Discurso do método Popper
Por: Felipi Salem • 4/6/2017 • Artigo • 1.384 Palavras (6 Páginas) • 288 Visualizações
COMENTÁRIOS SOBRE DISCURSO DO MÉTODO QUINTA E SEXTA PARTE
Felipi Salem Leonel[1]
RESUMO:
Descartes na quinta e sexta parte de seu discurso apresenta algumas justificativas sobre os motivos da publicação do mesmo, também apresenta o motivo da não publicação de outras obras. Ele procura apresentar as leis naturais por ele descobertas, usando exemplos de um mundo paralelo ao nosso, que poderia ter sido criado por Deus, e por conseguinte, possuiria as mesmas leis naturais. Ele também discorre sobre o movimento do coração e das artérias, com o intuído de provar ao leitor a capacidade mecânica inconsciente que a estrutura do corpo tem.
Palavras-chave: Descartes. Mecanicismo. Justificativas.
1 QUINTA PARTE
Descartes inicia a quinta parte do “Discurso do método” afirmando que não deseja se indispor -se com os escolásticos[2], sendo que em seu discurso ele tratará de uma física não baseada nos conceitos de Aristóteles. Afirma ter descoberto as leis da natureza, e tais leis foram estabelecidas por Deus. Assim como veremos de forma mais detalhada na sexta parte, nosso autor justifica que por certos motivos não publicou certo tratado onde procurou explicar as principais verdades[3].
Para evitar “conflitos” com os doutos (filósofos escolásticos), René cria um novo mundo, propondo que imaginemos que Deus o criasse, em alguma parte dos espaços imaginários. Ele trata os escolásticos de forma irônica ao dizer espaços imaginários, pois, para eles o mundo é limitado e finito, e tudo o que não pertence a este mundo é fictício.
Ao apresentar as leis da natureza, Descartes toma seus princípios nas perfeições infinitas de Deus, porque segundo ele, Deus é imutável, e age sempre da mesma maneira, desta forma, criando sempre a mesma lei física, caso contrário, não seria possível a existência das leis. Já que existem essas leis, é lógico para o autor que se Deus criasse vários outros mundos, todos eles obedeceriam as mesmas leis da natureza por ele descobertas.
O autor ainda apresenta várias questões que tenta explicar em seus escritos, estas circundam a natureza da luz:
E entre outras coisas, já que além dos astros nada conheço no mundo, exceto o fogo, que produza a luz, dediquei-me a explicar com bastante clareza tudo o que pertence à sua natureza, de que maneira ele se origina, como se alimenta; como, às vezes, só há calor sem luz, e outras vezes, luz sem calor; como pode introduzir várias cores em vários corpos e numerosas outras qualidades; como funde uns e endurece outros; como os pode consumir a quase todos ou transformar em cinzas e em fumo; e, por fim, como dessas cinzas, apenas pela força de sua ação, produz o vidro; pois, ao considerar essa transmutação de cinzas em vidro tão assombrosa como nenhuma outra que se realize na natureza, proporcionou-me especial prazer descrevê-la. (DESCARTES, 2001. p. 50).
Ainda sobre as leis da natureza podemos refletir sobre a criação do mundo por Deus. Descartes não concorda com a teoria da criação contada antigamente, ou seja, o mundo não foi criado de uma vez só, exatamente como o vemos hoje, contudo, Deus foi quem criou os elementos necessários e as leis naturais, para que tudo se junte e forme o que concebemos mundo.
A alma e corpo humano, para Descartes, são duas estruturas o res cogitans (alma): pensamento/realidade imaterial e res extensa (corpo): realidades materiais. Seu discurso parte para a explicação do movimento do coração e das artérias, sua inspiração vem por parte do trabalho do médico W. Harvey, essa explicação tem como objetivo demonstrar como um corpo humano está para realizar todas as suas funções inconscientes.
Descartes diz que o coração é um músculo ativo, sendo necessário explicar sua contração e sua dilatação por processos diferentes[4], para ele a transformação do sangue venoso para o arterial acontece dentro do coração, porém, ele se engana, pois tal transformação se resulta da respiração dos pulmões[5].
Quase ao final da quinta parte do discurso, o autor descreve o homem como um autômato, uma máquina, porém, essa máquina é necessariamente criada por Deus, pois Ele cria o corpo humano, mas a ciência pode estudá-lo como uma máquina, segundo as leis da mecânica.
Quanto a relação de alma, Descartes afirma sermos uma maquina, porém, diferente dos robôs e dos animais. Estes por mais semelhantes aos homens jamais poderiam usar do discurso e nem outros sinais, e mesmo os que usam de palavras, não respondem de diferentes modos, não são capazes de criar uma sequência de palavras que possua sentido. Ainda estes, mesmo realizando algumas atividades melhor que nós, falhariam em outras, pois não agem pelo conhecimento, mas pela disposição de seus órgãos. Descartes também nega a ideia de alguns sobre os animais falarem em língua própria.
Expondo sua opinião sobre as máquinas, afirma que o homem racional é mais complexo que o autômato. Também afirma que é moralmente impossível existir máquinas com disposição para agir em todas as ocorrências da vida[6].
A alma racional não pode ser separada do corpo, ela não é um piloto em seu navio, pois o piloto em seu navio é uma relação exterior, e entre a alma e o corpo há uma relação interior. Para René, o que afasta o espírito dos fracos do caminho certo é acreditar que a alma dos animais é da mesma natureza dos homens, e que nada temos a temer e nem a esperar depois da vida.
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