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Uso E Manejo De Lodo Na Agricultura

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Por:   •  29/11/2013  •  4.242 Palavras (17 Páginas)  •  599 Visualizações

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USO E MANEJO DO LODO DE ESGOTO NA AGRICULTURA

1. LEGISLAÇÃO

A legislação que orientará a prática de distribuição do lodo no Paraná estabelece níveis restritivos destes elementos no solo e no lodo. Os valores adotados são mais restritivos que os níveis da norma da USEPA - a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos.

A norma norte americana esta fundamentada em longos estudos baseados em análises de risco de contaminação ambiental e da saúde humana. Porém, as condições ambientais brasileiras diferem em muito da realidade daquele país. O nosso clima tropical, e os nossos solos, caracteristicamente mais ácidos que os americanos, contribuem para uma maior mobilidade e disponibilidade destes elementos para as plantas.

Assim, por cautela, enquanto não são disponíveis dados mais coerentes a cerca dinâmica destes elementos em nossos solos, a equipe de pesquisadores responsável pela elaboração desta norma procurou adotar critérios mais restritivos, assegurando a qualidade ambiental e a saúde dos animais e dos homens.

1.1. Acompanhamento dos Níveis de Metais no Solo

O lodo das estações de tratamento que recebem apenas efluentes domésticos contém pequena quantidade de metais pesados provenientes da própria natureza dos resíduos e das canalizações. Entretanto, além dos níveis naturais, podem ocorrer ligações clandestinas de pequenas fontes de contaminação de metais pesados, tais como: laboratórios fotográficos, fábricas de baterias, tintas, cromagens, que adicionam um determinado nível de metais na rede.

Dentre todos os metais pesados, os elementos que oferecem perigo são o Cádmio (Cd), Cobre (Cu), Molibdênio (Mo), Níquel (Ni), Zinco (Zn). Os metais podem estar presentes no lodo e tem a sua disponibilidade influenciada por reações como adsorção, complexação, precipitação, oxidação e redução.

Em muitos países, e mesmo no Brasil, a presença de metais pesados é um dos entraves mais fortes à reciclagem. Há de se acrescentar ainda que o equacionamento deste fator problemático depende do controle das descargas industriais na rede de coleta de esgotos.

É recomendação unânime entre as legislações internacionais a manutenção de pH alcalino ou neutro para diminuir a mobilidade de metais pesados do lodo ao solo e do solo às plantas. Critério inviável ao caso brasileiro devido aos solos, característicamente ácidos, e ao sistema de higienização por calagem preconizado no país, o que responde com incremento do pH do solo, e em casos de solo neutralizado, pode causar prejuízo ao desenvolvimento das culturas por incremento excessivo do pH.

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Sempre que um lote de lodo for destinado a uma gleba agrícola, só poderá sair da ETE com a

recomendação agronômica específica para esta gleba. Nesta ficha devem ser apresentadas as

características da área, dos solos e o acompanhamento do nível de metais pesados do lodo e do

solo.

1.2. Perfil sanitário

A presença de patógenos é indesejada no lodo quer pelos riscos às pessoas que efetuam a sua

manipulação, quer pela sobrevivência dos microrganismos patogênicos após sua aplicação e

contaminação das partes das culturas que mantém contato direto com o biossólido.

Entre os patógenos, são particularmente importantes os estreptococos, Salmonella sp., Shigella

sp., larvas e ovos de helmintos, protozoários (cistos) e vírus (enterovírus e rotavírus).

Enquanto alguns destes patógenos não suportam o ambiente edáfico por mais de algumas horas

outros, como ovos de helmintos, podem permanecer viáveis por vários anos. No Brasil,

comumente os agentes patogênicos constituem o elemento de limitação ao uso lodo na

agricultura. Porém, é o fator mais facilmente controlado através da adoção de soluções técnicas

de higienização do lodo que levem à eliminação do patógeno, como a calagem ou a

compostagem.

No Estado do Paraná, para fins de caracterização do perfil sanitário da lodo, estão sendo

estabelecidos os seguintes indicadores: ovos de helmintos e coliformes fecais, sendo o limite

especificado na tabela 5.

Uma vez realizado o controle desses patógenos, os demais estarão automaticamente em níveis

admissíveis, não proporcionando riscos aos usuários do produto e ao ambiente.

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Assim, a utilização do lodo em culturas de contato primário com o solo, só é aceitável se o lodo tiver sido submetido a tratamentos, como a secagem térmica, que garantam uma redução dos patógenos até os níveis estabelecidos.

1.2.1. Processos de desinfecção

Os processos mais econômicos de desinfecção baseiam-se na alteração dos parâmetros que promovem a inviabilização ou destruição dos agentes patogênicos, alterando, pelo menos por algum tempo, as condições químicas e físicas do material, principalmente pH e temperatura. É importante ter em mente que o elemento mais importante do lodo, do ponto de vista agronômico, é o nitrogênio. Este é perdido de duas formas: a volatilização na forma de amônia e a lixiviação na forma de nitrato. Tanto a elevação da temperatura como a do pH aceleram as perdas por volatilização, que aumentam com o decorrer do tempo.

1.2.1.1. Compostagem

A compostagem é um processo biológico de degradação da matéria orgânica. Os microrganismos degradam a matéria orgânica contida no lodo puro ou em mistura com outros resíduos orgânicos (palhas, serragem, resíduos de jardinagem e podas de jardins, parques e praças, parte orgânica do lixo urbano etc.) em processos exotérmicos gerando calor, e consequentemente aumentando a temperatura das leiras.

1.2.1.2. Calagem

A calagem do lodo é o processo de higienização que consiste na mistura de cal virgem (de construção) ao lodo em proporções que variam de 30 a 50%

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