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As Olimpíadas de Química

Por:   •  3/3/2020  •  Projeto de pesquisa  •  10.072 Palavras (41 Páginas)  •  189 Visualizações

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e-ISSN 1984-2686

ARTIGO ORIGINAL

 

Olimpíadas de Química e Representações Sociais: um estudo de caso na visão de seus coordenadores

Chemistry Olympics and Social Representations: a case study from the point of view of its coordinators

Resumo

O presente trabalho apresenta os resultados de pesquisa de doutorado[a] sobre as Representações Sociais dos Coordenadores de Olimpíadas de Química, acerca dessas olimpíadas. Os sujeitos de um grupo social constroem um conhecimento coletivo acerca dos objetos da realidade social, compartilhado na comunicação e interação cotidiana. As Olímpiadas de Química no Brasil ocorrem regularmente desde 1996 e com a participação de todos os estados.  Elas são organizadas e coordenadas por um grupo de professores de Química, que programa, direciona, prepara, aplica e corrige as provas anuais. Pode-se dizer que o evento tem grande visibilidade social e a visão de seus organizadores (coordenadores) é fundamental em sua construção social. A pesquisa está fundamentada teórico-metodologicamente na Teoria das Representações Sociais (TRS), segundo uma perspectiva psicossocial e cultural elaborada por Serge Moscovici (1961).  A realidade vivida por esses coordenadores permite considerá-los como um grupo social e as Olimpíadas de Química como objeto de representação social, uma vez que o conjunto de ideias e crenças que eles possuem é resultante de suas interações sociais. Neste contexto, foram realizadas entrevistas com 43 coordenadores,  que estão vinculados, em sua maioria, a instituições públicas de ensino de todos os estados brasileiros.  Foi empregado o recurso da indução de metáforas, considerando o papel estruturante destas na linguagem e na elaboração das representações sociais; como método de análise foi realizada uma análise de conteúdo.[b] Ao usar metáforas ligadas ao seu contexto, os sujeitos da pesquisa apontam a correlação entre as Olimpíadas de Química, seu contexto e seus objetivos.  Assim, buscou-se conhecer, a partir das representações, a relação percebida pelso coordenadores entre as Olimpíadas e o Ensino da Química.

Palavras-chave: Olimpíadas de Química; Representações Sociais; Ensino de Química.

Abstract

This paper presents the results of a doctoral research on the Social Representations of the Chemistry Olympics Coordinators, about these Olympics.  The subjects of a social group build a collective knowledge about the objects of social reality, shared in everyday communication and interaction.  The Chemistry Olympics in Brazil have been taking place regularly since 1996 and with the participation of all states.  They are organized and coordinated by a group of chemistry teachers who program, direct, prepare, apply and correct annual tests.  The view of the Chemistry Olympics by these coordinators is fundamental to their realization.  The research is based theoretically and methodologically on the Theory of Social Representations (TRS), according to a psychosocial and cultural perspective elaborated by Serge Moscovici (1961).  The reality lived by these coordinators allows us to consider them as a social group and the Chemistry Olympics as an object of social representation, since the set of ideas and beliefs they have is the result of their social interactions.  In this context, interviews were conducted with 43 coordinators, who are mostly linked to public educational institutions from all Brazilian states.  Metaphor is a picture of common language, because it uses a word in a denotative context and takes it to a new field of meaning, the connotation.  The comparison between them leads to the observation of what is similar between them.  Using metaphors linked to their context, the research subjects point out the correlation between the Chemistry Olympics, their context and their objectives.

Key words: Social Representation;Chemistry Olympiad; Chemistry Teaching.

Introdução

A Química provoca estranhamento em alunos de Ensino Médio. Fórmulas, abstrações, nomes e nomenclaturas, funções inorgânicas e orgânicas, modelos, teorias, cálculos são algumas das causas desse estranhamento. Na mesma linha, uma disputa intelectual de uma olimpíada, envolvendo essa disciplina, parece ainda mais interessante, principalmente por ser uma das etapas para a participação da Olimpíada Internacional de Química (IChO, International Chemistry Olympiad).

O[c] ensino da Química, em via de regra, sempre foi voltado, anos atrás, para os vestibulares, de uma forma conteudista, distante da realidade. Hoje, para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), com o advento dos PCN e do próprio ENEM, houve uma mudança significativa no foco do ensino da Química, que se torna mais contextualizada e menos conteudista.

O que os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1999), de Química para o Ensino Médio apresentam é que a investigação sobre a Natureza e o desenvolvimento tecnológico compõem uma cultura científica que deve produzir conhecimento escolar, com uma inter-relação de conceitos cotidianos e científicos.

No entanto, esse pressuposto esbarra numa questão cotidiana: os alunos não sabem ou não entendem o motivo de se estudar/aprender Química, pois a transmissão desse conhecimento muitas vezes é falha e deficiente. Junte-se a isso a necessidade de o aluno ter domínio de conteúdos anteriores, por exemplo, de Matemática. Miranda e Costa (2007) apontam que essa práxis é danosa ao aluno, uma vez que não há uma correlação clara entre o que estuda no ambiente escolar, na Natureza e na sua própria vida

        O uso de memorização de conteúdos apresenta uma baixa retenção dos mesmos, porque, segundo Stuart e Marcondes (2009, p. 54),  para a resolução de um problema ou para a compreensão de conceitos, um aluno precisa de diferentes níveis de “demandas cognitivas que se manifestam em processos mais complexos como reflexão e análise; ou, mais simples como memorização e aplicação de algoritmos”. Sem as relações ‘sala de aula/cotidiano’ e ‘teoria/prática’, inibem-se as atividades investigativas do aluno e mantém-se a transmissão de conhecimentos, em que o professor direciona,  para o aluno, os conhecimentos, sem reflexão e análise. Ao contrário disso, seria a contextualização, utilização adequada de recursos áudiovisuais, aulas práticas (não necessariamente em laboratórios, podendo ser em atividades fora de sala de aula) etc.

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