Brasil Flerta com o Retorno aos Seus Dias de Escuridão
Por: Luccas Padini • 25/9/2018 • Monografia • 519 Palavras (3 Páginas) • 288 Visualizações
Opinião
Brasil flerta com o retorno aos seus dias de escuridão
Um dos principais candidatos presidenciais defende a ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985. E ele contém uma fórmula atraente para um país conturbado: soluções simples para problemas complexos.
Por Carol Pires.
Carol Pires é uma repórter política e escritora de opinião contribuinte ao New York Times em espanhol.
24 de agosto de 2018
O incêndio político provocado por uma grande investigação anticorrupção e pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff deveria ter gerado uma nova onda de líderes políticos brasileiros. Mas ao invés disso, os dois principais candidatos neste ano de eleição presidencial – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o oficial militar aposentado Jair Bolsonaro, um veterano na Câmara dos Deputados – representam o passado. Lula, que está comandando sua campanha de sua cela na prisão, consequente de uma condenação por denúncias de corrupção, apela para a nostalgia dos votantes pelos dias de civilidade política e auge econômico que são improváveis a retornarem em breve. O panorama político e a própria reputação de Lula já não são mais o que já foram um dia.
Bolsonaro tem crescido intensivamente em popularidade com cerca de 20% dos votos, de acordo com as últimas pesquisas, representando uma alta porcentagem uma disputa fragmentada. Populista conservador, ele defende a deplorável ditadura militar que governou o Brasil de 1964 a 1985 e justifica o uso da tortura. Há um grupo diverso de candidatos presidenciais no espectro político entre Lula e Bolsonaro. Embora todos eles tenham seus defeitos, compartilham, no geral, de um respeito à jovem democracia do Brasil. Bolsonaro, no entanto, glorifica o sinistro passado autoritário do país. Ele está tentando os brasileiros a retornar a um sombrio capítulo de sua história.
Seja Bolsonaro eleito presidente ou não, o fato de que ele está dominando a disputa eleitoral é um grande retrocesso para o Brasil. Durante as épocas de eleições, as pessoas tendem a dizer que irão votar no “menos pior”, porém desta vez os riscos estão mais altos, dado o fato de que um dos principais candidatos tem baseado sua campanha em ideias antidemocráticas. Em 1997, quando o senador de esquerda Eduardo Suplicy foi atacado por um cão, Bolsonaro sugeriu dar ao cachorro uma medalha. Em 1999, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, disse que a ditadura deveria ter “executado pelo menos 30 mil” pessoas, “a começar pelo presidente”. E disse também que prefere que seu filho morra a ser homossexual. E na frente de câmeras de televisão, ele disse a uma deputada que ele não a estupraria pois ela era feia.
A lista de episódios sexistas e racistas de Bolsonaro continua, mas seu momento mais memorável pode ter sido durante seu voto para que Dilma Rousseff sofresse o impeachment, quando dedicou seu voto, a favor do impeachment, ao principal centro de tortura da ditadura. Muito antes de ser eleita presidente, Dilma Rousseff foi uma guerrilheira e foi torturada durante a ditadura.
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