Avaliação da qualidade da água frente à mortandade de peixes ocorrida em fevereiro de 2016 no Rio Buranhém (Porto Seguro, Bahia)
Por: patricia912379 • 14/11/2016 • Seminário • 922 Palavras (4 Páginas) • 557 Visualizações
Avaliação da qualidade da água frente à mortandade de peixes ocorrida em fevereiro de 2016 no Rio Buranhém (Porto Seguro, Bahia)
Patrícia Gomes Costa; Ana Laura Venquiaruti Escarrone; Joseane Aparecida Marques; Marcus Luciano Souza de Ferreira Bandeira; Marcos Eduardo Cordeiro Bernardes, Leonardo Dias Nascimento; Allison Gonçalves Silva; Adalto Bianchini.
Introdução (100 palavras)
O Rio Buranhém é o maior rio que cruza os municípios de Porto Seguro/BA (112.032 habitantes) e Eunápolis/BA (143.282 habitantes). Sua passagem por estas cidades sugere que a qualidade de suas águas possa estar sendo comprometida, uma vez que vários estudos destacam a falta de saneamento básico na região. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a qualidade da água do rio Buranhém frente à presença de metais, hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) e compostos organoclorados [bifenilas policloradas (PCBs) e praguicidas], como possível causa da mortandade de peixes observada em fevereiro/2016.
Metodologia (110-200 palavras)
Amostras de água foram coletadas em triplicata em seis pontos amostrais (P1, P2, P3, P4, P5 e P6) distribuídos ao longo do curso do Rio Buranhém e região costeira adjacente, imediatamente após a ocorrência da mortandade de peixes. Nestas amostras foram analisados parâmetros físico-químicos, metais e contaminantes orgânicos. As amostras para as determinações de metais foram armazenadas em tubos plásticos, que foram protegidos da ação da luz e do calor até a chegada ao laboratório, onde foram filtradas (0,45 μm de malha) e acidificadas com HNO3 Suprapur (concentração final: 1%). A fração dissolvida dos metais (Cu, Pb, Zn, Cd, Cr, Fe e Ni) foi determinada por espectrofotometria de absorção atômica acoplada a forno de grafite. Para a determinação dos contaminantes orgânicos, as amostras foram coletadas em garrafas de vidro e submetidas à extração em fase sólida. A análise dos HPAs foi realizada por cromatografia gasosa acoplada a espectrômetro de massas. As análises dos PCBs e praguicidas clorados estão sendo realizadas por cromatografia gasosa com detector de captura de elétrons. Os dados foram expressos como média ± erro padrão. Em todos os casos foi utilizado um nível de significância de 95%. As análises estatísticas foram realizadas na linguagem de programação R.
Resultados e Discussão (250-400 palavras)
A temperatura da água foi homogênea entre os pontos amostrais (de 28,2 oC em P4 a 31,4 oC em P6). O pH da água foi levemente ácido em P1 (6,5), P2 (6,1) e P3 (6,6) e levemente básico em P4 (8,0), P5 (8,0) e P6 (7,9). A salinidade da água em P1 (0,8) e P2 (0,4) correspondeu à água doce, em P3 (20,9) e P6 (27,9) à água salobra e em P4 (33,7) e P5 (32,7) à água marinha. Os níveis de oxigênio dissolvido (mg O2/L) em P1 (2,0), P2 (1,7) e P3 (3,3) foram abaixo daqueles naturais para corpos de água doce e salobra e normais em P4 (5,11), P5 (5,70) e P6 (5,55). O total de sólidos em suspensão foi bastante elevado em P1 (754 ppm) e P2 (360 ppm) e reduzido nos demais pontos amostrais (de 16,8 ppt em P3 a 25,7 ppt em P4). Os níveis de nutrientes (N e P) foram elevados em quase todos os pontos amostrais, indicando eutrofização. Os níveis de Fe foram excessivamente elevados em P1 (3300 µg/L), P2 (3316 µg/L) e P3 (632 µg/L). O Fe é utilizado em estações de tratamento de água para abastecimento público como agente de coagulação e floculação. Assim, as alterações nos parâmetros físico-químicos e níveis elevados de Fe observados principalmente em P1, P2 e P3 podem estar associados a efluentes domésticos e/ou industriais. As concentrações dos outros metais em P1 e P2 estiveram em níveis considerados baixos. Para os demais pontos amostrais, Pb (de 2,36 µg/L em P3 a 30,11 µg/L em P6), Ni (de 6,18 µg/L em P3 a 15,83 µg/L em P4) e Zn (de 1452 µg/L em P5 a 1899 µg/L em P4) se mostraram em concentrações elevadas. Concentrações de Ni em águas superficiais naturais podem chegar a 100 µg/L, o que indica que os níveis de Ni observados, embora elevados, não devem ser apontados como de risco ao ambiente estudado. O Pb é um metal tóxico e amplamente utilizado em atividades industriais e agrícolas. Portanto, sua presença nas águas analisadas pode estar associada a lançamentos de efluentes destas atividades. Por sua vez, o Zn é um metal amplamente difundido no ambiente, que pode ser tóxico à biota aquática quando em concentrações excessivas. Quanto aos contaminantes orgânicos, não foram detectados níveis de HPAs acima do limite de quantificação do método utilizado. As concentrações de PCBs e praguicidas clorados ainda estão sendo determinadas.
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