Indice de Suscetibilidade
Por: Leandro Teixeira • 21/8/2016 • Artigo • 1.271 Palavras (6 Páginas) • 223 Visualizações
- Índice de Susceptibilidade
A palavra susceptibilidade no contexto de avaliação de riscos possui várias interpretações na literatura. Estas interpretações apresentam tendências diferentes tanto em contextos científicos e políticos, como dentro de disciplinas e profissões. As definições incorporam diferentes conceitos que terão maior ou menor relevância concernentes a forma como a susceptibilidade é conduzida no contexto da especificidade da avaliação do risco [50].
Rebecca e Balbus [50] apresentam uma análise das diferentes definições provenientes de diversos campos da ciência, como biologia, ecologia, engenharia, medicina, epidemiologia e toxicologia. Definições relacionadas ao contexto de security risk são apresentadas por Richards et al. [51] e Mc Gill et al. [52]. Os primeiros autores definem susceptibilidade como o grau em que um sistema de armas está aberto a um ataque devido a uma ou mais fraquezas inerentes, definição proveniente do Departamento de Defesa dos Estados Unidos [53]. Sendo assim, consideram como o termo mais preciso para descrever pontos fracos que podem ou não podem ter o potencial de ser explorados. Enquanto os segundos autores não definem explicitamente um conceito específico para susceptibilidade. Porém, a usam como sinónimo de factores que podem ser explorados por agentes maliciosos e que possibilitam a identificação de cenários plausíveis, sem a necessidade de recorrer a dados de inteligência, que tentam revelar as intenções do adversário. Assim, podemos concluir que ambas abordagens possuem expressões diferentes, porém, com o mesmo significado: Fraquezas inerentes ao sistema mencionado pelo primeiro autor podem ter a mesma interpretação de factores que podem ser explorados por agentes maliciosos.
Verde e Zêzere [54] definem susceptibilidade como a propensão de uma dada área ou unidade territorial para ser afectada pelo fenómeno estudado, avaliada a partir das propriedades que lhe são intrínsecas. Representa a propensão para uma área ser afectada por um determinado perigo, em tempo indeterminado, sendo avaliada através dos factores de predisposição para a ocorrência dos processos ou acções, não contemplando o seu período de retorno ou a probabilidade de ocorrência.
Uma tentativa de uniformização deste conceito a partir das interpretações de diferentes disciplinas define susceptibilidade como a capacidade de factores intrínsecos e extrínsecos que modificam os níveis de impacto de um indivíduo ou grupo de indivíduos expostos a riscos específicos [55].
As diferentes definições revelam diferentes perspectivas que estão directamente relacionadas ao campo de pesquisa onde se deseja avaliar riscos. Este trabalho não tem por objectivo discutir os pontos fortes e fracos das definições disponíveis na literatura e não pretende fazer uma proposta de uniformização da definição. Porém, seguimos a recomendação apresentada por Rebecca e Balbus [50]: Em um processo de avaliação de riscos a susceptibilidade não deve ser abordada sem a declaração explícita de seu significado e que teve estar claramente relacionado a especificidade da avaliação que se deseja fazer.
Desta forma, a definição da susceptibilidade apresentada neste trabalho é construída a partir das definições anteriormente apresentadas e principalmente das características únicas do ambiente onde se pretende fazer uma avaliação de riscos.
Este índice é projectado para capturar o grau de dificuldade inata de um específico tipo de ataque a um ponto considerado crítico. Podemos afirmar que diferentes zonas de uma porto são mais ou menos expostos a invasores, devido ao grau de exposição e acessibilidade, da densidade de tráfego marítimo, das correntes marítimas, características geográficas, a presença de quebra-mares, possíveis zonas de exclusão, a densidade de tráfego marítimo (maior tráfego favorece ocultação), etc. Portanto o índice de susceptibilidade é estimado a partir de informações objectivas, quantificadas, que também podem ser usadas para incorporar as percepções subjectivas do nível de exposição natural de diferentes partes do porto, ou seja, através dos factores de predisposição para a ocorrência dos processos ou acções.
