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População LGBTQ nas Organizações

Por:   •  26/11/2018  •  Projeto de pesquisa  •  1.946 Palavras (8 Páginas)  •  139 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

As organizações têm contado cada vez mais com colaboradores que apresentam diversidade de raça, sexo, religião e orientação sexual, sendo que as empresas estão sendo cada vez mais pressionadas a serem inclusivas com as minorias sociais. Para Bell (2011, apud ARAUJO; SANTOS, 2016) “os homossexuais enfrentam um cenário frequente de restrição de direitos e inibição de sua voz no trabalho acarretando uma série de consequências para organizações e indivíduos”, isso ocorre devido a aceitação da crença da superioridade da orientação heterossexual, o que acaba gerando valores heterocêntricos no ambiente organizacional resultando em práticas discriminatórias e exclusivas dos LGBTT dentro das organizações. (IRIGARAY, 2007)

A temática sobre lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT) não é um assunto novo a ser tratado, mundialmente, por áreas das ciências sociais e por áreas relacionadas a saúde, contudo o Brasil passou a desenvolver estudos acadêmicos sobre as dificuldades que homossexuais enfrentam na sociedade brasileira a partir das décadas de 70 e 80 (GÓIS, 2014, apud MOURA; LOTT, 2016), surgindo assim a necessidade de aprofundamento da área da administração nesse contexto, visto que atualmente a comunidade LGBTT está começando a ganhar notoriedade e reconhecimento na sociedade através do papel do ativismo.

Considerando a importância da temática LGBTT, este artigo tem como objetivo efetuar um estudo bibliométrico sobre a produção cientifica relacionado ao segmento de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTT) nas organizações, foram utilizados para o estudo, os anais do Encontro Nacional da Pós-Graduação em Administração (EnANPAD); do Encontro de Estudos Organizacionais da ANPAD (EnEO), e do Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho (EnGPR), abrangendo o período de 2006 a 2016.

A escolha pelos anais do EnANPAD, EnEO e EnGPR se deu em função desses eventos possuírem caráter internacional e congregar pesquisadores brasileiros do cenário da Administração, sendo um espaço importante para a interlocução entre os pares e a formação de redes de pesquisas, além disso a escolha pela EnANPAD se deu, pois, ele é o principal evento da área da administração no Brasil. Além disto, os artigos que são apresentados no evento da ANPAD recebem sugestões para que possam ser feitos aperfeiçoamentos existindo assim a possibilidade de publicação em revistas científicas.

Portanto, com o desenvolvimento deste estudo, busca-se facilitar às investigações a respeito do assunto, evidenciando como as produções acadêmicas sobre o segmento LGBTT têm evoluído ao longo do tempo. Na verdade, por ser um tema atual e relevante para as organizações, o levantamento de referenciais teóricos e das características bibliométricas visam facilitar o embasamento de novos estudos e pesquisas.

É pertinente, portanto, entender os diversos aspectos que norteiam estas publicações, desvelando, por exemplo: a origem dos artigos, contemplando os pesquisadores e as instituições envolvidas; os tipos de pesquisa, as abordagens realizadas e os assuntos tratados juntamente com o segmento LGBTT, dentre outros elementos.

Assim, o presente estudo foi delineado em torno da justificativa que a temática necessita de aprofundamento, face ao novo contexto da inserção dos LGBTT’s nas organizações, além disso, o artigo visa conhecer as características e problemáticas abordadas pelos artigos estudados, a fim de averiguar as tendências apontadas por esse campo de estudo.

Além disso, acredita-se que, por tratar-se de um assunto cada vez mais discutido e aplicado, é conveniente desenvolver um material que possibilite um embasamento teórico. Isto, não somente para estudantes e pesquisadores em busca de maiores informações e casos de ensino, mas também para empresas que estão inserindo ou aperfeiçoando seus processos e práticas de inserção de LGBTT’s em seus quadros de funcionários.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 GÊNERO

Para entender o que é gênero precisa primeiro saber que são múltiplos os seus significados, sendo assim alguns estudiosos costumam separar gênero de sexo, sendo que o sexo está estritamente ligado com fatores biológicos e o gênero é ligado com questões sociais e é baseado nas percepções compreendidas entre os sexos, sendo também uma forma de relações de poder, enquanto que alguns conceitos mostra que o caráter do sexo é contestável, pois assim como o gênero ele é socialmente construído, assim sendo o sexo é a própria categoria do gênero. (SCOTT, 1995; BUTLER, 2008, apud MOURA; LOTT, 2014).

No contexto organizacional, segundo Ely e Mayerson (2000, apud MOURA; NASCIMENTO; BARROS, 2016) existem 3 (três) tipos de abordagens tradicionais de gêneros e uma não tradicional, sendo que na primeira abordagem o gênero é relacionado ao sexo biológico, e que nessa abordagem para erradicar a diferença entre os sexos se dá através de treinamentos para criar competências que permitem que as mulheres ocupem os mesmos cargos que os homens.

A segunda abordagem celebra o gênero feminino, pois ela valoriza o lado feminino nas organizações fazendo com que haja a revisão da sua ordem social na organização, isso faz com que a diferença feminina seja celebrada e não vista como uma cópia menos capaz do homem.

A terceira abordagem visa igualar as oportunidades, ainda nessa perspectiva o sexo é retratado como a diferença entre homens e mulheres, porém a diferença dessa abordagem é que as diferenças entre ambos não se dá pela socialização, mas sim das diferenças de estruturas de oportunidades e poder, ou seja, as oportunidades podem influenciar no impedimento do avanço das mulheres nas organizações, esse impedimento está relacionado a “contratação, avaliação e processos de promoção que não só refletem atitudes sexistas e expectativas das mulheres, mas também recompensam a posição estrutural de masculino sobre o feminino.”. Essas abordagens tem o intuito de criar igualdade das oportunidades entre homens e mulheres.

Em relação as abordagens não tradicionais, Ely e Mayerson (2000, apud MOURA; NASCIMENTO; BARROS, 2016) pressupõe que gênero não é uma característica individual é um conjunto complexo de relações individuais expressa em uma gama de práticas sociais pertencentes a organização e fora dela, nessa perspectiva a organização atenta-se as práticas sociais, variando as políticas formais e procedimentos informais de convívio social cotidiano dentro das organizações.

Para Moura, Nascimento e Barros “as organizações tomam como base a ideia de reforçar

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