Recuperação de areas degradadas
Por: Camila Karam • 24/5/2016 • Trabalho acadêmico • 1.530 Palavras (7 Páginas) • 282 Visualizações
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL
CAMILA KARAM
PAULA LACERDA
VICTÓRIA MARCONDES
TDE 1 – RAD: Preservação da Variabilidade Genética na Recuperação de Áreas Degradas
CURITIBA
2016
- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
- Variabilidade Genética
A variabilidade genética é a mudança no DNA dos indivíduos de uma determinada espécie, fazendo com que adquiriam certas características e assim passadas para as gerações futuras melhorando a possibilidade de sobrevivência das espécies em certos ambientes. A conservação dessa variabilidade genética não tem a intenção de apenas preservar a espécie, mas também para melhorar sua estrutura genética da população.
A variabilidade genética, ou biodiversidade molecular, além de apresentar fundamental importância para a evolução, pode ser usada como instrumento de investigação por ecólogos e sistematas em diversos ramos como, por exemplo, para verificar as afinidades e os limites entre as espécies, para detectar modos de reprodução e estrutura familiar, para estimar níveis de migração e dispersão nas populações e até mesmo para ajudar na identificação de restos de animais, como conteúdos estomacais e produtos industrializados (principalmente peles e carnes) de espécies ameaçadas de extinção (Avise, 1994 apud Brammer 2002).
A perda da variabilidade genética reduz a habilidade das populações de se adaptarem em resposta às mudanças ambientais (potencial evolutivo). Por exemplo, se alguma mudança ambiental drástica ocorrer, a população com maior diversidade genética apresenta maior chance de possuir pelo menos alguns indivíduos com uma característica genética que lhes permitam viver em tais condições. Se a diversidade genética é baixa, a população corre grande risco de não sobreviver, pois provavelmente não possuirão condições de se adaptarem a tal ambiente. A variabilidade genética, portanto, é importante para a persistência evolutiva das espécies (Solé-Cava, 2001 apud Brammer 2002).
Uma vez perdida a variabilidade gênica, ela só é recuperada muito lentamente (por mutação ou migração), de modo que, mesmo tomando providencias para aumentar o tamanho populacional de uma espécie, ela pode continuar ameaçada de extinção (Avise, 1994 apud Brammer 2002).
Portanto, a conservação da biodiversidade é estratégica para satisfazer a crescente demanda alimentar da população mundial (Universidade, 2000, apud Brammer 2002), além do que uma agricultura produtiva e eficiente, na qual se baseia a sociedade moderna, aliada ao desenvolvimento de novas tecnologias, depende essencialmente da diversidade biológica, e dela dependerá cada vez mais nos próximos anos (Council, 1999 apud Brammer 2002).
1.2 A Variabilidade genética na Recuperação de Áreas Degradadas
A redução da cobertura vegetal, a fragmentação e o isolamento de paisagens, além de promover a perda da biodiversidade e de suas funções, são resultados, principalmente, da degradação ambiental ocasionada por intervenções antrópicas. Assim, a necessidade de reverter o quadro atual da degradação ambiental gera o desafio de se “recuperar” áreas desmatadas ou degradadas, tendo-se como preocupação ações para o restabelecimento das funções e da estrutura dos ecossistemas respeitando a diversidade de espécies, a sucessão ecológica e a representatividade genética entre populações (RODRIGUES & GANDOLFI, 1996 apud BARBOSA, 2006)
Assim, a diversidade genética a ser inserida na área em recuperação é um dos futuros desafios para o desenvolvimento da ecologia da restauração (BRANCALION et al., 2009; RODRIGUES et al., 2009 apud Barbosa, 2006). Em muitos países desenvolvidos essa questão já se tornou tão importante a ponto de ser criada nova área de pesquisa, denominada de Genética da Restauração (Restoration Genetics) (LESICA & ALLENDORF, 1999; FALK et al., 2001; HUFFORD & MAZER, 2003; RICE & EMERY, 2003; MCKAY et al., 2005; RAMP et al., 2006; BROADHURST et al., 2008; MENGES, 2008; BOUZAT et al., 2009 apud RODRIGUES, 2013).
Do ponto de vista da recuperação de áreas degradadas, a diversidade genética é importante devido principalmente a dois aspectos: provê a base para a adaptação dos genótipos a ambientes variáveis e evolução ao longo do tempo e previne os efeitos deletérios da endogamia em populações pequenas ou isoladas (HOBBS, 2006 apud RODRIGUES 2013)
Além disso, segundo este autor, a variabilidade genética pode afetar a sobrevivência e desempenho dos indivíduos, necessários em qualquer tipo de implantação de plantio de recuperação. (RODRIGUES, 2013)
No processo de recuperação de áreas degradadas (RAD), um dos pontos mais importantes e cruciais refere-se aos aspectos relacionados à tecnologia de sementes e produção de mudas, já que a qualidade dos reflorestamentos está intimamente ligada à qualidade dos indivíduos que o compõem. Sendo assim, a propagação vegetativa (assexuada) é pouco recomendada, principalmente devido ao fato de reduzir a variabilidade genética das espécies, atuando na contramão dos princípios básicos na implantação de florestas heterogêneas. a (FARIA, 1999 apud RORIGUES 2013)
É imprescindível, então, que as mudas destinadas à recomposição vegetal sejam produzidas a partir de sementes (propagação sexuada), provenientes de lotes que garantam a variabilidade genética das espécies e, para isso, diversas pontos devem ser contemplados (DAVIDE et al., 1995; FARIA, 1999; BARBOSA, 2000).
Outra preocupação que deverá ser levada em conta é a qualidade genética das sementes, considerando o conceito de tamanho efetivo, uma vez que o plantio de uma população a partir de uma ou de poucas árvores é o principal exemplo da redução genética causada pelo homem. O tamanho efetivo de uma população tem implicação na sua capacidade de manter a diversidade genética ao longo de mais gerações, sendo imprescindível para a análise de sua viabilidade a médio e longo prazo. A natureza genética do material introduzido pode influenciar profundamente o comportamento dos indivíduos, os quais podem afetar a dinâmica futura de toda a comunidade implantada (KAGEYAMA, 2003 apud RODRIGUES, 2013).
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