A partir dos argumentos apresentados definimos susceptibilidade como o nível de exposição natural a potencial ataques, não levando em consideração o sistema de protecção a ser instalado. Representa a propensão de uma área ser explorada por uma determinada ameaça para alcançar seus objectivos, em tempo indeterminado, sendo avaliada através dos factores de predisposição para a ocorrência dos processos ou acções, não contemplando o seu período de retorno ou a probabilidade de ocorrência.
O processo de definição deste índice inicia-se pela identificação dos factores de exposição natural a potencial ataques, que neste trabalho serão chamados de aspectos operacionais críticos (AOC). Os aspectos operacionais críticos são, genericamente, um conjunto de considerações particulares de um sistema, originados através de eventuais dúvidas que surjam acerca do desempenho do próprio sistema, ou sobre o seu efeito no ambiente, pessoas, estruturas sociais, ou até mesmo outro sistema. Estes são relacionados a um específico setting, conjunto definido pelos AOC (meteorologia, tráfego marítimo, correntes marítimas, etc.) e pelo tipo de ameaça (incluindo estratégia de ataque e armamento).
Uma lista das ameaças de superfície e abaixo da superfície que compõe os settings neste trabalho são as descritas em [28, 56] e são apresentadas na tabela a seguir:
Tabela 1 - Lista de ameaças
Ameaças |
Mergulhadores |
Barcos suicida |
Veículos submarinos não-tripulados |
Minas derivantes |
Para ser possível definir características operacionais de um sistema de protecção contra essas ameaças, deve-se levar em consideração o conhecimento dos Aspectos Operacionais Críticos que podem contribuir directamente para o sucesso do ataque de uma ameaça. A Tabela 2 ilustra esta afirmação:
Tabela 2 - Matriz AOC x Ameaças
Aspectos Operacionais Críticos ([pic 1]) | Ameaças | |||
[pic 2] - Barcos Suicidas | [pic 3]-Mergulhadores | [pic 4]- Minas lançadas | [pic 5]- Veículos submarinos não-tripulados | |
[pic 6]- Correntes | x | x | x | |
[pic 7]-Visibilidade da água do mar | x | |||
[pic 8]-Tença | x | |||
[pic 9]- Estado do mar | x | x | x | x |
[pic 10]- Temperatura da água do Mar | x | x | ||
[pic 11]-Profundidade | x | x | x | x |
[pic 12]- Topografia | x | x | x | |
[pic 13]-Intensidade do tráfego marítimo | x | x | x | x |
[pic 14]- Largura do canal de navegação | x | |||
[pic 15]- Presença de marinas | x | x | ||
[pic 16]-Presença de áreas de pesca | x | x |
A susceptibilidade é definida como:
[pic 17], onde
[pic 18]= Aspectos operacionais críticos;
A partir da Tabela 2 concluímos que 7 AOC contribuem para o sucesso de um ataque feito a partir do lançamento de minas nas vias de acesso a um porto e consequentemente aos pontos classificados como críticos pelos decisores: Correntes marítimas, tença, profundidade, largura do canal de navegação, temperatura da água, profundidade e Topografia. Portanto, a susceptibilidade é igual a: [pic 19].
Podemos deduzir que se todos os AOC definidos anteriormente forem favoráveis dentro da área de interesse a ser avaliada o índice de susceptibilidade será igual a 1. Isto não significa uma probabilidade, não significa que o agente terrorista fará um ataque bem-sucedido. Significa que tais susceptibilidades podem ser exploradas no planeamento de seus contentos e podem fornecer subsídios para induzir a soluções de uma determinada configuração de defesa. Como por exemplo, a implementação de barreiras de sensores e patrulhas de barreira.
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