A ARGUMENTAÇÃO E EXPRESSÃO LINGUÍSTICA
Por: luanevsantos • 11/10/2020 • Projeto de pesquisa • 6.423 Palavras (26 Páginas) • 219 Visualizações
UNIDADE D
ARGUMENTAÇÃO E EXPRESSÃO LINGUÍSTICA
Links ao conteúdo:
- D1. Tema
- D2. Tese e argumentos
- D2.1. A tese
- D2.2. Os argumentos
- D3. Marcadores discursivos
- D3.1. Os operadores
- D3.2. Os mobilizadores
- D3.3. Os índices de avaliação
- D3.4. A quantificação
- Atividades Unidade D
- Conclusão da Unidade D
- Referências
Objetivos
- Reconhecer a argumentação como prática discursiva;
- Distinguir tema, tese e argumentos;
- Identificar mecanismos linguísticos de construção da argumentação;
- Realizar práticas de produção de parágrafos com orientações argumentativas distintas;
- Produzir gêneros textuais adequados à situação comunicativa delimitada.
Introdução
A finalidade de todo ato de comunicação não é informar, mas é persuadir o outro a aceitar o que está sendo comunicado. O ato de comunicação é um complexo jogo de manipulação com vistas a fazer o enunciatário crer naquilo que se transmite. A linguagem é sempre comunicação, mas ela o é na medida em que é produção de sentido.
O falante/produtor (enunciador) utiliza-se de certos procedimentos argumentativos, visando levar o ouvinte/leitor (enunciatário) a admitir como válido o sentido produzido. A argumentação consiste no conjunto de procedimentos linguísticos e lógicos usados pelo enunciador para convencer o enunciatário. Devido a isso, não há sentido na divisão que se faz entre discursos argumentativos e não argumentativos, pois todos os discursos têm um componente argumentativo, uma vez que todos objetivam a persuasão. Nesta unidade, concentramos nossa atenção na argumentação e na sua construção linguística.
A expressão linguística da argumentação
O entendimento de que o sentido é construído não só na dinâmica da organização textual, mas, principalmente, na prática social nos leva a refletir sobre como a textualização revela uma atividade linguística orientada fundamentalmente para a dimensão discursiva.
Hoje, a maioria dos estudos situa a linguagem dentro de um acontecimento sociocomunicativo – a atividade discursiva. Segundo Azeredo (2000), a “prática da comunicação linguística oral ou escrita constitui o que chamamos discurso” e este é “necessariamente um acontecimento protagonizado por um enunciador e um ou mais destinatários numa dada situação, que inclui o momento histórico e o espaço social”. Assim, o texto passa a ser o produto da atividade discursiva, pois é, através do discurso, que os usuários de uma língua produzem textos.
Desse entendimento, resulta que a compreensão da argumentação como uma prática linguística através da qual se quer interagir com e sobre o outro; uma prática, pois, constituída pelo discurso.
Koch (2002), por exemplo, estudando os mecanismos de retomar referentes ao longo do texto, destaca o funcionamento discursivo dessa retomada ao investigá-la como uma prática em que se evidencia a construção intersubjetiva (social) do sentido. Nas palavras da autora, a função das expressões referenciais não é apenas referir. Ao contrário, “como multifuncionais que são, elas contribuem para elaborar o sentido, indicando pontos de vista, assinalando direções argumentativas, sinalizando dificuldades de acesso ao referente e recategorizando objetos presentes na memória discursiva”.
Desse ponto de vista, as expressões referenciais passam a ser tratadas como uma estratégia a que o produtor recorre para alcançar a interação pretendida pelo seu texto e como uma estratégia de que o leitor pode lançar mão para auxiliá-lo a reconhecer a orientação argumentativa do texto, facilitando, com isso, a (re)construção do sentido.
Ao longo de um texto, em que as operações de referenciação são encadeadas, fica mais claro percebermos quantas informações sobre o referente (muitas das quais implicitadas) podem ser veiculadas, ativadas e até mesmo silenciadas e como o referente se (re)constrói textualmente à medida que novas expressões (muitas carregadas de juízos e interpretações) a ele são relacionadas.
Porém, a retomada de referentes e sua expressão linguística através de sinônimos, hiperônimos, expressões nominais definidas e apostos é um dentre os muitos mecanismos de construção da argumentação. Se considerarmos os gêneros organizados em torno da dissertação, veremos a importância de outros marcadores linguísticos da argumentação, muitos dos quais fundamentais para sinalizar a orientação argumentativa do texto.
Nesse momento, você deve lembrar de Gêneros e Leitura, pois, nessa disciplina, estudamos a argumentação também, porém sob a ótica da leitura. Entretanto, os conhecimentos sistematizados naquela ocasião são muito relevantes também para a produção textual. No que segue, vamos lembrar alguns desses conhecimentos, que aqui serão mobilizados para qualificar a sua prática enquanto produtor de textos.
Produção Textual
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D1. Tema
Em A3.1 tratamos da importância de delimitar o tema como uma estratégia importante do planejamento. O tema é do que nosso texto vai abordar. Os temas recobrem as grandes áreas do conhecimento humano. As experiências e a construção do conhecimento humano se distribuem em grandes áreas, que têm inúmeros recortes. Por exemplo, se pensarmos em problemas emocionais que experienciamos hoje como sociedade, vêm a nossa cabeça a depressão, a solidão, o bullying, entre outros.
Um texto sempre tem um tema dominante, podendo apresentar outros subtemas a ele relacionados. Os temas são concretizados por várias palavras que formam uma espécie de rede/cadeia semântica. Assim, um determinado tema é reconhecido pelo conjunto de palavras (associadas, sinônimas, antônimas, etc.) que são empregadas no texto, formando o campo semântico, a área do conhecimento que se associa normalmente a esse tema.
Assim, para reconhecer o tema do texto, é necessário identificar as palavras que compõem o Campo Semântico predominante e outros a ele associados.
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