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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Por:   •  7/10/2016  •  Artigo  •  1.993 Palavras (8 Páginas)  •  1.189 Visualizações

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A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NO AMBIENTE DE TRABALHO

Ao observar o indivíduo no trabalho nota-se que ele carrega para o ambiente de trabalho toda a sua carga individual, caracterizada pela complexidade e multidimensionalidade. Ele não se relaciona apenas com o cargo que ocupa, mas com o significado do emprego, com a equipe de trabalho, com a carreira, o sindicato e com a organização que está inserido, desta forma, a sua relação com o trabalho é influenciado por uma série de fatores (TAMAYO, 2005). Sendo assim, suas emoções e afetividade também influenciam e sofrem influência do trabalho.

Sabendo que o trabalho é uma das formas mais importantes do individuo se perceber como sujeito único, já que o completa e dá sentido a sua vida é indiscutível a sua relação com o estado emocional do indivíduo. O trabalho resulta em satisfações diversas como as necessidades psicossociais, o sentimento de prazer, de pertencimento e contribuição no exercício profissional (MARTINEZ e PARAGUAY, 2003).

Heloani e Capitão (2003) esclarecem que a psicopatologia está claramente relacionada ao trabalho, já que, o trabalho em proporção satisfatória, é critério para avaliar um funcionamento psíquico saudável. O homem passa a maior parte do seu tempo no trabalho, portanto, as suas relações nesse ambiente deveriam ter um alto valor afetivo. As relações no trabalho são permeadas por competitividade, o que além de desenvolver a afetividade, pode em contrapartida, levar a romper laços, e não estabelecer vínculos.

Portanto, para avaliar o indivíduo no seu ambiente de trabalho, é indispensável abordar o clima organizacional, já que, este é considerado por muitos autores como o predispositor dos comportamentos do individuo no ambiente de trabalho. O clima organizacional está relacionado com o estudo das percepções que os colaboradores constroem sobre diferentes aspectos do seu trabalho, é o orientador do comportamento humano dentro da organização (MENEZES e GOMES, 2010).

Corroborando com a influencia do trabalho nas emoções, estudos comprovam que os valores organizacionais podem interferir no comprometimento afetivo, através de diversos fatores, como humanidade, cortesia, senso de justiça, consideração, perdão, integridade moral, adesão à convenções, entre outros (TAMAYO, 2005, p. 197).

Os comportamentos do indivíduo no trabalho podem leva-lo a exaustão emocional, principalmente quando este tem que lidar com estressores, como sobrecarga de trabalho, contatos interpessoais, papel conflituoso e alto nível de expectativa. Consequentemente, a exaustão emocional, também reflete na resposta do individuo ao trabalho, tendo em vista que, pode comprometer a saúde mental e física dos trabalhadores, e além da qualidade de vida do individuo, também compromete o seu funcionamento na organização (TAMAYO e TRÓCOLLI, 2002). De acordo com os autores, valores de autonomia, conservação, estrutura igualitária são predispositores significativos para que ocorra a exaustão emocional. Ou seja, a forma como o clima organizacional estabelece os valores da empresa, pode interferir e acarretar a exaustão emocional, por isso é importante investigar as variáveis envolvidas na transação entre o individuo e seu ambiente laboral.

O trabalho decorre na alegria decorrente da satisfação, ou no sofrimento decorrente da insatisfação, exercendo grande influencia na saúde do trabalhador, porém ainda carece de estudos que demonstrem a direção causal dessas associações (MARTINEZ e PARAGUAY, 2003).

Além disso, é importante citar que as normas sociais também interferem no comportamento do trabalhador. As normas sociais são ideais obrigatórios no convívio social. Podem ser compreendidas como regras partilhadas por determinados grupos, e delimitam padrões culturais e ações previsíveis (SIQUEIRA, 2005). Por isso, a autora acredita que quando o individuo tem forte percepção de suporte organizacional, a sua afetividade no trabalho é representada por satisfação e comprometimento afetivo. Ou seja, se o trabalhador compreende que está sendo recompensado pelo seu trabalho, e que tem no ambiente um fator de suporte e proteção, apresentará mais satisfação no trabalho, comprometimento organizacional e satisfação com colegas e chefias. Essa percepção de suporte organizacional, de acordo com a autora, é formada através do clima social e da coleta de informações que capta no meio organizacional.

Sendo assim, o estado emocional está amplamente ligado a satisfação com o trabalho. Para Martinez e Paraguay (2003), a avaliação que o indivíduo faz do trabalho resulta na percepção dos valores que este julga importante no trabalho. Por isso, o que o comportamento cognitivo do trabalho terá relação com o componente afetivo ou emocional e dirá o quanto uma pessoa se sente bem com o trabalho.

São fatores externos, que influenciam na satisfação do trabalho, e consequentemente na percepção emocional do indivíduo: trabalho, em relação ao seu conteúdo, tarefas, responsabilidade, autonomia na tomada de decisões; a remuneração, quando garante que o ser humano supra todas as suas necessidades fisiológicas e de lazer; valorização; promoções; reconhecimento; condições físicas e ambiente de trabalho; colegas de trabalho; supervisão e relação com lideres (MARTINEZ e PARAGUAY, 2003).

É importante destacar que os indivíduos têm suas particularidades e singularidades e a valorização do trabalho, para garantir o bem-estar emocional é encarada pelos sujeitos de diferentes formas. Enquanto alguns valorizam mais determinados fatores, outros se preocupam mais com fatores distintos. Por isso, não existe uma regra especifica que determine o que vá garantir a afetividade no trabalho, esta depende da relação entre o sujeito e o ambiente, e a forma que ele percebe esse ambiente. Vilela e Assunção (2007) afirmam que nem sempre o conteúdo desagradável, percebido pelo colaborador irá gerar insatisfação no trabalho. Conforme explicam os autores, se o ambiente proporcionar determinada autonomia para o trabalhador, os esforços que ele investirá para lidar com a situação estressora serão compensados, diminuindo os efeitos nocivos sobre a saúde.

Um estudo com enfermeiros verificou que erros no trabalho consistem em sentimentos como pânico, desespero, preocupação, culpa, vergonha, medo e insegurança. Esses sentimentos refletem tanto na vida pessoal como profissional, causando instabilidade e atrapalhando a rotina do trabalhador (SANTOS, SILVA, MUNARI e MIASSO, 2007), destacando a importância das organizações preocuparem-se com a saúde do trabalhador, propiciando apoio psicológico para lidar com os aspectos emotivos. De acordo com os autores, quando a instituição ampara os profissionais, estes sentem-se seguros para buscar soluções rápidas e eficientes, resultando no sucesso profissional.

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