Alcoolquimicos: Acido Acético e Acetato de Etila
Por: Mônica Simon • 3/10/2019 • Trabalho acadêmico • 4.819 Palavras (20 Páginas) • 294 Visualizações
Contexto Histórico
O ácido acético é um composto no qual sua utilidade é conhecida desde os tempos antigos. Essencialmente
era utilizado como conservante de alimentos em potes de conserva e na refinaria de metais. Sua produção
era feita a partir da fermentação do vinho, sendo considerado um dos primeiros compostos a serem
produzidos de forma intencional pela humanidade, mais ou menos 3000 anos antes de Cristo.
A história da sua produção pode ser dividida em cinco partes: de 1700 a 1910; 1910 a 1950; 1945 a 1970;
1970 a 1985; 1985 até os dias atuais.
1700 - 1910: A produção do ácido acético era feita essencialmente a partir da fermentação do vinho. Sua
produção em larga escala aconteceu a partir dos anos 1700 pelo processo Orleans (slow), que consistia na
fermentação de vinho num processo semi-contínuo, onde o vinho era acrescentado gradualmente até o barril
ficar cheio. Entretanto este processo foi substituído pelo proces
so “German” (fast), onde o vinho era constantemente adicionado junto a carvão vegetal ou pedaços de
madeira e oxidado com uma corrente de ar, para melhorar a atividade bacteriana (um exemplo de reator
continuo da antiguidade). Era capaz de produzir mais de 10 toneladas por dia. Este processo de fermentação
foi substituído pela destilação da madeira, onde também era produzido metanol, ácido acético, acetato de
metila, acetona, metil etil cetona e creosoto. Este processo, porém, era ineficiente, pois gerava muito gasto
de energia e acumulo de dejetos. Não era possível produzir ácido acético glacial ainda.
1910 – 1950 – O período do acetileno
Comumente na indústria química, novas tecnologias e processos são criados quando há a existência de
produtos que não atenderam às expectativas de resultado e se faz necessário substituí-los, gerando novos
produtos e novas indústrias, principalmente quando as matérias primas são baratas ou mais eficientes,
gerando assim novas tecnologias. No caso da indústria acetil, foi o advento do acetileno (eteno). Este era
gerado a partir do aquecimento do carvão e cal, hidrolisando o acetileto de cálcio (carboneto de cálcio).
Isso resultou no primeiro processo completamente sintético do ácido acético, envolvendo a adição de água
no acetileno na presença de sulfato de mercúrio e ácido sulfúrico, formando acetaldeído (etanal), que era
oxidado para ácido acético. Foi o primeiro processo onde pode gerar prontamente ácido acético glacial.
Os eventos que realmente foram a força motriz da indústria do acetil foram a primeira guerra mundial e a
indústria de aviação. Para a guerra, a acetona se fez mais necessária devido ao seu uso em pólvoras que não
geravam fumaça (cordite). Já para a aviação, os plásticos estavam começando a ser inseridos, sendo que
este era a nitrato de celulose. Na aviação era utilizado para fortalecer as asas e tapar os poros presentes na
estrutura, porém rapidamente foi percebido que não daria certo, pois o nitrato de celulose é altamente
inflamável, podendo entrar em ignição no meio do voo. A solução para este problema veio com a descoberta
do triacetato de celulose, feito a partir da acetilação da celulose com ácido acético anidro catalisado por
ácido sulfúrico, que é solúvel em ácido acético ou acetona, estável, não inflamável e hidrofóbico.
O próximo processo de destaque, depois de 30 anos da destilação da madeira, foi a desidrogenação do
etanol e os processos de acetileno como base como fontes de acetils. Os três processos continuaram servindo
para suprir a demanda de ácido acético e o anidro, seguido da introdução do acetato de vinila (colas, tintas
látex, adesivos e gomas de mascar) e melhorias na manufatura de acetaldeído e ácido acético anidro.
1945 – 1970 – A era petroquímica
No alvorecer da indústria petroquímica (1940 USA; 1950 Europa), a indústria química rapidamente
extinguiu o carvão e o acetileno como matérias primas e trocou pelo uso de produtos obtidos do
craqueamento e fracionamento do petróleo. Um fator muito importante que marcou esta era foi o uso de
hidrocarbonetos, oleofinas (alcenos – etileno e propeleno), benzeno, tolueno e xileno, que já eram
acessíveis, como matéria prima. Isso mudou bastante a forma da indústria do acetil. Tal método foi a porta
de entrada para o desenvolvimento de catalisadores homogêneos metálicos de transição e conduziu a era
da química dos organometálicos. Tais tecnologias influenciaram muito na fabricação de todos os acetils.
Outro fator muito importante foi o desenvolvimento de novos materiais de construção para reatores,
especialmente os resistentes a corrosão induzida por halogenetos.
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O método de carbonilação começou a emergir nesta época como uma reação promissora utilizando iodetos,
porém requisitava temperatura e pressão elevadas (250°C; 680atm), sendo que não era economicamente
viável, pois era muito caro construir e manter uma planta em que se operasse em tais condições. Apenas na
metade da década
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