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Análise do Filme Mauá

Por:   •  23/10/2017  •  Dissertação  •  881 Palavras (4 Páginas)  •  579 Visualizações

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Comparativo entre as características dos empreendedores retratados no filme "Mauá - o imperador e o rei" e dos empreendedores atuais

Aci Ariana da Silva de Oliveira
Gestão, Organização e Empreendedorismo
Engenharia Elétrica 2017.2
Universidade Federal do Piauí
aciaariana@gmail.com

O filme “Mauá – o Imperador e o Rei” é uma biografia do grande empreendedor Irineu Evangelista de Sousa na Era Imperial do Brasil. Apesar de romantizar os ideais do Barão de Mauá, retrata com clareza a situação política e socio-econômica que o império passava no século XIX.

É possível observar, no decorrer do filme, mudanças importantes no cenário econômico, impulsionadas principalmente à decadência do açúcar e à repressão do tráfico negreiro, bases da movimentação de riquezas no país.

Com essas mudanças, pode-se traçar um paralelo entre as características do empreendedor na época do Barão de Mauá e nos dias de hoje.

A sociedade do século XIX era muito ligada ao elitismo e troca de favores. O senso comum era que todos eram “filhos” do imperador, e qualquer empreendimento que tentasse se desligar dessa noção era tido como uma ovelha negra, como é enfatizado pela frase do Barão de Mauá: “Trabalhar, se não for para o Estado, é uma ofensa”.

Após as crises que precederam a volta de D. Pedro I a Portugal, várias empresas faliram, inclusive a do chefe de Irineu. O jovem rapaz se dispôs a cobrar todos os credores para tentar salvar os bens pessoais de seu patrão, levando alguns fazendeiros à bancarrota no processo.

Nesta etapa do filme é evidenciada a falta de separação entra negócios e vida pessoal. Muitos dos credores do patrão de Irineu são seus sócios, que não “podem” ser cobrados por serem pessoas politicamente importantes ou amigas. O próprio dono da empresa é um dos credores.

No Brasil atual, situações semelhantes ocorrem. O personalismo, a aversão ao conflito e a lealdade pessoal ainda estão na composição dos novos empreendedores. Há ainda um grande apego às relações pessoais em detrimento da eficiência dos negócios. A prioritização de amizades e nepotismos interfere diretamente no planejamento das empresas, pois permite que trabalhadores ineficazes cheguem a importantes postos de comando. Despreparados, basta um imprevisto para derrubarem a instituição.

Quando Irineu começa a trabalhar para o Mr. Carruthers, fica mais evidente a dicotomia entre a cultura econômica da Inglaterra e do Brasil império. Enquanto os ingleses tentam se desprender de suas colônias, do escravismo e da economia rural, investindo nas suas revoluções industriais, o Brasil assistia passivamente seus escravos e sua economia açucareira se despedaçando, e tentavam se agarrar aos últimos contos de réis que podiam tirar desse tipo de comércio. Não tínhamos interesse em avançar junto com o resto do mundo, e éramos muito ligados a títulos e honrarias. Trabalhar pesado para acumular riquezas era tido como um ultraje, pois o trabalho braçal era o propósito da ralé.

Além da desvalorização do trabalho braçal, também havia uma grande xenofobia contra ingleses, pois achava-se que eles estavam “roubando” o Brasil, e dizia-se que eram desonestos e cruéis. Apesar disso, o país dependia muito das negociações com a Inglaterra, que era a principal compradora dos insumos brasileiros, e a responsável pela importação de produtos manufaturados, que não eram produzidos no país. Os grandes coronéis não aceitavam que uma economia agrária monocultora tinha um limite de crescimento, e que era necessário inovar e mudar o direcionamento do Brasil se quisessem acompanhar o progresso.

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