A Educação Conectada
Por: Iracilda Araújo • 1/10/2018 • Tese • 2.871 Palavras (12 Páginas) • 292 Visualizações
MÓDULO 4
Introdução
A formação de professores e gestores é essencial em qualquer plano de intervenção na educação que busque uma transformação sistêmica e sustentável. Ciente dessa necessidade, o Articulador Local precisa estabelecer mecanismos de planejamento com a rede que possam garantir:
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a identificação de quais as competências específicas a serem estimuladas em professores e gestores;
um plano de formação que contemple a diversidade de conhecimentos dos educadores e gestores sobre TICs;
a oferta de conteúdos e modelos inovadores de formações, para estimular o desenvolvimento de novas competências;
e o conhecimento dos recursos educacionais digitais disponíveis e das condições de infraestrutura das redes de ensino.
Dada a importância da formação de professores e gestores no uso pedagógico de tecnologias, este módulo será integralmente dedicado a detalhar este tema para compreensão dos articuladores.
O primeiro passo para se desenvolver um bom plano de formação, é refletir sobre quais as competências desejáveis para o professor, que vai inovar suas práticas por meio da tecnologia, e para o gestor, que vai viabilizar, na escola onde atua, transformações em toda a organização. Em seguida, vamos entender por que e como dar prioridade a formações de caráter ativo e experimental, além de compreender quais características do espaço físico podem ajudar a promover mais integração e troca entre pares.
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Em suma, você, Articulador Local, vai aprender, neste módulo, como uma rede de ensino pode estruturar seu programa de formação para o uso pedagógico de TICs, promovendo a inovação em sala de aula e possibilitando ganhos de qualidade, equidade e contemporaneidade na educação. Vamos lá?
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A formação de professores para o uso de TICs é um processo de apropriação gradual, vinculado à evolução de práticas, de pensamentos, de atitudes e de novos papéis que os professores experimentam e propõem a seus alunos. Segundo a docente e pesquisadora mexicana Frida Dias Barriga, esse processo integra o desenvolvimento mais amplo de um conjunto de competências de professores para o século XXI.
O trabalho pedagógico com apoio de tecnologias está atrelado a múltiplos fatores, como:
- a infraestrutura e os recursos disponíveis;
- os currículos e os objetivos de aprendizagem;
- a escolha de tendências tecnológicas afinadas com os programas educacionais de cada rede de ensino;
- projeto pedagógico de cada escola.
Trata-se de um verdadeiro quebra-cabeça, um mosaico com diversas possibilidades para se obter bons resultados.
Por tudo isso, as formações de natureza mais instrumental – que normalmente visam o manuseio de ferramentas, recursos e programas específicos – não têm se mostrado suficientes para preparar os professores plenamente na adoção de metodologias inovadoras com uso de tecnologias. Nesse sentido, as formações atuais podem se propor a ir além do tradicional enfoque instrumental, priorizando momentos práticos e de experimentação, que permitam desenvolver conhecimentos, atitudes e habilidades específicas, e fazendo com que a tecnologia seja efetivamente utilizada em sala de aula para melhorar a qualidade e a equidade da educação.
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Face a este desafio, diversos países e organizações internacionais têm desenvolvido estudos de referências e marcos conceituais sobre quais são as competências específicas a serem desenvolvidas em professores e em gestores escolares para incorporar as tecnologias em benefício da educação.
O Enlaces, por exemplo, é o órgão do Ministério da Educação chileno responsável por integrar as TICs ao sistema escolar para melhorar a aprendizagem e o desenvolvimento de competências digitais nos diferentes atores do ecossistema educacional. A instituição definiu três eixos de avaliação de competências:
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- para o uso pedagógico,
- para a gestão e
- para a compreensão do que denominam “cultura informática”.
Tomando esses eixos como ponto de partida, foram desenvolvidas cinco dimensões que compõem sua proposta de matriz de competências:
- dimensão pedagógica;
- dimensão técnica;
- dimensão de gestão;
- dimensão social, ética e legal;
- dimensão de desenvolvimento e responsabilidade profissional.
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A Unesco, em seu marco curricular para o Projeto Competências em TICs para Professores (ICT-CST), estabelece um conjunto das competências para professores, que começa com a alfabetização em tecnologias, relacionada a domínio de habilidades básicas para usar as TICs em sala de aula e para o desenvolvimento profissional docente. Em seguida, vem o aprofundamento do conhecimento, relacionado à capacidade de compreender metas de políticas e prioridades sociais para a educação. O grau máximo das competências estabelecidas pela Unesco se refere à criação de conhecimento a partir da capacidade do professor de propor atividades que gerem envolvimento dos estudantes no aprendizado, incluindo avaliação de suas próprias competências e defasagens.
Nos Estados Unidos, a associação sem fins lucrativos International Society for Technology in Education (ISTE - Sociedade Internacional para Tecnologia na Educação) apoia educadores no uso de tecnologia para resolver problemas complexos da educação. O ISTE propõe cinco macro competências a serem desenvolvidas em professores e gestores para favorecer a criação de ambientes de aprendizagem mais interativos por meio do uso de TICs:
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- facilitar e inspirar a aprendizagem e a criatividade dos alunos;
- conceber e desenvolver experiências e avaliações de aprendizagem da era digital;
- promover e incorporar a cidadania digital e a responsabilidade;
- utilizar métodos de trabalho e aprendizado da era digital;
- possibilitar o envolvimento em processos de crescimento profissional e liderança.
De modo geral, as competências que constam desses e de outros documentos dizem respeito não apenas a educadores, mas também a gestores e administradores escolares. Cada um a seu modo, os estudos apontam a necessidade de que esses profissionais utilizem as tecnologias tanto para se beneficiar de um ecossistema de aprendizagem profissional e de inovação, como para melhorar a aprendizagem dos estudantes.
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