NOVA QUÍMICA NA ESCOLA
Tese: NOVA QUÍMICA NA ESCOLA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Clarinhameida • 26/9/2014 • Tese • 3.903 Palavras (16 Páginas) • 293 Visualizações
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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Ataque à Pele N° 1, MAIO 1995
camada de ozônio. Daí, a preocu- pação com a possível destruição da camada de ozônio pela ação das substâncias emitidas pelas turbinas de aviões supersônicos, aviões militares e jatos comerciais e dos aerossóis que expelem clorofluorocarbonetos. A radiação eletromagnética pode ser descrita como sendo constituída por ondas eletromagnéticas. As dife- rentes ondas que compõem a radia- ção solar podem ser diferenciadas através de seus comprimentos de onda. A distância entre dois pontos simétricos e consecutivos de uma onda (ou de dois mínimos) é o que se denomina comprimento de onda (Figura 1). Da parte do espectro eletromagné- tico que atinge a superfície da Terra (ultravioleta, visível e infravermelho), a faixa que está diretamente envolvida com o bronzeamento da pele é a do ultravioleta, a mais energética das três. Essa faixa possui um comprimento de onda que varia, aproximadamente, de 200 a 400 nanometros. De acordo com
Michelle L. Costa Aluna de graduação do Departamento de Química da Universidade de Brasília, Brasília - DF Roberto Ribeiro da Silva Bacharel em Química, doutor em ciências pela Universidade de São Paulo. Docente do Departamento de Química da Universidade de Brasília, Brasília - DF
Tabela 1: O espectro eletromagnético. Um nanometro (nm) corresponde a 10-9 m.
filtros solares, bronzeamento, radiação ultravioleta
A ciência e a tecnologia têm sido ao mesmo tempo solução e causa de problemas sociais. A seção “Química e sociedade” apresenta artigos que focalizam aspectos importantes da interface ciência/ sociedade, procurando sempre que possível analisar o potencial e as limitações da ciência na solução de problemas sociais. Este texto inicia a série falando sobre os efeitos da luz solar sobre a pele humana. Paralelamente ao efeito mais visível, o bronzeamento, a exposição excessiva ao sol pode causar eritemas e até mesmo alguns tipos de câncer, efeitos que podem ser minimizados pelo uso de loções que contenham substâncias que atuem como filtros solares.
zeado. Hoje em dia, o sentido do bronzea- do está intimamente ligado a tempo de lazer ou a férias. Nessas ocasiões, as pessoas gastam mais tempo preocu- pando-se com a estética. Tanto na praia como na piscina, as queixas são sem- pre as mesmas: • Por que é que todo mundo con- segue pegar um bronzeado melhor do que o meu? • Será que possuem um tipo dife- rente de pele? • Será que estão usando um bron- zeador com algum tipo de fórmula mágica? • Por que minha pele quase sem- pre fica vermelha e descasca? Acabe com as chateações contro- lando seu bronzeado. É fácil: basta sa- ber como o sol afeta a pele e como derterminadas substâncias atuam numa loção. Vamos começar pelas noções básicas. O beabá dos raios solares O sol emite um amplo espectro de radiação eletromagnética, e a maior parte dela é muito nociva para os se- res vivos. No entanto, grande parte da radiação nociva – raios cósmicos, raios X, ultravioleta (Tabela 1) – é absorvida pelas camadas superiores da atmosfera, principalmente pela
Uma investigação histórica do banho solar entre os seres humanos traz conclusões bastante curiosas. Mesmo em uma rápida retrospectiva, verifica-se que a pele branca muitas vezes indicou posição de destaque na sociedade. Enquanto trabalhadores, servos e escravos passavam a maior parte do seu tempo ao sol, os aristocratas pro- curavam a sombra, carregando guar- da-sóis, usando chapéus ou viseiras e ficando em lugares cobertos. Para muitos, entretanto, a Revolução Indus- trial levou embora a busca da palidez. Os trabalhadores, agregados em fábricas, passavam longos períodos em lugares fechados. A industrialização barateou o custo da sombra e aumen- tou o preço da luz solar. Quem tinha um bronzeado mostrava que tinha tempo livre e saúde para viajar aos locais onde pudessse tomar muito sol. Esta é uma versão da história. Uma outra é que na alta sociedade européia, na década de 20, o chique era ter a tez branco-leite. Somente pessoas simples, que traba- lhavam nos campos, eram bronzeadas. Então, a estilista Coco Chanel, depois de um cruzeiro pelo Mediterrâneo, apareceu com um bronzeado dourado. Sempre ditando tendências, Chanel fez de sua cor a coqueluche do momento. Foi aí que começou a nova era do bron-
QUÍMICA e SOCIEDADE
Tipo de radiação Comprimento de onda / nm
raios cósmicos e raios gama
raios-X
raios ultravioleta
luz visível
luz infravermelha
microondas
ondas de rádio
0,01 a 0,1
0,1 a 200
200 a 400
400 a 700
700 a 50 000
50 000 a 10 000 000
10 000 000 a 10 x 1012 m
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suas propriedades físicas e com seus efeitos biológicos, a faixa ultravioleta é normalmente dividida em sub-regiões. São elas: UV-C, UV-B, UV-A. Os raios UV-C variam de 200 a 290 nm, sendo os de maior energia e me- nor comprimento de onda. Essa radia- ção é nociva aos tecidos vivos. Pode matar organismos unicelulares e preju- dicar a córnea dos olhos. Felizmente, o UV-C é absorvido pela camada de ozônio da atmosfera. O comprimento de onda dos raios UV-B varia de 290 a 320 nm, e atinge a superfície da Terra em quantidades muito pequenas. O UV- B provoca a vermelhidão associada às queimaduras do sol, sendo também um dos grandes causadores de alguns tipos de câncer de pele. Os raios UV-A variam de 320 a 400 nm e são a menos energética das três sub-regiões. ‘Luzes negras’, usadas para iluminar boates, estão incluídas nesse comprimento de onda. Assim como o UV-B, o UV-A é capaz de acionar os mecanismos do bronzeamento, sendo chamado algu- mas vezes de ‘raio bronzeador do sol’. Embora o UV-B seja o principal res- ponsável pelos efeitos nocivos à pele, alguns especialistas acreditam que o UV-A também contribua na produção de queimaduras. A profundidade da pele A pele humana possui diversas camadas de tecido. A camada mais externa é conhecida como epiderme. Na parte superior da epiderme, o estrato córneo, células mortas estão
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