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Teclando Desejos: A Construção Do Letramento De Adultos Através Da Inofrmática

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Por:   •  10/4/2013  •  4.069 Palavras (17 Páginas)  •  1.442 Visualizações

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TECLANDO DESEJOS

A CONSTRUÇÃO DO LETRAMENTO DE ADULTOS

ATRAVÉS DA INFORMÁTICA

Silvia Bernardes

Lígia Stefaniak

Silvania Zorzo

Karen Selbach Borges

Pedagogia, ULBRA - Universidade Luterana do Brasil - Campus Guaíba, Guaíba, RS.

RESUMO

Alfabetizar adultos através da informática é apostar na habilidade, curiosidade, necessidade e desejo, pois esta idéia é carente de reflexão, ação instigadoras, e de uma posição pedagógica das políticas educacionais no Brasil. A condição de analfabeto aliado com a exclusão digital e social levou Maria, a aluna, a procurar alternativas que pudessem alterar o contexto na qual estava inserida. Nossa proposta na elaboração deste trabalho é de uma reflexão sobre o que pode acontecer quando o desejo de aprender e a vontade de ensinar andam lado a lado. A alfabetização através da informática proporciona aos adultos participarem da leitura do mundo em uma visão crítica, não se limitando ao uso do mouse, teclado, negrito, realce, inserir, exibir...E ao educador, a oportunidade de junto com o educando, construir alternativas que favoreçam o processo ensinar - aprender- ensinar.

INTRODUÇÃO

A Prefeitura Municipal de Guaíba - Secretaria Municipal de Planejamento e Habitação - tem como proposta, entre outras, capacitar e inserir pessoas carentes no mercado de trabalho. Em parceria com a Universidade Luterana do Brasil - Campus Guaíba, através do projeto ULBRASOL - ULBRA Solidária, desenvolveu o "Curso de Capacitação de Limpeza Domiciliar e Empresarial".

Nesta parceria, conhecemos nossa aluna, Maria, a qual nos foi apresentada pelo acadêmico, cientista social e funcionário da Prefeitura, Sr. Ernani, que a trouxe para fazer o curso. O mesmo demonstrou um grande carinho por ela, e falou-nos sobre suas dificuldades, pois era analfabeta, e de sua grande vontade em aprender.

Segundo o IBGE (1999), 13,3% da população brasileira, com mais de quinze anos de idade, têm escolaridade inferior a quatro anos, o que corresponde a um total de 15.076.588 analfabetos no país. Se esta população não concluiu as séries iniciais do ensino fundamental, não completou o processo de alfabetização. Se incluirmos nesta população os "analfabetos funcionais" (pessoas que sabem ler e escrever, mas não conseguem interpretar textos) teremos 29,4% de analfabetos.

Analisando esses dados, é possível afirmar que o resgate do direito à educação dos milhões de analfabetos do país requer medidas urgentes.

O objetivo deste trabalho é de fazermos um estudo de experiência de alfabetização através da informática, na tentativa de indicar subsídios enriquecedores, melhorar a qualidade de ensino e efetivar a democratização da educação.

Estas necessidades, junto com o desejo de melhorar as condições do trabalho de alfabetização é que nos levou a fazer a opção pelo objeto de estudo desta pesquisa, que está centrado na observação de Maria - 55 anos- catadora de lixo e portadora de um grande desejo, alfabetizar-se.

ALFABETIZAÇÃO DE ADULTOS

Paulo Freire preocupava-se em ensinar dentro do seu tempo, justificando que não podemos contextualizar o que não é visto, usando temas geradores, centro de interesse e respeitando além de tudo, a vontade do sujeito, pois o mesmo é um ser de pensamentos próprios, criticidade e autonomia.

"Do ponto de vista de uma tal visão de educação, é da intimidade das consciências, movidas pela bondade dos corações, que o mundo se refaz. E, já que a educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavanca das mudanças sociais" (Freire, 2000). A educação de adultos tem sido referencia para muitas discussões sobre que fazer? Como fazer? Sabemos que alfabetizar adultos é um desafio constante, exige além de intimidade para perceber o desejo do outro, alegria. Educar para autonomia, respeitando as diferenças, reconstruir e construir com o educando a significação de mundo é proporcionar uma educação crítica, democrática e prazerosa. A alfabetização através da informática oportunisa ao educando possibilidades de reconstrução, interação e criticidade.

Emilia Ferreiro também salientava "a importância do acompanhamento durante as interações do sujeito com o objeto de estudo, onde é possível para a pesquisa do (professor) conhecer o pensamento do aluno, durante o ensaio da escrita, e que a apropriação e conhecimento da leitura e da escrita é um processo de construção cognitiva, o qual está ligado as experiências vividas e percebidas pelo sujeito" (Ferreiro, 1986). O diálogo com o aluno, além de desenvolver cumplicidade com o mesmo, ajuda o educador a conhecer o pensamento do outro, e aí então, facilita a relação aprendizado/vida. Aprender a ler e escrever deixa de ser uma necessidade secundária e passa a ser básica. O que antes não era palpável e disfarçado (analfabetismo), torna-se questão de sobrevivência.

Lev Vygotsky com seus poucos trabalhos experimentais afirmou que inicialmente tudo está fora do indivíduo, posteriormente tudo passa a ser internalizado, e é através do social, da realidade de cada um que ocorre o processo de aprendizagem. O conhecimento encontra-se já pronto na sociedade e o sujeito apropria-se dele com a ajuda dos adultos que, no papel de mediador do conhecimento, poderão garantir uma melhora na educação.

INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

A necessidade do uso do computador na educação vai muito além das vantagens apontadas por (Papert, 1994). Em um sistema educacional cujos moldes permanecem os mesmos desde séculos passados, o computador traz perspectivas de novas práticas educacionais, através da quebra de paradigmas.

Entretanto, conforme (Vitale, 1991), "o computador não pode ser encarado como uma solução milagrosa para as dificuldades observadas na relação aluno/professor, aluno/escola e aluno/conhecimento". O computador deve ser usado para criar espaços transdisciplinares, de trabalho colaborativo, de meio de interação e de troca de informações.

Entre tantas justificativas para o uso do computador na educação, podemos dizer que este constitui uma valiosa ferramenta para a organização de informações, para a construção do raciocino lógico, para a análise de problemas, para a construção e comprovação de hipóteses e para a simulação de situações

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