As Especifidades de Pequenas Empresas

LEONE, Nilda M. As especificidades das pequenas e médias empresas. Revista de Administração, v. 34, n. 2, p. 91-94, 1999.

Uma das maiores dificuldades em estudar pequenas empresas é a extrema heterogeneidade existente ente elas. Isso dificulta propor-se teorias e conclusões adequadas e diferentes daquelas aplicadas a grande empresa (Leone, 1991).

O que desperta atenção da academia:

• Capacidade geradora de novos empregos;
• Alta taxa de mortalidade.

O que distingue as pequenas empresas das grandes:

• Especificidades organizacionais;
• Especificidades decisionais;
• Especificidades individuais.

Especificidades organizacionais

• Estrutura organizacional simples, geralmente centralizadas. Não é desejada estrutura administrativa complexa: alto custo e desnecessária frente as exigências momentâneas dos proprietários. Ambiente informal (dado a inexistência de níveis hierárquicos intermediários) propicía: fluidez da informação e desenvolvimento de forte cultura organizacional.
• Dirigente pode discutir com clientes: para conhecer necessidades e explicar sobre o produto.
• pequenas empresas tem menor controle sobre ambiente externo, são dependentes dos recursos disponíveis a ela.
• Gestão “monolítica”, não há delegação, dirigentes guiados pela sensibilidade.
• Personalização da gestão.
• Baixa maturidade organizacional:

• processos de planejamento e controle frágeis.
• baixa especialização na direção e no quadro de funcionários.

• Estratégia pouco formalizada (dirigente próximo dos funcionários para comunicar mudanças de direção).
• Lógica de reação e adaptação ao ambiente (pouca antecipação e controle). Não há planejamento formal.

Especificidades decisionais

• Dirigente como único decisor
• processo de decisão individualista guiado por experiência, julgamento ou intuição.
• Sistema de valores do dirigente marca a tomada de decisão
• Empresa como um prolongamento do dirigente
• Dados para tomada de decisão nem sempre disponíveis.
• Além da racionalidade econômica: consolidar ou conservar o poder e, como um pai de família, tenta ajudar seus filhos (Bauer, 1993 p.12)

Especificidades individuais.

• Grande identidade entre empresa e empresário
• PME’s tem existência, funcionamento e perspectivas de expansão afetados pelo percurso pessoal do dirigente. Quase identidade entre família e empresa.
• Papel do dirigente baseado em propriedade. Simbiose entre o patrimônio social e do dirigente. O dirigente arrisca seu próprio captial (Van Loye, 1991).
• Dirigente mais como estrategista que corre riscos do que como um administrador que procura minimizar riscos.
•  Direta colaboração do dirigente com os funcionários: conhece os problemas pessoais dos colaboradores. Comportamento paternalista, às vezes egocêntrico.

Conclusão

Por muito tempo entendeu-se que as PME’s deviam usar, em menor escala, os mesmos princípios usados pelas grandes empresas.

As teorias das organizações nascem de problemas surgidos em grandes empresas.

A característica mais forte das pequenas empresas é a heterogeneidade, mas há características comuns:

• Importância do empreendedor (aspirações, motivações, objetivos pessoais),
• Pequenas empresas devem adaptar-se ao ambiente. Não precisam ser reativas ou passivas. Uma maneira de tentar mudar o ambiente é constituir-se em rede.
• Escolha de estratégias de especialização, apoiam-se sobre competências distintas e muito específicas.

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