A Filosofia e Ética

Administração Pública

AD1- Filosofia e Ética

1.Com base no texto apresentado, qual o motivo prático que levou os gregos a inventarem a filosofia, uma forma de saber que pretende ser neutra, objetiva, universal, única, distinta da religião e do senso comum?

Segundo Marilena Chauí, a filosofia nasceu como uma explicação da  realidade alternativa ao mito. As viagens marítimas e a invenção do calendário ajudaram os gregos a desmitificar os deuses e os fenômenos naturais. A invenção da moeda, o surgimento da vida urbana e a invenção da escrita alfabética, mudaram a maneira de enxergar as coisas e o modo de vida como algo menos abstrato e mais racional. E de forma decisiva, a invenção da política, introduziu três aspectos importantes para seu surgimento:

- “A ideia da lei como expressão da vontade de uma coletividade humana que decide por si mesma o que é melhor para si e como ela definirá suas relações internas; ”

- O surgimento de um espaço público, que faz aparecer um novo tipo de palavra ou discurso, diferente daquele que era proferido pelo mito. Agora com a pólis (cidade política), surge a palavra como direito de cada cidadão de emitir sua opinião em público, discuti-la e persuadir os outros de tal modo que surge o discurso político. A política, ao valorizar o humano, o pensamento, a discussão, a persuasão e a decisão racional criou condições para que surgisse o discurso ou a palavra filosófica;

- A política estimula um pensamento e um discurso aberto, público, ao contrário dos iniciados em seitas e mistérios sagrados. A política promove a ideia de que todos podem e devem compreender, discutir, comunicar e transmitir seus pensamentos, o que é fundamental para a filosofia.

Segundo Jean-Pierre Vernant e Selvino Assmann, a filosofia foi inventada pelos gregos para responder às seguintes perguntas: “Como encontrar uma solução segura e definitiva para os problemas políticos? Como encontrar um jeito para estabelecer uma ordem, uma harmonia, a justiça na convivência humana, e para que a solução valha não apenas para aquela ocasião, mas para todas as ocasiões e para todos os povos? ”

2. Procure descrever o que se entende por filosofia no senso comum. Pergunte a algumas pessoas conhecidas, e verifique qual a diferença com o conceito que os gregos deram à filosofia.

Segundo Selvino Assmann, “o senso comum é, sobretudo, um saber fazer, mais do que

um saber puramente teórico, sem que se conheçam os motivos pelos quais algo se faz assim e não de outro modo. Por isso, o senso comum tem a ver com uma crença, embora não se trate de uma crença, mais teórica, que repercute na vida das pessoas através de outra forma de conhecer, que é a crença religiosa, pela qual os seres humanos definem o sentido da vida, e aquilo que eles devem fazer para viver melhor ou para ter uma vida feliz depois da morte.

Perguntando às pessoas, a filosofia é entendida como “modo de vida”, “jeito de ser” ou “visão do mundo” muito confundida com “crença religiosa”.

Porém o conceito grego, segundo Marilena Chauí, é de que “filosofia indica a disposição interior de quem estima o saber, ou o estado de espírito da pessoa que deseja o conhecimento, o procura e o respeita”.

Resumindo, filosofia é a busca incessante pela sabedoria, pela verdade e pela compreensão da realidade através do uso da razão e do questionamento racional.