente do setor de Projetos Especiais da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb), para a Revista Limpeza Pública nº77 ressalta que, levando em consideração o sistema de coleta seletiva, todos resíduos secos, separados e coletados na fonte são aptos e devem ser encaminhados para a reciclagem. A usina de recuperação de energia é a alternativa mais adequada para o tratamento dos resíduos que não possuem mais formas de aproveitamento, são chamados lixo (NETO, 2011).

Combinando a reciclagem com uma tecnologia de recuperação energética eficiente, poderá se evitar ao máximo a emissão de gases do efeito estufa (GEE). O setor de tratamento de resíduos no ano de 2015 foi responsável por quase 1600 Gg CH4 devido a disposição de resíduos sólidos no país. Vale ressaltar que o gás metano (CH4) possui um potencial de aquecimento global (GPW) 21 vezes superior ao dióxido de carbono (CO2) (BRASIL, 2017).

Utilizar um recurso inesgotável como o lixo para a geração de energia é a mais transparente tradução do ditado popular “Unir o útil ao agradável! ”, pois estará associado à resolução do problema em gestão de resíduos sólidos/saneamento básico. Além de usar a energia gerada como fonte integrada na matriz energética brasileira.

Posto isto, esse estudo tem como objetivo geral realizar uma análise sobre a incineração do lixo como fonte de geração de energia elétrica, destacando seu papel no saneamento básico e a inserção desta na Matriz Energética Brasileira, associando-a como tecnologia complementar na gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos. Partindo de objetivos específicos como: apresentar um estudo qualitativo acerca do tema proposto, expor a relevância da Recuperação Energética quanto ao saneamento e a mitigação da emissão de CH4, com valorização energética, trazer a otimização dos recursos naturais usando o lixo como substituto de fontes fósseis de energia, assim propondo um cenário onde o tratamento térmico de RSU complemente a Matriz Energética Brasileira.

  1. METODOLOGIA

Será realizado um estudo qualitativo afim de compreender e expor os prós e contras da recuperação energética à inserção a matriz brasileira de energia. Para esse estudo será analisado os impactos ambientais, econômicos e sociais dos métodos usados por uma Usina de Recuperação de Energia. Terá como ênfase o lixo como fonte renovável, com um olhar para a crescente urbanização e a cultura do consumo. E por fim será abordado o tratamento térmico do lixo como tecnologia complementar a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (RSU).

O presente estudo tem o embasamento de suas informações respaldado prioritariamente na Lei 12.305/10 – “Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos”, nas demais legislações pertinentes ao setor de resíduos sólidos, documentos, inventários técnicos e informativos publicados por órgãos nacionais e empresas atuantes no mercado. Além de pesquisas através de artigos, revistas, livros e o estado da arte em estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental para Usinas de Recuperação Energética na Europa e Japão.  

  1. REFERENCIAL TEÓRICO

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/10 define resíduo sólido como:

XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível; 

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