Roteiro Trabalho de Ergonomia

1. INTRODUÇÃO

        Segundo CAMARGO, AMARANTE, SOUZA e ZANIN (1998), A ergonomia é uma ciência multidisciplinar baseada nas teorias e princípios da Antropometria, Fisiologia, Psicologia e Engenharia, tendo como principal objetivo a adaptação das condições de trabalho às características físicas e psicológicas do homem.

        É necessária uma profunda avaliação do posto de trabalho para analisar a relação homem-máquina-ambiente.

        A máquina é representada pelo Torno mecânico, o ambiente pelo setor de manutenção da Opmac no qual será abordado iluminação, ruído, temperatura, ventilação, aspectos cognitivos, etc. e o homem - operador do torno mecânico.

        Na empresa, Opmac, já existia uma proposta ergonômica para o posto de trabalho, porém não muito aprofundada.

        Diante disso, neste trabalho objetiva-se avaliar este posto de trabalho no intuito de aprofundar os estudos ergonômicos e fornecer subsídios para melhoria do mesmo.

1. A EMPRESA

        De acordo com o Código Civil, artigo 53, “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem para fins não econômicos”. A exemplo disso especifica-se a Associação de Produtores Autônomos do Campo e da Cidade (APAC).

        A APAC está localizada no bairro de Coelho da Rocha, em São João de Meriti, inicio-se a partir da CADTS (Centro de Aprendizagem e Desenvolvimento Técnico Social), uma escola técnica que funcionava em uma igreja no bairro de São Matheus. A CADTS foi criada por operários que desejavam uma formação profissional mais completa, dessa forma, cada um ia apresentando e dividindo o conhecimento de sua área com os demais colegas e jovens que desejavam aprender uma profissão.

        No final dos anos 80, o CADTS teve contato com alguns agricultores observando o que eles mais necessitavam em termos de equipamentos e assessoria. A situação destes agricultores exigia uma atenção especial, com estudos mais detalhados e apoios mais concretos. Daí então no dia 1º de maio de 1986 a APAC foi criada a fim de atender a  demanda destes agricultores e fornecer–lhes a estrutura necessária à melhoria de suas condições. Foram feitos diversos estudos sobre equipamentos agrícolas que pudessem ser fabricados na APAC a fim de aumentar a solidariedade entre o campo e a cidade dando base para vinda da tão esperada reforma agrária.

        O principal objetivo era então criar uma rede de relações que aproximasse o meio rural e urbano para que estes dois ambientes se apoiassem mutuamente ao invés de caminharem isolados. O propósito da associação vai muito além da produção de equipamentos e materiais, pois tem ainda o interesse de estimular a cooperação, a auto-organização e a participação ativa dos trabalhadores na comunidade.

        A Associação passou a voltar suas ações mais para a área urbana e abriu espaço para abrigar outras iniciativas, tais como: Opmac, cooperativa FLOREAL, Arte fuxico, Cozinha, Severo Artesanato, Arte em reciclagem e Oficina mecânica de automóveis.

        A Opmac Metalúrgica e Caldeiraria, no mercado desde 1997, destaca-se na área de produção metalúrgica, usinagem, serralheria industrial e manutenção mecânica e hidráulica. Atualmente emprega 10 funcionários. É responsável pela maior parte dos fundos que sustentam a manutenção da APAC.

1. OBJETIVO

        Avaliar o posto de trabalho do torneiro mecânico da OPMAC no intuito de aprofundar os estudos ergonômicos e fornecer subsídios para melhoria do mesmo.

1. METODOLOGIA

        O estudo foi realizado através de três visitas, com duração total de aproximadamente sete horas.

        O primeiro passo foi conhecer os diversos postos de trabalho que compõem a Opmac. Sendo assim, elegeu-se o posto de trabalho do torneiro mecânico para análise. Para tanto utilizamos além de conversas informais um questionário (anexo I).

 

1. REVISÃO DA  LITERATURA

        Aspectos ambientais e cognitivos sobre o posto de trabalho do torneiro mecânico influenciam diretamente na sua qualidade e desempenho.

“Os trabalhadores da Divisão de Usinagem consideraram o processo de mudança, participativo, importante para a melhoria das condições de trabalho, repercutindo no aumento de satisfação. (...) Boas condições de posto de trabalho somado à boa organização do trabalho são condições iniciais para atuar-se em questões de conteúdo do trabalho.” (KMITA,Silvério Fonseca;  GUIMARÃES ,Lia Buarque de Macedo-2005)

        Do ponto de vista cognitivo são muitas as exigências impostas ao trabalhador que na maioria das vezes passam-se despercebida na descrição da tarefa. Segundo CERTAU, dos diversos problemas encontrados na rotina fabril muitos tem de ser solucionados pela inteligência operária, inteligência essa que nenhuma máquina ou invento do homem conseguiu substituir. O próprio operário não se limita a executar somente o que está descrito em suas tarefas, mas se utiliza de sua inteligência e habilidade para modificar e aprimorar o ambiente que o circunda.

