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COMO ESTRATÉGIA DE REESTRUTURAÇÃO

Por:   •  13/9/2021  •  Pesquisas Acadêmicas  •  5.353 Palavras (22 Páginas)  •  159 Visualizações

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DOWNSIZING COMO ESTRATÉGIA DE REESTRUTURAÇÃO

 ORGANIZACIONAL: O CASO DA FORD

Leticia Ribeiro Silva, Luciano dos Santos Chagas, Sabrina Alves dos Santos, e-mail: lettytcc@gmail.com, luciano.santos.chagas@gmail.com, sabrinaalvessantos2014@gmail.com 

Resumo: Este artigo desenvolve um estudo de caso sobre a aplicação do downsizing, técnica de reestruturação administrativa que está sendo implantada na montadora Ford, indústria automobilística de origem americana que está presente em vários países, inclusive no Brasil. A empresa multinacional precisou se adaptar às novas tendências do mercado e dos gostos dos seus consumidores, e vem recorrendo a demissões e diminuição da burocracia para não perder a competitividade no setor de veículos que também não passa por um bom momento. O texto destaca as motivações e os critérios dessa reorganização empresarial, e mostra quais foram as principais características do downsizing adotadas pela empresa, até então.  

Palavras-chave: Administração, Organizações, Reestruturação.

1. Introdução

Atualmente, os ambientes organizacionais sofrem alterações cada vez mais rápido, pois a competição acirrada em quase todos os tipos de empreendimentos, o dinamismo da tecnologia e as constantes mudanças no ambiente externo, representada principalmente pela situação econômica do país e do mundo, trouxe a necessidade de se buscar soluções inovadoras, impulsionando assim as empresas a buscarem uma mudança organizacional, visando a modernização de sua estrutura e de seus processos para simplificar a tomada de decisões, e assim tornar o ambiente de trabalho menos burocrático e mais competitivo.

A empresa americana Ford, por exemplo, vem passando por momentos poucos favoráveis em todo o mundo; a empresa viu sua margem de lucro cair nos últimos anos após a venda de algumas de suas marcas despencarem, trazendo prejuízos e dificultando o lançamento de novos modelos. No Brasil, a situação da multinacional também não é das melhores, embora a marca ainda ostente uma boa posição no ranking de vendas. Nosso país atravessa um período de recessão econômica que afetou o consumo das famílias em diversos setores, inclusive o de veículos. Esses fatores podem ter levado a marca americana, que criou o conceito de linha de montagem e foi fundada em 1903 pelo visionário Henry Ford, recentemente, a fechar sua fábrica no ABC Paulista, encerrando assim a produção de caminhões F-4000 e F-350, e do carro Fiesta.

Este artigo busca apresentar através de pesquisa exploratória qualitativa e de pesquisa bibliográfica um estudo de caso dessa montadora automobilística, a Ford, visando mostrar quais fatores que realmente influenciaram nas últimas alterações gerenciais da empresa e como está sendo colocado em prática o seu plano de reestruturação organizacional, ou seja, como a Ford vem promovendo mudanças para se adequar à nova realidade do mercado e do cenário mundial através da implementação do downsizing. Para isso, analisaremos o que levou a organização a seguir essa alternativa administrativa vindo a fechar empresas e demitir funcionários pelo Brasil e pelo mundo, verificaremos se a técnica foi implantada como uma forma de reorganizar a empresa ou apenas para fugir de possíveis crises e, também, quais foram, até então, as principais consequências dessa reestruturação para a organização como um todo.

O conceito da palavra inglesa “downsizing” pode ser traduzido em “redução de tamanho” ou “achatamento” da estrutura da organização. No entanto, apesar do downsizing associar-se a cortes de custos e redução de pessoal e de postos de trabalho, ele não pode se resumir a isso, exclusivamente, como afirma um dos idealizadores do conceito de downsizing Robert Tamasko (1992), segundo o autor a definição de downsizing, muitas vezes, é interpretada de forma errônea, pois na sua visão essa técnica administrativa deveria ser implantada apenas em empresas que apresentam tamanhos exagerados ou que abusam de custos desnecessários.

Assim sendo, analisar a forma como a técnica do downsizing vem sendo aplicada faz-se indispensável para administradores e futuros gestores que precisam ter esse conhecimento, para saber decidir quando o downsizing torna-se realmente uma boa opção para retirar a empresa de um período de crise e/ou alavancar os lucros das organizações, tendo em vista que a alternativa tornou-se conhecida por ser utilizada em momentos financeiramente negativos das empresas, nos quais todo administrador precisa reagir para recuperar a sua competitividade.

Nesta análise, primeiramente, comentaremos sobre o perfil e a importância do setor automotivo na atualidade, depois apresentaremos um pouco da história da multinacional Ford, e em seguida iremos para uma conceituação do tema, buscando mostrar suas origens e principais características, que foram encontradas em livros, artigos e materiais publicados em sites conceitualizados. Por fim, terminaremos com a análise da implementação do downsizing na empresa.

2. O Setor Automotivo no Brasil e no Mundo

O setor automotivo é um dos mais importantes na formação da economia mundial. De acordo com o site do Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços do governo federal (MDIC, 2018), o setor é responsável por cerca de 22% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Considerando, também o seu impacto em outros setores da indústria que possuem produtos relacionados, como os setores de aço e derivados, máquinas e equipamentos, materiais eletrônicos, produtos de metal e artigos de borracha e plástico. Em 2016, por exemplo, a produção mundial de veículos foi de 72,1 milhões de unidade, dos quais 1,77 milhões foram produzidas no nosso país, classificado naquele ano como o 10º maior produtor mundial de veículos, conforme notícia divulgada pelo site do MDIC (2018). Isso sem considerar a retração de cerca de 40% no período de 2014-2016 citada por Luiz Carlos Moraes (2019), presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), em uma importante reunião na qual foram apresentados os resultados do setor.

A grande maioria das empresas do setor automotivo é transnacional, que operam em escala global, ou seja, seus produtos estão presentes em todo o mundo. Isso requer altos custos, principalmente em decorrência do padrão tecnológico do setor que necessita investir constantemente em Pesquisa e Desenvolvimento - P&D em novos produtos, propaganda, Setup, além dos altos custos das máquinas, equipamentos e montagens. Desta forma, estas organizações, também, acabam sendo atingidas pelas questões econômicas locais e mundiais, que podem ocasionar a diminuição das verbas e dos investimentos no negócio, além da reduzir as perspectivas do mercado de trabalho.

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