ANÁLISE DO FILME JOÃO E BILU
Por: fkennedy • 15/9/2019 • Artigo • 1.241 Palavras (5 Páginas) • 1.473 Visualizações
ANÁLISE DO FILME JOÃO E BILU
(Uma perspectiva social utilizando as ferramentas do IDH)
São Bernardo do Campo
2019
Análise do filme João e Bilu
O filme João e Bilu relata a história de duas crianças de classe baixa que moram na cidade de São Paulo e buscam condições de vidas melhores. Para isto, João e Bilu saem recolhendo reciclagem e ajudando nas feiras da cidade, para que em troca consigam sobreviver. Porém, muitas destas vezes, o personagem João acabava sofrendo grandes agressões físicas e verbais por parte de certa “concorrência” entre os adolescentes que eram dominantes em determinados pontos da região. Durante o filme, as duas crianças encontram muitas dificuldades em meio à zona urbana, porém, em um determinado momento, logo encontram um pedaço de madeira e descobrem que este serve como um belo jogo de tabuleiro. A partir disto, fazem deste, uma fonte de renda rápida, obtendo dinheiro em um curto período de tempo. Assim, João e Bilu vão a um depósito de materiais recicláveis para comprar uma antena parabólica, e acabam sendo enganados por um dos funcionários do estabelecimento e perdem tudo o que conseguiram juntar até aquele momento. Por fim, os dois jovens retornam para sua casa na periferia da cidade, animadas e inocentes, porém relatando um dos pontos mais tristes da realidade urbana na cidade de São Paulo, no Brasil e no mundo.
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma unidade de medida utilizada para mensurar o grau de desenvolvimento em uma determinada sociedade levando em consideração três perspectivas: saúde, educação e renda. O IDH iniciou-se em 1990 com a ideia de analisar o desenvolvimento humano pelo ponto de vista social e não somente pelo ponto de vista econômico (no caso o PIB – Produto Interno Bruto).
Análise do filme utilizando as ferramentas do IDH
A diretora Katia Lund retrata muito bem em João e Bilu a realidade de milhares de crianças da década de 90 que infelizmente ainda é presente em nossa sociedade nos dias atuais. Também é possível refletir com o filme e associar uma crítica sobre a metodologia de cálculo do IDH.
Segundo GUIMARÃES e JANNUZZI (2005, p. 78 apud VEIGA, 2003, p.12) O principal defeito do IDH é que ele resulta da média aritimética de três índices mais específicos que captam renda, escolaridade e longevidade. Mesmo que se aceite à ausência de outras dimensões do desenvolvimento para as quais ainda não há disponibilidade de indicadores tão cômodos – como a ambiental, a cívica, ou a cultural – é duvidoso que seja essa média aritimética a que melhor revele o grau de desenvolvimento atingido por uma determinada coletividade (neste caso o município).
De acordo com GUIMARÃES e JANNUZZI (2005, p. 78 apud Fundação Seade, 2002, p.78) Ao se deparar com situações distintas – país A com alto PIB per capita, mas baixa esperança de vida ao nascer e baixo grau de educação, e país B com alto grau de educação, mais baixo PIB per capita e baixa esperança de vida ao nascer – a ordenação será feita através da média entre os três componentes do índice. Sendo assim, admita-se que o país A obtenha uma classificação melhor que o país B. Isso significa que é mais “valioso” – principalmente do ponto de vista do desenvolvimento humano – possuir renda elevada do que alta escolaridade?
Durante o filme, ocorrem diversas situações com os dois jovens nas quais é possível realizar uma análise utilizando as ferramentas do IDH:
- (Perspectiva da Saúde) – Do início ao fim do filme é notória a exposição de João e Bilu a inúmeros elementos prejudiciais à saúde como poluição e lixos orgânicos (em nenhum momento do filme eles utilizam equipamento e roupa apropriada para coletar materiais nas ruas). Fazendo uma comparação com a vida real, o IDH muitas vezes acaba não realizando uma apuração justa, pois, não leva em consideração os casos de saúde precária que ainda são muito comuns no Brasil e também que no país uma saúde de qualidade é restrita para uma pequena parcela da sociedade (não coincidindo com a realidade da maioria da população).
- (Perspectiva da Renda) - No filme podemos notar a diferença da distribuição de renda no momento em que João e Bilu estão no centro de reciclagem. No caso João e Bilu e os outros trabalhadores do local recebem um valor muito baixo na venda dos materiais coletados.
Fazendo uma analogia, é possível comparar o trabalho da reciclagem com inúmeros outros empregos no Brasil, onde, os empregados detém uma renda baixa em quase todas às vezes, enquanto o dono do negócio possui um alto poder aquisitivo. O IDH não leva em consideração a distribuição de renda equivalente para todos na sociedade, e no filme de João e Bilu, a diretora Katia Lund retrata muito bem a desigualdade na sociedade brasileira com relação à renda, pois, a maior parte da riqueza está em posse de uma pequena parcela da população, e por outro lado, a menor parte da renda encontra-se com a maioria da população.
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