1. ESTUDO DO POSTO DE TRABALHO

6.1  Análise da população

        A população constitui-se por um torneiro mecânico. Severino Cosmo da Silva, 58 anos, formação escolar primeiro grau, realizou o curso de torneiro mecânico no Senai, além de outros cursos. Trabalha nesta função desde 1975, e trabalha na empresa analisada, Opmac, desde de Novembro de 2008. A empresa não ofereceu nenhum curso de especialização e treinamento por considerar que o funcionário já possuía o conhecimento.

        Além do operário acima citado, intervêm no posto o operário Antônio Carlos.

        A divisão de tarefa é distribuída conforme a disponibilidade de cada operador no momento de sua requisição, sem uma escolha prévia.  

6.2  Tarefa        

• Descrição da atividade: receber desenhos ou pedidos de produção de peças. Avaliar a viabilidade do pedido e propor mudanças quando achar necessário. Elaboração do passo a passo da produção e elaboração de gabaritos e até mesmo ferramentas a serem utilizadas para a execução. Utilizando alguns processos, como o de desbaste. Alguns exemplos de produtos acabados: roscas, chavetas e basicamente qualquer sólido de revolução.

Identificar, requerer aos superiores e efetuar a manutenção de possíveis peças defeituosas da máquina.

• Máquina: Torno ROMI S30  semi-automático elétrico
• Ferramentas: pastilha cambiada, ferramenta de desbaste, macho, broca, canivete de rosca.
• Sinalização visual: um botão que indica quando a máquina está ligada, porém a lâmpada não está mais acendendo.
• Sinalização sonora: a experiência em reconhecer através do ruído de operação.
• Mobiliário: bancada, armário de ferramentas, tablado.
• Princípios de funcionamento da máquina: semi-elétrico.
• Problemas aparentes na máquina: a luz de operação que não funciona, folga, desgaste irregular no trilho do cabeçote móvel.

6.3 Ambiente

• Temperatura: Segundo o próprio operário, “o ambiente é muito quente, principalmente no verão”. devido a isso os próprios operários fizeram a solicitação de ventiladores.
• Ruídos:  Muito intenso devido ao fato do posto de trabalho estar próximo a prensas e outras máquinas do setor de usinagem.
• Luminosidade:  É inadequada segundo avaliação do próprio operador, que relatou ainda o cansaço da vista provocado pela condição atual de iluminação.
• Vibrações: O operador relatou não haverem incômodos por vibrações provenientes do torno, porém é afetado por incômodas vibrações provenientes do maquinário ao redor.
• Ambiente toxicológico: Operador é frequentemente exposto a partículas tóxicas, proveniente do setor de pintura.

6.4 Condições de operação

• EPI: Abafador interno, máscara, bota com biqueira de aço, óculos de proteção. Os EPI’s acima listados não são habitualmente utilizados pois o operador não acha necessário utilizá- lo frequentemente, a exceção da bota. E ainda relatou não utilizar o óculos de proteção por não ser adequado, não  

 

APÊNDICE I

1- Análise da População 

1. Nome?
2. Idade?
3. Qual a sua formação profissional?
4. Quanto tempo exerce essa profissão?
5. Quanto tempo está nesta empresa?
6. Houve algum treinamento? (palestras, cursos,...)
7. Quantos operadores intervêm no posto?
8. De que forma existe essa divisão de tarefas?

2- Tarefa

1. Descreva a sua atividade;
2. Quais ferramentas você utiliza?
3. Qual o mobiliário?
4. Quais equipamentos também são utilizados?
5. Estrutura geral da máquina. (componentes,etc.). Qual o modelo do torno?
6. A máquina possui alguma sinalização sonora/visual ?
7. Princípios de funcionamento da máquina (mecânico, elétrico, hidráulico, pneumático, eletrônico ...) ;
8. Problemas aparentes na máquina;

3- Ambiente

1. Como você considera o ambiente térmico? (temperatura úmida e seca, umidade relativa da velocidade do ar);
2. O ambiente sonoro (pressão sonora, freqüência de emissão do ruído e tempo de exposição ao ruído);
3. O ambiente luminoso (nível de iluminamento, luminância, ofuscamento) ;
4. O ambiente vibratório (freqüência das vibrações) ;
5. O ambiente toxicológico (concentração de partículas e gases tóxicos);
6. Levantamentos dos diferentes sinais úteis ao operador  ;
7. Campo visual do operador e localização dos sinais;

4- Condições de Operação

1. Qual o EPI utilizado?
2.  Você acha necessário mais algum item?
3. Aspectos críticos evidentes na máquina;
4. Os principais gestos de trabalho você realiza?
5. Dores

5-  Motivação

1. Você tem uma boa relação com os colegas?
2. Relação com a chefia;
3. Você tem liberdade para dá idéias e sugestões

6- Dificuldades na tarefa

1. Conte alguma situação ou atividade que o senhor teve que improvisar por causa de algum defeito e que você se saiu bem;
2. Dificuldades na realização da tarefa

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.dji.com.br/codigos/2002_lei_010406_cc/010406_2002_cc_0053_a_0061.htm (consultado dia 6 de Junho de 2011)