A EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DO EFLUENTE DE UMA INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS
Por: Daniella Novais • 15/10/2018 • Trabalho acadêmico • 2.590 Palavras (11 Páginas) • 207 Visualizações
A EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DO EFLUENTE DE UMA INDÚSTRIA DE COSMETICOS.
Drª Núbia Nathalia BRITO
Instituto de Química – Universidade Federal de Goiás
Lorena Pereira de BRITO,
Rute de Paula LEMES,
Ana Carolina B. RAMOS,
Valeria VALLE
Instituto de Química – Universidade Federal de Goiás
RESUMO: A expansão comercial e o desenvolvimento de técnicas de preservação da saúde proporcionaram um aumento da produção de cosméticos e da geração de efluentes desse setor. Este trabalho avaliou a eficiência do tratamento de uma indústria de cosméticos que utiliza um sistema de tratamento convencional com eficiência média de remoção de DBO de 45,48%, apresentando resultados para os ensaios de DQO, DBO, OG e pH fora dos padrões exigidos pelas legislações aplicáveis. Consequentemente faz se necessário a implantação de um novo sistema.
- Introdução
Os países mais desenvolvidos no século XX mostrava uma crescente produção de matérias-primas e cosméticos, marcadamente após as duas guerras mundiais. O cinema, a televisão, a maior velocidade entre as comunicações internacionais, contribuíram para a expansão comercial e para os avanços no setor tecnológico e cultural. Ao final do século, a consagração da ciência e da indústria cosmética foi inegável. A indústria de cosméticos transformou-se em um fator econômico empresarial de grande importância. (HEEMANN, A. C. W et al,. 2010). Além do consumo voltado para beleza e estética outro fator que contribui para o crescimento das indústrias é o da preservação da saúde e a prevenção de danos causados pelos raios solares, segundo a Organização Mundial da Saúde, 2009 (OMS) mostra que 60 mil pessoas por ano morrem de doenças relacionadas ao excesso de radiação solar no corpo, o que leva a busca de investimentos contínuos e a diversificação ainda mais os seus produtos (Fritz, 2006).
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio ás Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2011), o Brasil ocupa o 4ª lugar no ranking mundial no consumo de cosméticos. As indústrias desse segmento causam grandes impactos aos corpos hídricos, devido ao volume de efluentes gerados com composição variadade: óleos, fosfatos e polifosfatos, despejos amoniacais, corantes e tensoativos. (ABIHPEC, 2010).
Conforme MORAES (2010), os corantes quando em contato com a água dificultam a penetração de luz solar, diminuindo o processo fotossintético e também possuem efeitos carcinogênicos e tóxicos. Já os óleos e graxas prejudicam a eficiência do tratamento de efluentes por processos biológicos, além de impedir a transferência do oxigênio da atmosfera para o meio hídrico, trazendo problemas à vida aquática. (ABIHPEC, 2010).
Com intuito de amenizar essas cargas de poluição as indústrias de cosméticos procuram alternativas que atendam sua demanda sendo viável, sustentável, e que se enquadre dentro da Resolução CONAMA 430/2011 que dispõe sobre as condições de lançamento de efluentes e da NBR 9800/1987 que dispoé sobre o lançamento de efluentes na rede coletora da Saneago. Um sistema utilizado de baixo custo é através da tecnologia de tratamento via digestão anaeróbia utilizando a de fossa séptica e o sumidouro
A fossa séptica (FAEDO, 2010) é um dos mais antigos processos anaeróbios, sua primeira versão chamada de fossa Moura foi criada por volta de 1872 na França, em 1896 sofreu mudanças estruturais e foi patenteada na Inglaterra denominada de tanque séptico. A partir de 1896 começou a ser difundida com algumas inovações que aumentaram sua eficiência. Enterrado para a depuração de efluentes o processo ocorre via digestão biológica anaeróbia, onde inicialmente acontece à hidrólise ou quebra das moléculas de proteínas, lipídios e carboidratos até a formação dos produtos finais, essencialmente gás metano e dióxido de carbono, dessa forma ocorrem à separação da matéria orgânica do líquido.
O filtro biológico consiste de um tanque com leito preenchido com material suporte, geralmente pedras ou outro material inerte de grande área superficial que permanece estacionário e submerso os microrganismos se desenvolvem aderidos ao material suporte formando um biofilme e nos espaços vazios na forma de flocos ou grânulos, proporcionando assim a retenção da biomassa contida no esgoto (AISSE, et al., 2000)
Os sumidouros consistem em escavações, cilíndricas ou prismáticas, tendo as paredes revestidas por tijolos, pedras e outros materiais. Tem a função de receber o efluente tratado e permitir que ocorra a infiltração do liquido no solo. Segundo MARCHETTI (2014) este tratamento biológico convencional não é uma opção viável devido à baixa remoção de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) e Demanda Química de Oxigênio (DQO). Segundo FAEDO (2010), o uso dos tanques sépticos obtém de DBO sucesso quando aplicado principalmente a pequenas e médias vazões, pois se trata de um sistema compacto, de baixo custo, fácil e eventual manutenção, sua desvantagem esta na pouca eficiência na remoção de patógenos e sólidos dissolvidos, porém quando associado a um pós-tratamento para seu efluente os resultados são satisfatórios, geralmente 40 a 70% de remoção.
Este trabalho avaliou a eficiência do tratamento de efluentes de uma indústria de cosméticos de Goiás de nome X que utiliza em seu tratamento: caixa separadora de gordura, um produto denominado Biomix, Produto Biológico em gel, composto de micro-organismos e agentes neutralizantes adicionados à fossa séptica que atuam na degradação da matéria orgânica, seguido de um filtro anaeróbio e sumidouro. Os parâmetros utilizados na avaliação da eficiência das tecnologias de tratamento em estudo foram: DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), DQO (Demanda Química de Oxigênio, OG (Óleos e Graxas totais) e pH (Potencial Hidrogenionico).
- Materiais e Métodos
A industria de Cosmeticos X situada em Trindade/GO dispõe seu sistema de tratamento da seguinte forma: O efluente bruto passa por gradeamentos, caixa separadora de água e óleo, tanque de equalização, filtro anaeróbio e sumidouros onde seu destino final é controlado pela Saneago. Conforme citado na Figura 1 abaixo.
[pic 1]
Figura 1 – Fluxograma de Tratamento
O gradeamento é composto de dois modos, no 1ª gradeamento são removidos as partes sólidas grosseiras do efluente, e no 2ª partículas finas, em seguida o elfuente passa por uma caixa separadora de água e óleo onde parte da oleosidade é reduzida, seguindo para um tanque de equalização, que receberá Hidróxido de Sódio para regular seu pH e um produto biológico para digestão anaeróbica da marca BioMix, composto pelas bactérias Bacillus subtillalis, Bacillus lichenformis e Bacillus sp. São dosados 20L de solução de biomassa a 30g/L e 20L de solução de hidróxido de sódio 50g/L. O efluente é conduzido para filtro anaeróbio e logo após, o filtrado passa para os sumidouros onde é sua disposição final.
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