Bioincrustação marinha química
Por: Joice Ribeiro • 26/2/2016 • Projeto de pesquisa • 866 Palavras (4 Páginas) • 480 Visualizações
As embarcações que ficam por muito tempo atracadas ficam sujeitas ao biofouling, resultando o aumento da fricção entre o casco e a água, demandando uma maior potência dos motores gerando assim um aumento no consumo de combustível. Esta elevação causa o aumento da frequência de docagens que gera um incremento de custos e de resíduos; levando a um aumento das taxas de corrosão (Castro et al;2011).
Segundo Railkin (2004) o fenômeno da bioincrustação é composto de grandes concentrações de biomassa em substratos fixos submersos. O biofouling (ou bioincrustação marinha) é o processo resultante do crescimento ou da colonização de bactérias, algas, esponjas e/ou invertebrados sésseis em superfícies submersas seja naturais como rochas, por exemplo, ou estruturas criadas pelo homem como cascos de navios, cordas, boias, cais e plataformas.
Para se contornar esse problema foram criados sistemas antiincrustantes que apresentam em sua composição compostos organoestânicos. Esses compostos apresentam uma ameaça à biota aquática em áreas com intensa atividade naval originando mutações em espécies como moluscos, algas, zooplânctons e ostras condenando estes à extinção.
A presença de compostos organoestânicos em tintas agindo como biocida aconteceu em 1961. Devido à alta eficiência dos compostos seu uso cresceu nas décadas seguintes.
De acordo com Santalla (2008) desde a criação até os anos 90, o uso desse produto aumentou de 1500 para 50.000 toneladas por ano. Não obstante estes e principalmente os que contêm tributilestanho (TBT), alcançaram grande notoriedade devido sua toxidade, pois os mesmos afetam peixes, bivalves, gastrópodes, crustáceos e algas.
Do ponto de vista ambiental, o grave problema ocorre quando as embarcações estão paradas nos ancoradouros. Ocorrendo assim um grande aumento dos COEs ( Compostos organoestânicos )nas águas dos atracadouros e marinas que contém grande quantidade de pequenas embarcações de passeio de suma maioria pintada com o sistema convencional, ou seja, tintas de livre-associação à base de compostos (TBT).
No ano de 1981 houve o surgimento de órgãos sexuais masculinos em fêmeas de caramujos da espécie (Nassarius obsoletus) o fato ocorrido deu-se pela presença do TBT em águas contaminadas. Esse fenômeno foi chamado de "imposex" ou "pseudohermafroditismo". O grau de desenvolvimento do pênis e a frequência do "imposex" são relacionados aos níveis de TBT na água e estes níveis são mais intensos próximos de portos e marinas. Estudos realizados posteriormente confirmaram a relação entre o "imposex" nos caramujos (Ilyanassa obsoleta) com a presença do TBT nas águas salinas (Godói, Ana Flávia Locateli; Favoreto, Rodrigo; Silva-Santiago, Mary; 2003).
O TBT (tributil-estanho) é utilizado como biocida em tintas devido á sua eficiência e por estar disponível em diversas cores.
Compostos orgânoestânicos (COEs ou OTs) possuem fórmula estrutural geral RnSnX4-n onde R representa um grupo alquil ou aril e X apresenta uma espécie aniônica como óxido, cloreto, hidróxido ou outro grupo funcional; n apresenta uma variação de 1 a 4, estes compostos apresentam como principal característica á presença de uma ou mais ligações carbono-estanho. Orgânoestânicos apresentam uma série de propriedades sendo como principais a grande afinidade do estanho por um átomo doador de Lewis, tais como um átomo de oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre e em segundo propriedades biocidas contra pequenos animais, moluscos, insetos, fungos e bactérias dependendo do número de ligações Sn-C. Esta ultima característica destaca-se na aplicação do tributil-estanho (figura 1) nas tintas anti-incrustantes (Trovati, Graziella; 2011) e (Rocha, Marcus Vinicius Juliaci; 2010).
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