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Diversidade nas Organizações: Inclusão social ou estratégia competitiva?

Por:   •  26/6/2018  •  Artigo  •  3.523 Palavras (15 Páginas)  •  1.049 Visualizações

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DIVERSIDADE NAS ORGANIZAÇÕES: INCLUSÃO SOCIAL OU ESTRATÉGIA COMPETITIVA?

Jean Victor de Melo Santos[1]

Geyza D’Ávila Arruda[2]

RESUMO: Atualmente, para continuar em destaque no mercado, as organizações exploram táticas para prospectar clientes e manter seus funcionários motivados. Para isso, faz-se uso de discursos empresariais com o intuito de criar uma nova visão da empresa e buscar a legitimidade junto ao mercado e aos clientes. A gestão da diversidade passa a ser uma ferramenta muito usada para alcançar tal objetivo. Não é possível garantir que essas práticas de diversidade corporativa são verdadeiramente uma ideologia, que busca a diminuição da desigualdade através da inclusão social, ou se faz parte de um conjunto de estratégias para obter melhores desempenhos. Trazer a responsabilidade social para dentro da empresa, além de ser interessante no quesito sociológico, pode gerar um aumento na performance organizacional. A diversidade é também o caminho para que as empresas se tornem mais inovadoras (já que sua premissa é trazer múltiplas visões acerca de um assunto), capazes de produzir bens úteis e tornar os seus trabalhadores inclusos, realizados e motivados. É preciso ficar atento ao papel do líder nesse contexto, pois ele essencialmente deve entender a diversidade como um dos princípios da sociedade, e que sem ela acaba sendo mais difícil ter sucesso social.

Palavras-chave: Diversidade, Inclusão social, Discurso, Legitimidade.

  1. INTRODUÇÃO

A história das organizações mostra que um novo discurso vem emergindo nos últimos anos. Trata-se do discurso da diversidade. Assim como Nkomo e Cox (1996) apontam, este assunto é cada vez mais discutido no momento em que se constata que tanto nos EUA quanto em outras nações, o perfil da força de trabalho está se diversificando (WENTLING e PALMA-RIVAS, 2000), em relação a aspectos culturais, de gênero e etnia. Dentro das organizações, a gestão da diversidade surge com o objetivo de criar uma vantagem competitiva a partir da diversificação dos grupos.

Tempos atrás, para uma empresa ter sucesso no mercado bastava que ela oferecesse bons produtos ou serviços a preços justos, hoje em dia essas organizações precisam lidar com as exigências dos seus stakeholders para seguir obtendo lucro. Com a Era das redes sociais, a opinião dos consumidores se tornou cada vez mais importante, sendo assim, possuir um posicionamento que possa representar as ideologias desses consumidores é um fator que traz vantagem competitiva para o negócio. Além de ter ganhos com fins lucrativos, surge uma necessidade da organização também ajudar a desenvolver sua sociedade através da inclusão social. A gestão da diversidade objetiva trazer os grupos minoritários para dentro do ambiente que estes não costumavam ocupar.

Minoria pode ser entendida como um grupo, sendo ele de maneira numericamente menor ou não, que possui diferenças em relação ao outro grupo. Diferenças essas que no contexto em que estão inseridas geram barreiras que impedem este grupo de desfrutar de cotidianos sociais, como por exemplo, a atuação no mercado de trabalho (RIBEIRO, 2017). Alguns exemplos pertencentes desse grupo são: negros, pessoas com deficiência, mulheres, homossexuais, indígenas e pessoas transexuais.

A diversidade é um conceito que está ligado à variedade de atributos de indivíduos e grupos. Dentro das organizações, a diversidade surge para trazer a minoria para dentro do ambiente que historicamente pertence à maioria (SAJI, 2005). Uma vez que consigamos entender o verdadeiro sentido das políticas de diversidade, estaremos contribuindo não só para uma organização melhor, mas para uma sociedade mais inclusiva. Para entender o que se esconde por trás das políticas de diversidade, trataremos de alguns tópicos acerca do assunto; o paradoxo entre discurso e prática, a maneira como as empresas utilizam de um discurso empresarial para passar aos seus stakeholders uma nova visão e como poderíamos usar o conceito de diversidade como uma ideologia ao invés de uma estratégia.

  1. DESENVOLVENDO UM CONCEITO DE DIVERSIDADE

Com o intuito de desenvolver uma linguagem conceitual de forma clara e no que significa o termo “diversidade”, é preciso, antes de começar, estruturar o próprio conceito. De acordo com Maria Tereza Leme Fleury (2000), “há diversos aspectos a serem considerados ao se pensar no que significa diversidade: sexo, idade, grau de instrução, grupo étnico, religião, origem, raça e língua”. A diversidade é um mix de pessoas com identidades diferentes interagindo no mesmo sistema social (FLEURY, 2000).

Existem outras definições, mais amplas da diversidade, como a de Thomas (1991) que afirmou que “a diversidade inclui todos, não é algo que seja definido por raça ou gênero. Estende-se a idade, história pessoal e corporativa, formação educacional, função e personalidade. Inclui estilo de vida, preferência sexual, origem geográfica, tempo de serviço na organização, status de privilégio ou de não-privilégio e administração ou não-administração.”

  1. A FUNÇÃO SOCIAL DAS ORGANIZAÇÕES

Um dos temas mais citados na atualidade é a responsabilidade social. As organizações, sejam elas públicas ou privadas, tornaram-se uma espécie de ferramenta para a inclusão (DRUCKER, 1997). No que diz respeito à gestão empresarial, a responsabilidade social se tornou uma variável de grande importância para o alcance da vantagem competitiva. Segundo Porter (2002), as organizações estão tendo que competir em um ambiente onde não é mais suficiente oferecer preços justos e qualidade de serviço/produto, agora elas se veem obrigadas a calcular e pensar sobre os impactos de suas ações e operações nos seus stakeholders.

De acordo com Borger (2001), uma empresa que opera voltada para a responsabilidade social não é o mesmo que uma empresa que abandona seus objetivos lucrativos ou que pare de crescer economicamente; pelo contrário, uma organização socialmente responsável se pauta na premissa de que deve desenvolver seu papel dentro da sociedade de forma ética.

Segundo Rodriguez (2004), a responsabilidade social diz respeito a um conjunto de ações, comportamentos e atitudes, das quais podemos destacar: os compromissos éticos e com o desenvolvimento profissional, a valorização da diversidade e a empregabilidade para com o publico interno; a reciclagem, a compensação da natureza pelos impactos ambientais e uso de recursos para com o meio ambiente; o voluntariado e iniciativas para a redução da pobreza para com a sociedade.

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