Resenha Fordismo - BARROS, L. A./ GRAMSCI, A.
Por: Flávio Pereira • 9/5/2017 • Resenha • 1.567 Palavras (7 Páginas) • 762 Visualizações
Henry Ford em seu livro, Os princípios da Prosperidade, descreve como foram os caminhos para atingir seu sucesso como grande produtor de carros. Afirma que havia uma desconfiança do mercado consumidor para com esse novo artigo de consumo, que segundo ele, não havia demanda logo no início de sua produção. Quando ficou evidente que os automóveis seriam um tipo de transporte utilizado, várias indústrias começaram a produzi-lo, de forma que começaram a buscar características que diferenciassem os seus produtos: de acordo com Ford, as empresas buscaram, então, produzir automóveis que atingissem maiores velocidades possíveis. Segundo ele, essa busca trouxe prejuízos à Indústria, pois “os fabricantes passaram a dedicar-se mais à velocidade do que à qualidade dos carros” e isso era perigoso.
Discorre, adiante, sobre o modelo de produção da empresa em que era engenheiro-chefe: produzir sob encomenda e arrecadar por cada carro, o maior preço possível. Entretanto, essa atitude não conseguia arrecadar dinheiro o suficiente, na visão de Ford, pois não tinha uma produção popular. A maior parcela da população quer comprar um produto avaliando o preço e a qualidade, por isso é interessante fixar um preço mais baixo e que atinja o maior número de consumidores. Ainda afirma que as fábricas não se preocupavam com a qualidade: o interessante era que os compradores tivessem de voltar às fábricas para consertos e gastassem mais com isso. Contudo, Ford repudia e afirma que não se deve vender um produto que não seja bom, pois um freguês insatisfeito gera grande incômodo. Seu princípio era: o comprador tem o direito de utilizar o carro da forma como quiser, se ocorrer qualquer problema, é obrigação da empresa resolvê-lo.
Ford afirma que encontrava a necessidade de se focar em um único modelo, pois, segundo ele, a prosperidade de um negócio não estava na produção e venda ininterrupta, mas na satisfação do freguês. Ele não quer produzir um carro que estrague fácil, ou perca seu valor rápido. Acho que podemos dizer que ele quer um carro “imortal”, no sentindo de que nunca perca sua utilização e deve possuir: Material de primeira qualidade, funcionamento simples, força motriz suficiente, segurança, leveza e perfeito controle. Para ampliar seus negócios, Ford afirma que é necessário ouvir e atender as queixas e exigências dos fregueses.
Ele atribui o seu sucesso ao “emprego inteligente da energia e da máquina” o qual reduzia o preço final do produto e melhorava a qualidade. Faz referência aos princípios da sua linha de montagem: 1- Trabalhadores e ferramentas devem ser dispostos na ordem natural da operação 2 – Empregar planos inclinados ou aparelhos concebidos, de modo que o operário sempre ponha a peça no mesmo lugar e 3- Usar uma rede de esteiras, por meio das quais as peças a montar se distribuam: Essa prática garante que o operário não perca tempo se transferindo de um lugar para o outro, ou seja: ele esta preso em um determinado lugar.
Ford afirma que nas suas empresas não existem hierarquias muito rígidas, nem títulos, pois dessa forma são evitados atritos entre os indivíduos e qualquer operário pode entender-se com quem quiser e achar que deve. Ou seja, há uma comunicação mais ampla na sua rede de produção. Faz referência aos operários que não gostam de “trabalhar e pensar”, mas somente trabalhar. Cômodo, não? Excluir de si toda a responsabilidade de colocar pais e mães a trabalhar como escravos, que realizam tarefas repetidas e ganham extremamente pouco e dizer que eles mesmos preferem? Que se sentem gratos?
O modelo de produção de Ford deu origem ao FORDISMO, que se consiste em automatizar ao máximo possível a produção, economizar os movimentos dos trabalhadores, minimizar os espaços de trabalho necessários, dividir e subdividir tarefas até o mais simples possível: O objetivo era aumentar a produtividade.
Em contra partida, Huw Beynon inicia seu texto contando como foi a formação da empresa Ford e como seu fundador gostava de governar: extremamente autocrático , que manteve durante todo sua vida um poder inabalável. Faz menção a uma inovação: a utilização da linha de montagem movida a volante magnético. Isso tornou o trabalhador um prisioneiro do espaço, pois ele não precisava mais se mover para buscar quaisquer que fossem os instrumentos, peças e/ou matéria prima: tudo se movia em direção a ele.
Adiante o autor afirma que a prática de não contratar trabalhadores sindicalizados (que era muito decorrente no período) começou a ser abandonada, já que os proprietários das fábricas estavam sempre à procura de um maior número de objetos produzidos no final do dia, a fim de ampliarem seus lucros: postos vazios significavam um decaimento desse número. Entretanto, no início do século XX, as empresas não se importavam com os direitos dos empregados, que eram sempre governados com “mão-de-ferro”. Os indivíduos deviam realizar uma mesma tarefa até que se torne extremamente eficiente nela: o que é exaustivo e alienador.
Ford era um opositor à remuneração por peça e acreditava que outros mecanismos de controle do operário seriam mais eficientes, pois, segundo ele, esse pagamento por produção resultaria em “peças mal feitas”. Utilizou-se então do sistema de participação nos lucros, que se baseava no aumento do salário dos trabalhadores, entretanto o acordo não trazia um aumento direto. Isto é, por meio da racionalização do trabalho e da avaliação dos companheiros, a produção aumentava e a queda no custo de cada veículo diminuiria, o que aumentaria, portanto, o mercado consumidor. O contrato feito, contudo, contemplava apenas homens maiores de 21 anos que já tivessem trabalhado mais de 6 meses na fábrica e que tivessem seus hábitos particulares bem vistos. O Dia de Cinco Dólares, como era chamado, foi adotado: menos horas de trabalho e o valor do salário
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