Um Plano Real: A história da estabilização do Brasil
Por: thabatafogli • 22/10/2015 • Artigo • 1.258 Palavras (6 Páginas) • 439 Visualizações
Economia
Um plano real: a história da estabilização do Brasil
Das diretas Já a morte de Tancredo
No Brasil do início dos anos 1980, o cenário econômico era dramático. As contas públicas sofriam com gastos muito maiores do que a arrecadação do governo e o ”milagre econômico”, um doas sustentáculos da ditadura militar que regia o país desde 1964, estava distante da realidade dos brasileiros. Com a recessão o povo vivia o conhecido arrocho salarial e enfrentava uma inflação na casa dos três dígitos ao ano.
De tão desvalorizados, os centavos do cruzeiro deixaram de circular. Junto com a economia, o apoio ao governo despencava.
Captando esse sentimento popular, a oposição ao regime viu nele a chance de restabelecer a democracia no Brasil. A emenda Dante de Oliveira, que oficializaria as eleições diretas para a presidência, aguardava aprovação no Congresso. Diferentes grupos políticos uniram-se em campanha em sua defesa. O movimento foi encabeçado pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do qual faziam parte nomes como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso e Mário Covas,seguido por outros partidos, entre eles o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e o PDT de Leonel Brizola. Junto aos partidos, intelectuais, sindicalistas, artistas e grande parte da imprensa aderiram á mobilização, que ganhou o nome de Diretas Já.
No dia 16 de abril de 1984, o Vale do Anhangabaú foi palco do maior comício pela realização das Diretas – um evento que reuniu cerca de 1,5 milhões de pessoas. Manifestações de peso também ocorreram em quase todas as capitais. Em massa, o povo demonstrava a sua sede de participar das decisões que definiriam o futuro do país.
No congresso, no entanto, a emenda que defendia a vontade popular não foi aprovada por falta de votos para mudar a Constituição. O movimento lançou, então, a candidatura de Tancredo Neves em eleições indiretas no Colégio Eleitoral contra o representante do partido dos militares, Paulo Maluf. Nesse momento, o PT abandonou o movimento e o partido do governo, o PDS, racha e uma parte se une a Tancredo para formar o Partido da Frente Liberal, o PFL. O desfecho foi positivo: Tancredo venceu o pleito (15/01/1985). Após vinte anos, o Brasil voltaria a ter um presidente civil.
A transição para a democracia, porém, sofreria um forte abalo já de início. Pouco antes da posse, o presidente eleito é hospitalizado e seu estado de saúde se agrava a cada dia. Após 38 dias, Tancredo Neves morre. As lágrimas de alegria pela retomadada democracia deram lugar ás de tristeza. A chegada ao poder de seu vice, José Sarney, no entanto, foi assegurada: a democracia podia ser assegurada.
Sarney e o plano cruzado
José Sarney iniciou seu governo convocando todos os brasileiros para uma verdadeira guerra contra a inflação. Não era para menos. O novo presidente herdou do governo militar aumentos de preços de quase 10% ao mês. O problema monopolizava as discussões entre especialistas. Foram os economistas de duas escolas de pensamentos diferentes, a PUC do Rio de Janeiro e a Unicamp de São Paulo que para enfrentar o problema produziriam o Plano Cruzado, lançado em fevereiro de 1986. Congelamento de preços, gatilho salarial (reajuste automático quando a inflação alcançasse 20%), aumento do salário mínimo e fim dos mecanismos de correção monetária foram as medidas adotadas. Além disso, o país ganhou nova moeda, o cruzado.
Com o plano, o poder de compra dos salários foi aumentando e o povo sentiu no bolso as vantagens de livrar-se da inflação. Surgiram os “fiscais de Sarney” – consumidores que denunciavam as remarcações de preços.
O aumento do consumo, porém, teve consequências desastrosas. Entre o aumento da demanda que a oferta não conseguia acompanhar (num país fechado ás importações) e os preços congelados, produtores e distribuidores capitularam. O monstro da inflação deu lugar ao do desabastecimento.
O governo lançou enão o Plano Cruzado II (novembro de 1986), que liberava o reajuste de preços eaumentava a taxação de alguns produtos para conter o consumo. A gasolina, por exemplo, teve um aumento de 60% e as bebidas, de 100%. Com o desabastecimento, a importação de produtos da primeira necessidade causou um rombonas reservas monetárias e, em janeiro de 1987, Sarney declarou a moratória dos juros da dívida externa. Protestos de movimentos sociais e grandes grevesde trabalhadores eclodiram pelo país.
Pouco tempo após o lançamento do plano, os brasileiros voltaram a conviver com a inflação. Ao atingir 19% em abril de 1987, o governo anunciou o Plano Bresser, que promoveu novamente o congelamento de preçose salários. Sem sucesso. No início de 1989, outro ministro assumiu entãoa pasta da Fazenda,
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