Tempos Modernos
Por: Paulo Junior • 7/10/2020 • Resenha • 914 Palavras (4 Páginas) • 101 Visualizações
Análise crítica filme: Tempos Modernos
O filme "Tempos Modernos" foi lançado no ano de 1936, com direção, roteiro e produção do famoso Charlie Chaplin, o maior gênio que o cinema conheceu. Todo seu conhecimento, sua técnica, caráter inovador e domínio da arte que o consagrou estão presentes de maneira total e absoluta nesta obra. Nesse filme, Chaplin interpreta um trabalhador industrial que realiza a tarefa de apertardor de parafusos repetidas vezes dia após dia, junto com outros operários, isso remete a um contexto de exploração pelos donos das empresas que na busca por mais lucros exigiam uma produção em série em um intervalo de tempo muito curto. Por ter que realizar sempre o mesmo trabalho, sem pausas para descansar e nem uma alimentação balanceada, o personagem acaba sofrendo um colapso nervoso, onde percebe-se ele repetindo de forma descontrolada os movimentos que ele realiza na fábrica.
No trabalho do Alain Wisner (texto trabalhado anteriormente na atividade a1) em Organização do Trabalho, Carga mental e Sofrimento Psíquico, ele traz vários aspectos que influenciam o trabalhador na organização do trabalho. Define que todas as atividades, inclusive o trabalho, têm pelo menos três aspectos: físico, cognitivo e psíquico. Cada um deles pode determinar uma sobrecarga. A carga psíquica pode ser definida em termos de níveis de conflitos no interior da representação consciente ou inconsciente das relações entre a pessoa (ego) e a situação, no caso, a organização do trabalho. No caso de Chaplin ele sofreu uma carga psíquica e física elevada, o que ocasionou o colapso nervoso.
Trazendo para os dias de hoje podemos citar várias atividades que trazem impactos de natureza psicológica nos trabalhadores. Irei citar apenas uma, o trabalho dos operadores de caixa, seja em supermercado, lojas ou farmácias, por exemplo, ter a tarefa de passar o troco corretamente, efetivar a venda de um produto pode parecer uma atividade simples mas ao enfrentar um público às vezes impaciente ou grandes filas, pode causar sintomas preocupantes ao longo do tempo. São eles, nervosismo; ansiedade; irritabilidade; fadiga; sentimentos de raiva; angústia; dor no estômago; dor
nos músculos do pescoço e ombros e palpitações. A maioria dos sintomas identificados é de natureza psíquica e, no geral, são sintomas considerados clássicos na literatura (ZILLE, 2005).
O filme mostra vários aspectos dos modelos Taylorista e Fordista nas linhas de produção da fábrica onde Carlitos, personagem interpretado por Chaplin, trabalhou. Lá utilizavam-se as esteiras para acelerar a produção e cada trabalhador era responsável por apenas uma função na empresa. A transformação do operário em máquina é mostrada em vários momentos no filme, em especial na cena que Carlitos é “engolido” pelo maquinário e vai parar dentro das engrenagens da fábrica e mesmo assim não para de trabalhar. Um outro ponto interessante é que o personagem quando cai nas engrenagens ele não morre, isso faz-nos refletir que o personagem ali é demonstrado como parte das engrenagens, parte da máquina. Sobre isso, Alves (2006) afirma que o operário perde seu valor como ser humano, engolido pela modernidade-máquina, podendo ser trocado quando necessário, pois se tornou “um mero apêndice do sistema de máquinas”.
Um outro ponto importante a se destacar no filme é o fato dele praticamente não ter fala e ser mais sonoro. Apesar de que na época do filme já se dispunha de tecnologia para fazer um filme falado, Chaplin
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