Programa - Educa a tu Hijo
Por: FernandaLeal92 • 6/5/2015 • Trabalho acadêmico • 2.249 Palavras (9 Páginas) • 710 Visualizações
Contexto em Cuba da criação do programa Educa a tu Hijo
A partir das mudanças sociais ocorridas na República de Cuba, em 1959, surgem leis e programas voltados para a proteção à infância e juventude, preservando seus direitos e garantindo o desenvolvimento integral de pessoas nesta faixa etária.
Visando garantir a equidade e justiça social, o Estado Cubano efetuou medidas para priorizar a educação e saúde da população. Na área da saúde, alguns programas são voltados prioritariamente às mães grávidas e ao bebe recém nascido, diminuindo a mortalidade infantil e melhorando a qualidade de vida das famílias.
O Sistema Nacional de Educação[1] Cubana, a partir de 1961, visando uma abordagem humanitária, participativa e democrática, implementa medidas e projetos para melhorar a educação da população, como a criação do Instituto da Infância, a realização de campanhas de alfabetização e o atendimento a filhos de mães trabalhadoras (círculos infantis), levados para todos os municípios, inclusive os mais afastados da capital.
A partir da década de 80, baseado em distintas experiências[2] de educação na América Latina e pensando na educação de crianças de 0 e 6 residentes na zona rural, o governo começa a criar formas de oferecer a estas crianças, que não podem participar das instituições infantis e pré-escolares, uma preparação para a entrada no ensino fundamental.
Em 1992 nasce o Programa Educa a tu Hijo (modelo de educação não institucional), no qual a família é pensada como "[...] o agente protagonista, insubstituível e mais efetivo para favorecer e promover o desenvolvimento integral da criança, desde antes de nascer até sua entrada na escola primária" (GÓMEZ , p.15) Tradução livre.
A formulação do programa se deu por um grupo interdisciplinar de profissionais, dentre eles pedagogos, pediatras e nutricionistas, que avaliaram qual o melhor trabalho poderia ser realizado com crianças de 0 a 6 anos visando seu desenvolvimento integral. O resultado foi uma cartilha destinada à família, com orientações para favorecer o desenvolvimento de seus filhos "[...] na esfera motriz, intelectual, de comunicação e linguagem, social e afetiva, formação de hábitos, [bem como] cuidados de saúde, alimentação, sono, higiene e prevenção de acidentes" (GÓMEZ , p.16) Tradução livre.
Experimentos pedagógicos realizados com algumas famílias comprovaram a eficácia do programa com o maior desenvolvimento cognitivo e social dos bebês (0 a 18 meses) participantes do estudo, fortalecendo a importância dos elementos essenciais do programa: "a família, a comunidade e o enfoque intersetorial" (GÓMEZ , p.17) Tradução livre.
Características do Programa
Os elementos básicos que constituem o Programa são a família, a comunidade e outros setores da sociedade, todos eles atuando de maneira integrada. Esse Programa, mais do que sanar problemas, concentra-se na prevenção destes. Nesse sentido, ele inicia sua intervenção na saúde e educação da primeira infância desde a fase pré-natal. Os serviços começam a funcionar antes do nascimento, com a identificação das mulheres que poderiam ter complicações, caso engravidassem. Além dos serviços preventivos na área da saúde, a família recebe orientações sobre como agir durante a gravidez e uma cartilha que explica como é o bebê/criança em determinada fase e oferece orientações de como educar a criança em cada faixa etária, inclusive com um teste ao final, para que a família possa avaliar se seu criança está se desenvolvendo como esperado para a idade.
Esse modelo pedagógico considera os seis primeiros anos de vida como uma etapa decisiva no desenvolvimento do ser humano e pressupõe um plano pedagógico concreto (Gómez, p.20). Nas cartilhas existem intenções além do desenvolvimento da criança, como educação voltada ao patriotismo, um exemplo é quando tratam de atividades a serem realizadas com crianças de 3 a 4 anos: “A criança já conhece sua bandeira. Ensine-o a mostrar amor e respeito a ela ao escutar o Hino Nacional”[3] Tradução livre.
Nesta cartilha existem diferentes orientações para crianças de 0 a 6 anos, (idade de ingresso no Ensino Fundamental, quando a criança deixa o programa para fazer parte do Sistema Educacional Cubano). O trabalho é realizado com dois grupos etários, o grupo de 0 a 2 anos e de 2 a 6 anos. O primeiro recebe cuidado individualizado por parte dos executores mediante visitas às casas uma ou duas vezes por semana, que é quando os funcionários do Programa demonstram atividades de estimulação e servem de exemplo aos pais.
Já as crianças de 2 a 6 anos participam com suas famílias de sessões em grupo que acontecem uma ou duas vezes por semana em um espaço comunitário (parques, centros culturais ou centros esportivos). Pelo menos um membro da família, que participa da educação da criança, participa das sessões em grupo e no lar. Isso é feito para que as famílias sejam orientadas e formadas para desenvolver o conhecimento e as habilidades que favorecem o desenvolvimento de seus filhos.
O segundo elemento do Programa é a comunidade, que, ao possuir história, cultura, condições econômicas e sociais similares, tende a ser integrada. Nesse contexto surgem atores sociais que, se capacitados, podem ser agentes mobilizadores e educativos da família e das gerações mais jovens.
O terceiro elemento são setores da sociedade, que tornam possível a concretização do Programa. São os organismos da saúde (médicos e enfermeiras que atendem em consultórios ou na casa das famílias), da educação, da cultura (através dos espaços que são cedidos para os encontros das famílias), do esporte, da proteção e outros, além de organizações e instituições. Um dos pontos que torna possível a integração desses setores são as políticas de proteção à família e à criança. Em 2003, por exemplo, as mulheres que trabalham fora de casa tiveram a possibilidade de optar por ficar com seus filhos durante o primeiro ano de vida destes, sem prejuízo salarial.
Metodologia de implementação
A metodologia de implementação do Educa tu Hijo, segundo Gómez (2011), se trata de estruturar um trabalho comunitário que propicie a preparação da família para aperfeiçoar sua influência educativa e também promover ações de caráter intersetorial onde se criem primeiro as condições para implementar o programa e depois seu desenvolvimento e acompanhamento.
Na estratégia de implementação, a ordem seguida é: primeiro, a criação do grupo coordenador e segundo, o desenho de um plano de ação que contenha "[...] os processos de sensibilização e diagnóstico, divulgação permanente e reconhecimento social dos participantes, capacitação de todos os agentes educativos que intervêm, organização e execução das modalidades de atenção à família e seus filhos e acompanhamento e avaliação do programa" (GÓMEZ, p. 23) Tradução livre.
...