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RESUMO E COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO "AS DOENÇAS DOS TRABALHADORES" DE BERNADINO RAMAZZINI.

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Por:   •  20/11/2014  •  3.403 Palavras (14 Páginas)  •  3.038 Visualizações

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ATIVIDADE COMPLEMENTAR

RESUMO E COMENTÁRIOS SOBRE O LIVRO “AS DOENÇAS DOS TRABALHADORES” DE BERNADINO RAMAZZINI.

Tradução brasileira do “DE MORBIS ARTIFICUM DIATRIBA”, editada pela Fundacentro (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho).

• INTRODUÇÃO

Na época que se comemoram três séculos do lançamento da primeira edição da obra-prima de Bernardino Ramazzini (1633-1714), intitulada De Morbis Artificum Diatriba, ao português traduzida pelo Dr. Raimundo Estrela, sob o título As Doenças dos Trabalhadores, torna-se extremamente oportuno investigar, analisar e divulgar, um pouco mais, algumas facetas da vida deste Mestre da Medicina, muito mais como um exercício de inspiração, do que de erudição ou História.

Na verdade, o estudo da vida e obra de Ramazzini não é inédito, posto que centenas de estudiosos e pesquisadores da História da Medicina, no mundo inteiro e no Brasil, têm se dedicado a este fascinante exercício, havendo muitos deles publicado seus achados e reflexões, em revistas especializadas e na forma de livros sobre História da Medicina, História da Medicina Social, História da Saúde Pública, ou História da Medicina do Trabalho. Entre os historiadores da Medicina Social e Saúde Pública, Henry Sigerist (1891-1957) e George Rosen (1910-1977)) destacaram-se por suas contribuições de abrangência universal, onde a obra de Ramazzini é tratada de forma muito especial.

Entre nós, parece ter sido o Dr. Francisco Carneiro Nobre de Lacerda Filho um dos primeiros a estudar, publicar e divulgar a vida e obra de Ramazzini, já nos idos de 1940, e depois em 1956, em seu livro Homens, Saúde e Trabalho. É de 1956, também, a contribuição do Dr. Bernardo Bedrikow, quando publicou texto sobre Ramazzini - O Pai da Medicina do Trabalho, que por seu conteúdo e beleza permanece mais atual que nunca. Mais tarde, o Dr. Raimundo Estrela, ao apresentar a tradução da obra-prima de Ramazzini, ao português, sobre sua vida e obra se pronunciou, com a erudição e o estilo, próprios de um fino escritor como é. Outrossim, é quase certo que outros colegas também o tenham feito, em diferentes momentos e lugares, o que reforça nossa tese sobre a inesgotabilidade desta fonte de inspiração para a nossa vida e profissão.

• RESUMO E COMENTÁRIOS

Nosso biografado ilustre nasceu, na Itália, em Carpi, na Emilia-Romagna, a 18 quilômetros de Módena, no dia 4 de outubro de 1633. Desenvolveu sua formação escolar básica em escola jesuítica da mesma cidade, indo aos 19 anos para a Universidade de Parma, a fim de completar sua formação em Filosofia. Cursou posteriormente Medicina na mesma universidade, onde graduou-se em 21 de fevereiro de 1659, portanto com pouco mais de 25 anos. Cabe lembrar que na Itália, desde o século XIII, os estudos filosóficos de três anos de duração antecediam, obrigatoriamente, a formação acadêmica e prática do médico.

Sentindo a necessidade de prosseguir seus estudos e ampliar sua experiência prática, Ramazzini fixou-se por alguns anos em Roma, onde, acompanhado de seu mestre Antonio Maria Rossi, trabalhou em diversos hospitais da cidade. Afirmam alguns que, nesta primeira fase de sua vida profissional, Ramazzini teria também trabalhado alguns anos nas comunidades de Canino e de Marta, na província de Viterbo.

Consta que Ramazzini, durante seus primeiros anos de prática profissional, teria então adoecido, aparentemente por malária-quartã, com crises de icterícia, o que o forçou a retornar à casa de seus pais, em Carpi.

Após seu casamento com Francesca Righi, com quem teve três filhos, Ramazzini estabeleceu-se como médico prático, em Módena, onde, a partir de 1671, exerceu a profissão em tempo integral, tendo adquirido grande reputação como médico e cientista interessado em temas de Física e áreas afins. A fase de sua vida em Módena vai de 1671 a 1700.

Na procura de cérebros privilegiados e brilhantes para formar os quadros daquela novel Universidade de Módena, o Duque Francesco II d’Este, em 1682, convidou Ramazzini para lecionar na cadeira de Medicina Teórica, e depois de três anos, nas cadeiras de Medicina Teórica e de Medicina Prática. Então com 49 anos, Ramazzini permaneceu lecionando por longos 19 anos.Foi este, seguramente, o tempo de vida profissional mais profícuo, época em que publicou regularmente inúmeras observações e estudos em vários campos da Medicina e de outras ciências, tanto na forma de artigos como na de livros.

Ramazzini começa a se tornar mais conhecido e reconhecido fora de sua região e país, vindo, em 1690, a tornar-se membro da prestigiosa “Academia Caesario-Leopoldina dos Curiosos da Natureza”, em Viena, para a qual foi eleito, com a idade de 57 anos. Nesse ambiente, foi-lhe atribuído o cognome de “Hipócrates III”, posto que lesse assiduamente Hipócrates em grego, e conhecesse sua vida e obra, como poucos. Torna-se amigo e confrade de cientistas como Marcello Malpighi (1628-1694), Giovvani Lancisi (1654-1720), Gottfried Leibniz (1646-1704) - entre outros - com quem muitas vezes encontrou-se na Itália, mantendo, ademais, ativa correspondência com muitos deles.

Nesta época, ano acadêmico de 1690/91, Ramazzini inicia no curso médico de Módena, suas aulas sobre a matéria que denominou De Morbis Artificum - as doenças dos trabalhadores. Suas observações e apontamentos de aula, mais tarde constituidores de seu “diatriba” - tratado - que intitulou De Morbis Artificum Diatriba, resultaram da amalgamação de uma sólida bagagem de erudição na literatura histórica, filosófica e médica disponível - como se verá adiante -, com as observações colhidas em visitas a locais de trabalho, e entrevistas com trabalhadores.

Conforme relato feito pelo próprio Ramazzini, o despertar do seu interesse pelas doenças dos trabalhadores e pela elaboração de um texto voltado para este tema deu-se a partir da observação do trabalho dos “cloaqueiros”, em sua própria casa, em Módena. Esses trabalhadores tinham a tarefa de esvaziar as “cloacas” (“fossas negras”) que armazenavam fezes e outros dejetos, como aliás

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