Resíduos no Brasil: Um Grande Mercado Emergente

Resíduos no Brasil: Um grande mercado emergente.

John M. Zerio e Marco A. Conejero.

Devido a rápida expansão do crescimento econômico, das atividades industriais e o aumento da população e consequentemente o crescimento expressivo no consumo de materiais, temo como consequência um aumento assustador de resíduos sólidos. Dentro desse fator, existe uma necessidade emergente, por parte da gestão pública, implantar, desenvolver e aperfeiçoar a gestão desse problema mundial. Gerando assim, uma melhor qualidade de vida para a população e principalmente mitigar o máximo possível os danos causados ao meio ambiente pelo depósito e tratamento inadequados desses resíduos sólidos.

Fica ainda mais evidente o desafio dessa gestão quando analisamos os dados da geração de resíduos sólidos em nosso planeta. Foi previso que apenas em 2003 quase 1,8 bilhões de toneladas foram gerados até 2003 e em países emergentes em torno de 20 a 50% do orçamento da gestão pública é destinado à gestão de resíduos sólidos, sem contar, que 30 a 60% de resíduos sólidos gerados permaneceram não recolhidos pela gestão pública.

É válido mencionar que a má gestão desses resíduos sólidos causa grandes impactos no desenvolvimento de uma sociedade, principalmente pensamos em qualidade de vida. Outro fator que devemos ponderar é a contribuição que o mal tratamento dos resíduos sólidos pode trazer ao aquecimento global, gerando gases nocivos ao meio ambiente, como CO2, gás metano, HFCs, entre outros. Estima-se que aproximadamente 1.300 milhoes de toneladas de gás carbônico contribuíram a emissões de gás estufa, o que representa 5% do total, em 2005.

O modelo de gestão dos resíduos sólidos vem sendo alterado ao longo do tempo. No passado, a gestão, significava apenas a coleta, depósito em terra e a incineração de resíduos caseiros, deixando de lado os resíduos industriais. Porém, com o número crescente do volume gerado, em 1997, a Comissão de Gestão Mundial para o Meio-Ambiente e Desenvolvimento promoveu o conceito de desenvolvimento sustentável, e com isso apresentaram a ideia de reciclagem. Recuperando assim os produtos mais valiosos de resíduos de menor energia e um impacto ambiental mais positivo.

O Princípio da Hierarquia nasceu dentro desse modelo de gestão integrada de resíduos sólidos. O princípio propõe que os resíduos devem ser tratados dentro de uma cadeia rigorosa de impactos, onde devemos segregar o lixo de acordo com seu valor energético. Dessa forma, alguns devem ser reciclados ou compostados, outros incinerados, e o restante deve ser enterrado.

Outro modelo de gestão de resíduos sólidos aborda a implantação de um menu de opções, levando em conta a tecnologia implantada de acordo com as condições econômicos, social e ambientes do meio.

Uma das alternativas dentro da gestão de resíduos e comumente utilizada são os aterros com recuperação de gás, onde o lixo depositado é coberto com plástico e compactados com pelo material depositado acima dele, formando assim várias camadas de materiais. O efeito dessa alternativa é a decomposição anaeróbica o que produz biogás, um sistema de drenagem (extração) utilizando poços verticais ou horizontais deve ser implantado para redução de gás metano.

Quando existe um espaço limitado para a implantação de um aterro a incineração tem sido muito utilizada em países desenvolvidos. Apesar da má imagem pública que ela causa, a incineração hoje possuí processos que conseguem diminuir em 10% por volume da quantidade de lixo processada, diminuindo a quantidade de material de aterro. Outro fator positivo que as emissões de GHG são eliminadas nos processos e a energia é comercializada, tornando-se uma receita da operação.

O tratamento biológico é uma gestão eficiente pois envolve a coleta, separação (de material reciclável) e o processamento de vários resíduos orgânicos. Dentro do tratamento biológico está a compostagem e a digestão anaeróbica, onde fungos, insetos e principalmente bactérias digerem a biomassa e a transformam em composto que pode ser utilizada como fertilizante de solos ou na produção de biogás, onde devidamente processados, pode ser utilizada para aquecimento e geração de energia elétrica.

Ao se falar sobre gestão de resíduos sólidos no Brasil, os dados são assustadores, uma vez que, dentre os 5.507 municípios, 63,6% descartaram os resíduos sólidos coletados em campo aberto, 18,4% aterros controlados utilizados, e apenas 13,8% levaram os resíduos a aterros sanitários.