PROCESSO CONTÁBIL E SEUS VÍNCULOS COM A HISTÓRIA
Por: Fred Nogueira • 19/8/2021 • Trabalho acadêmico • 7.339 Palavras (30 Páginas) • 96 Visualizações
INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE I/2020 - ESAN/UFMS
Professora Ana Denise Ribeiro Mendonça
denise.ribeiro@ufms.br
UNIDADE III - O PROCESSO CONTÁBIL
O PROCESSO CONTÁBIL E SEUS VÍNCULOS COM A HISTÓRIA (breve relato)
Em meados do século XIX, na localidade de Aurignac (Garona – França), foi encontrada uma urna funerária da idade da pedra. Nesta urna foi achada uma lâmina de chifre de rena, com duas faces lisas, contendo anotações em duas séries de linhas transversais e equidistantes, os dois lados marcados com cortes profundos, deduzindo-se que tais linhas eram sinais de numeração e contabilidade. Este é o testemunho mais antigo que se tem sobre documentos históricos.
Da civilização egípcia, o testemunho nos é dado através de hieróglifos existentes nas pirâmides “A CONTA” – enquanto o rebanho desfila perante seu proprietário, o escriba enumera e registra as cabeças de gado.
Na Caldéia, região entre os rios Tigres e Eufrates, foram encontradas pedras em que se esculpiram contas, inventários e verificações de bens provenientes de saques ou tributos de guerra.
Guardado nos arquivos do Vaticano, um livro datado de 1279, escrito em língua latina, registra a contabilidade do Pontificado de Urbano III. Nesse livro eram registrados os controles da riqueza: creditar o Pontífice (Donno Papa) pelas entradas de dinheiro e debitar pelas saídas, com as respectivas expressões – dé avere e dé dare.
Muitos fatos poderíamos continuar narrando, visto que a fonte básica é rica em relatos, entretanto, somente em meados do século XV é que encontramos o TRACTATUS de COMPUTIS et SCRIPTURIS, escrito por Fra Luca Paciolo e publicado em 1494, como parte da obra a Summa de Arithmética, Geometria, Proportione et Proportionalita. Esta obra está dividida em duas partes principais: a Aritmética e a Geometria; cada parte é subdividida em duas distinctiones e estas em Tractatus na Aritmética e Capitula na Geometria[1].
Dois fatores concorreram para que Fra Luca Paciolo escrevesse essa obra: o de ser Frade da “Ordem dos Mínimos de São Francisco” e matemático.
A Igreja em decorrência do poder temporal que exercia havia acumulado grande patrimônio e a necessidade de registrar os fatos de cada entidade levaram os frades a aprender contabilidade para registrar a produção de gêneros e criações dos conventos.
Valendo-se dos conhecimentos de matemática, Paciolo expõe a metodologia sobre as Partidas-Dobradas, o uso do Memoriale (Borrador), do Giornale (Diário) e do Quaderno (Razão), não apresentando postulações que embasassem a teoria do sistema, porém, dava os primeiros passos nesse sentido.
Vicenzo Gitti, em estudos realizados, transcreveu o Tractatus em língua mais próxima do italiano moderno e mandou reimprimi-lo em 1878. Um exemplar foi dado pelo próprio Gitti à Revista Brasileira de Contabilidade, em 1911, e esteve sob os cuidados de Francisco D’Auria até o ano de 1959, pelo que se pode inferir através da pesquisa bibliográfica realizada.
Desse cenário tem-se a derivação da palavra Contabilidade, cujo radical é conta, originada do cálculo — computo, do latim.
Desde a época do Fra Luca Paciolo, o mundo evoluiu tecnologicamente e cientificamente, trazendo novos conceitos e novas técnicas de procedimentos, porém a essência da Contabilidade foi muito bem delineada naquela época, dando suporte ao processo contábil que hoje se pratica.
- Processo Contábil são as várias atividades que se estendem da identificação e classificação dos fatos contábeis até sua plenificação como unidade informativa, segundo um fluxo sistêmico de processamento.
As variações verificadas no patrimônio são registradas em CONTAS que reúnem fatos de uma mesma natureza, identificados por um título.
Utilizamos contas separadas para representar cada tipo de elemento do Ativo, do Passivo e do Patrimônio Líquido. As contas são diferenciadas e nominadas pela natureza do que representam. Vejamos: o dinheiro será representado pela conta Caixa se estiver na empresa; se estiver no banco, pela conta Banco Conta Corrente ou Banco Conta Movimento. O conjunto formado pelos sistemas de informatização adquiridos e utilizados na atividade operacional da empresa será registrado na conta Programas de Computação; O conjunto dos valores a receber pelas vendas a prazo pode receber o nome de Cliente/Contas a Receber.
A quantidade de contas que podemos encontrar na Contabilidade é enorme e varia de entidade para entidade. Por isso há necessidade de um PLANO DE CONTAS estruturado e que reflita a necessidade de informação de cada empresa (assunto a ser estudo nas aulas futuras). Desta forma, contas são grupos de elementos semelhantes utilizadas para registrar os eventos/atividades que afetaram o patrimônio da empresa.
Estes registros são efetuados por meio de lançamentos contábeis.
LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
Preparar um balanço após cada operação na prática é muito oneroso e inexequível.
Assim, a movimentação diária nas empresas, ou seja, os Fatos Administrativos e alguns Atos Administrativos (os que poderão afetar o patrimônio das mesmas) são registrados pela Contabilidade em Contas. Cada operação é registrada numa conta específica de acordo com o Plano de Contas da Empresa, é o que chamamos de LANÇAMENTO.
Esses registros diários (lançamentos) ficam registradas em LIVROS CONTÁBEIS, como o Diário, Razão, Caixa, Duplicatas a receber, etc. Ao conjunto de registros ou lançamentos é que chamamos ESCRITURAÇÃO. As empresas são obrigadas a manter uma série de livros de escrituração, dentre os quais destacamos:
- Livro Diário;
- Livro Razão.
Há ainda os Livros Sociais (exigidos para as Sociedades Anônimas); os Livros Trabalhistas, os Livros Fiscais (armazenam os fatos relacionados com as atividades fiscais da empresa, que dependendo da constituição jurídica variam de empresa para outra: Registro de Inventário, Registro de Entradas, Registro de Saídas, Registro de Controle da Produção e do Estoque, Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência, Registro de Apuração de ICMS). Além desses, existem outros livros fiscais, exigidos pelo fisco da União, do Estadual, do Distrito Federal e do Município. E os livros facultativos como caixa, bancos, fornecedores, estoques, etc.
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