Rotações por Estações: Uma proposta sequencial para o ensino e aprendizagem de medidas de tendência central à luz de metodologias ativas
Por: augusto.lacerda • 23/8/2022 • Artigo • 2.452 Palavras (10 Páginas) • 140 Visualizações
Rotações por Estações: Uma proposta sequencial para o ensino e aprendizagem de medidas de tendência central à luz de metodologias ativas
Augusto Lacerda Lopes de Carvalho Júnior
augusto.lacerda@ifpa.edu.br
Instituto Federal do Pará
Anderson Portal Ferreira
anderson.ferreira@ifpa.edu.br
Instituto Federal do Pará
Hebison Almeida dos Santos
hebison.almeida@ifpa.edu.br
Instituto Federal do Pará
Pedro Augusto Lopes Rosa
pedro.rosa@ifpa.edu.br
Instituto Federal do Pará
Introdução
A disciplina de matemática é comumente apresentada nas salas de aula aos alunos da educação básica como na essência do ensino tradicional, de forma abstrata, descrita nas seguintes etapas: apresenta-se a definição, expõem-se alguns resultados e aplicam-se exercícios. Tal forma de apresentação requer que os alunos sejam expectadores e consigam absorver o conteúdo apresentado pelo professor palestrante, tido como o detentor do conhecimento. Segundo Cerconi e Martins (2014)
A Matemática é muitas vezes uma disciplina ministrada basicamente mediante a exposição de conceitos, leis e fórmulas, de maneira desarticulada, sem um significado real para os alunos. Enfatiza a utilização de fórmulas, em situações artificiais, deixando o aluno perdido num “mar” de informações, que para ele não tem significado algum, desvinculando a linguagem matemática que essas fórmulas representam de seu significado efetivo. Insiste na solução de exercícios repetitivos e exaustivos, pretendendo que o aprendizado ocorra pela mecanização ou memorização e não pela construção do conhecimento através das aptidões adquiridas. (CERCONI, MARTINS, 2014, p. 2-3, apud FAGUNDO, 2017.)
A não significação do conteúdo matemático para a prática diária dos alunos distancia os mesmos das atividades propostas pelo professor em sala de aula e torna sem sentido o aprendizado. A luta constante que os professores travam em sua prática docente com as ferramentas tecnológicas, disponíveis aos alunos, em busca de atenção é desleal, pois naturalmente os alunos utilizam tais ferramentas em seu cotidiano e não vendo significado concreto da aplicação dos assuntos abordados pelo docente simplesmente não se dispõem a aprender.
A proposta de pôr o aluno como protagonista de seu próprio conhecimento em problemáticas que retratam a realidade vivenciada pelos mesmos dá significado ao assunto abordado e desperta nos discentes a curiosidade em solucionar tais problemas aos quais eles se identificam. Segundo Moran (2013) deve se dar
Importância maior do aluno ser mais protagonista, participante, através de situações práticas, produções individuais e de grupo e sistematizações progressivas. Inversão da forma tradicional de ensinar, (depois que o aluno tem as competências básicas mínimas de ler, escrever, contar): o básico o aluno aprende sozinho, no seu ritmo e o mais avançado, com atividades em grupo e a supervisão de professores. (MORAN, 2013, p. 14)
Atualmente, metodologias ativas propõem a centralidade da aprendizagem no aluno, sugerindo que os mesmos participem e construam seus conhecimentos, iniciando com uma problemática que traga significado ao tópico estudado e progredindo ao passo que se depara com os questionamentos que, espontaneamente, surgem na busca pelo conhecimento, Bergmann e Sams (2019) destacam que, nesse momento, o professor desempenha um papel fundamental como mediador e facilitador no processo de construção do conhecimento, proporcionando aos alunos uma visão panorâmica do tópico abordado e, ao mesmo tempo, instigando a curiosidade e vontade em apresentar uma solução à problemática.
Bastos (2006) conceitua Metodologias Ativas como “processos interativos de conhecimento, análise, estudos, pesquisas e decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de encontrar soluções para um problema” o que representa a essência da busca por conhecimentos nas ciências, em especial a matemática.
Dentre as inúmeras possibilidades da apresentação ativa na metodologia empregada pelos docentes, cabe destacar a Rotação por Estações de Aprendizagem, que permite o desenvolvimento de atividades em que aos alunos constroem o conhecimento de forma colaborativa formando espaços de aprendizagem significativa em que, segundo Bacich (2016),
Os estudantes são organizados em grupos e cada um desses grupos realiza uma tarefa de acordo com os objetivos do professor para a aula em questão. O planejamento desse tipo de atividade não é sequencial e as atividades realizadas nos grupos são, de certa forma, independentes, mas funcionam de forma integrada para que, ao final da aula, todos tenham tido a oportunidade de ter acesso aos mesmos conteúdos. (BACICH, 2016, p. 4.)
A gama de possibilidades para o ensino de matemática se torna evidente, especificamente, o ensino e aprendizagem de estatística na educação básica, que “cabe” perfeitamente nos moldes sugeridos pelas metodologias ativas, pois a busca, análise e apresentação dos dados envolvem diretamente a participação dos alunos na apropriação do conhecimento sugerido pelo docente. Segundo a BNCC,
Para o desenvolvimento de habilidades relativas à Estatística, os estudantes têm oportunidades não apenas de interpretar estatísticas divulgadas pela mídia, mas, sobretudo, de planejar e executar pesquisa amostral, interpretando as medidas de tendência central, e de comunicar os resultados obtidos por meio de relatórios, incluindo representações gráficas adequadas. (BRASIL, 2017, p. 92)
Ainda de acordo com a BNCC é necessário que o aluno tenha competência estatística para “interpretar, construir modelos e resolver problemas em diversas situações, analisando a plausibilidade dos resultados e a adequação das soluções propostas, de modo a construir argumentação consistente”. A atual configuração informatizada do mundo contemporâneo proporciona aos alunos acesso a informações da atualidade veiculadas na internet e meios televisivos com a apresentação estatística de dados sociais e economicamente relevantes para o convívio social.
Em se tratando da educação profissionalizante na área ambiental, público alvo deste trabalho – alunos primeiranistas do Curso Técnico em Meio Ambiente, Integrado ao Ensino Médio do Instituto Federal do Pará, Campus Paragominas – torna-se primordial o estudo de estatística de modo significativo e próximo a realidade vivenciada pelos alunos, haja vista a necessidade dos mesmos em coletar, analisar e apresentar dados costumeiramente presentes em sua futura prática profissional. No entanto, a disciplina não deve ser tratada de forma mecânica e sem sentido aos alunos, pois a tecnicidade inerente a esse ramo da matemática se torna necessária após a compreensão apropriada da mesma, correlacionando sua utilidade com a realidade do campo do conhecimento em que ela está sendo aplicada.
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