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Estilos de liderança

Por:   •  28/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.182 Palavras (9 Páginas)  •  193 Visualizações

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Estilos de Liderança

Disciplina: Gestão de Pessoas

Módulo: 4

Aluno: Micheli Pasquali

Turma: 0319-9_8 – MBA_GPESEAD-24

Introdução

Liderar é a capacidade de influenciar pessoas e direcionar comportamentos para o alcance de objetivos (HUNTER 2004). Essa influência pode ser exercida por meio da comunicação, do conhecimento e do relacionamento com a equipe a ser liderada, indicando o que, como e por que fazer.

O ambiente de negócios sofre constante mudança e é impactado por diferentes gerações, pessoas com características distintas que exigem líderes cada vez mais preparados para administrar estas diferenças. Além disso, o ambiente globalizado e competitivo apresenta outro grande desafio à liderança, a gestão de equipes multinacionais, algumas vezes dispersas geograficamente e conectadas pela internet. O mesmo desafio é atribuído as lideranças expatriadas, que precisam vencer barreiras culturais, políticas e legais para uma gestão eficaz.

As novas formas de trabalho, como teletrabalho, jornada intermitente, trabalho por tarefas ou semipresenciais, podem representar obstáculos no processo de liderança. Neste sentido, compreender o nível de maturidade da equipe e fatores que mobilizam o comportamento de cada indivíduo é fundamental para estabelecer conexão e exercer a influência de forma positiva.

O ambiente de trabalho sofreu grande mudança no último século. Atualmente, os trabalhadores estão mais críticos em suas relações profissionais. Fala-se em assédio moral e atitudes constrangedoras de lideranças tóxicas, que por vezes geram ambientes hostis e ações trabalhistas. A prevenção deste tipo de situação deve ser uma preocupação da liderança a fim de que sejam evitados prejuízos financeiros à organização (FERREIRA 2017)

Nesse contexto, o perfil de liderança adotado pode gerar impactos positivos ou negativos no ambiente de trabalho, no comportamento de seus liderados e no relacionamento da equipe, gerando diferentes resultados, uma vez que os estilos de liderança não são imutáveis, podendo variar conforme o tipo de empresa (WRIGHT 2011).

Desta forma, serão analisados diferentes perfis de liderança e suas influências no comportamento e desempenho dos liderados.

Desenvolvimento – análise de diferentes perfis de liderança

Segundo Likert (apud FERREIRA, 2017, p. 98) o melhor estilo de liderança, aquele que consegue melhores resultados, é o participativo, que passamos a analisar:

Participativo

A liderança participativa, também conhecida como democrática, tem como foco o líder e a equipe, exercendo de forma democrática sua gestão, integrando sua equipe nas decisões e na construção dos resultados. Esse tipo de liderança costuma ganhar a simpatia da equipe, pois é bastante participativo, busca a opinião de todos, instiga ideias e feedback para solução de problemas.

Ao contrário do estilo autocrático que só pensa em si, a liderança participativa busca o bem-estar de todos, desenvolvendo sua equipe, oportunizando crescimento, qualidade de vida no trabalho, valorização do empenho de cada indivíduo, estabelecendo valores coletivos que culminam com o comprometimento das pessoas de forma espontânea (HUNTER 2004).

Assim, as pessoas se sentem mais inspiradas e motivadas para o alcance dos resultados, a dar o seu melhor, aumentando a satisfação, diminuindo a rotatividade e maximizando a produtividade. Chiavenato (2004) explica que as pessoas tornam-se mais produtivas e contribuem mais para o crescimento da empresa quando são bem tratadas. O autor indica ainda que pessoas submetidas a liderança participativa produzem bem, com mais qualidade, são mais integradas, satisfeitas e comprometidas do que nos outros estilos de liderança.

As desvantagens deste perfil é que o líder pode ser afrontado por aqueles que discordam das decisões, pode fugir dos conflitos, preferindo o consenso e pode evitar correr riscos por excesso de cautela. A liderança participativa é a mais indicada, principalmente em ambientes que agregam públicos distintos, como escolas e empresas públicas (SEBRAE 2019).

Para Kurt Lewin (apud FERREIRA, 2017, p. 99), além do perfil participativo existem outros dois estilos de liderança, o autocrático e o laissez faire:

Autocrático

Na liderança autocrática o foco é o próprio líder e os resultados, não as pessoas. Ele centraliza a gestão e decide tudo, não permitindo a participação de sua equipe nas decisões. Além disso, exerce grande pressão sobre seus liderados em busca de resultados.

O líder autocrático tende a ser dominador, temido e esperar obediência plena, valorizando a ordem e a hierarquia. Como não confia nos seus liderados, dificilmente delega decisões. É indicado para lidar com pessoas problemáticas e que dificultam o trabalho.

Como vantagens deste estilo de liderança pode-se citar maior velocidade na tomada de decisão, processos mais simples, alta produtividade, profissionais qualificados para tarefas específicas e cumprimento fiel do planejamento da empresa.

As desvantagens são o grande índice de turnover nas empresas, ocasionado por um ambiente tenso e hostil, que gera grande frustração, agressividade e descontentamento da equipe, conflitos entre as pessoas e a perda de grandes talentos. Não há estímulo para criatividade. Na ausência do líder a equipe não saberá tomar decisões e poderá haver perda de produtividade (SEBRAE 2019).

É um estilo de liderança ainda muito adotado nas empresas contemporâneas.

Laissez-faire ou liberal

O líder laissez-faire tem foco na equipe, sendo o oposto da liderança autocrática. Esse estilo de liderança busca a liberdade de decisão da equipe para a solução de problemas e escolha dos melhores caminhos a serem percorridos no alcance dos resultados, participando das decisões somente quando procurado. Na verdade, neste tipo de liderança o líder não se faz necessário, pois presume-se que a equipe tem maturidade, qualificação e capacidade para desenvolver seu trabalho sem a supervisão de alguém. Indicado para equipes altamente motivadas para o trabalho.

Como consequência deste perfil de liderança, pode ocorrer baixa produtividade por falta de cobrança, baixa qualidade do trabalho e individualismo no desempenho das atividades, além de pouco respeito ao líder (CHIAVENATO 2004).

Um exemplo de empresa que adota esse estilo de liderança é o Google. Segundo o site Wikipedia (2019), a empresa apresenta estilo flexível em suas filiais ao longo do mundo. É conhecida por oferecer um ambiente descontraído, comida gratuita aos funcionários, salas de descanso, espaço de jogos, criando uma atmosfera de liberdade e ideais revolucionários. Apesar disso, os trabalhadores precisam cumprir determinadas horas de trabalho, executar atividades e atingir metas.

Tabela 1: Comparativo entre os três estilos de liderança apresentados:

Fonte: Chiavenato, 2005.[pic 1]

Teoria da Liderança Situacional

A Teoria da Liderança Situacional, de Hersey e Blanchard, apresenta outros quatro estilos de liderança de acordo com a situação, ou seja, conforme o nível de maturidade dos liderados, adaptando-se com rapidez, inteligência, estratégia e assertividade às necessidades do trabalho (FERREIRA 2017).

É um perfil de liderança que exige do líder flexibilidade e habilidade para assumir as mais variadas formas para lidar com os cenários e desafios que se apresentam e identificar o nível de conhecimento e desenvolvimento de sua equipe para delegar de forma correta. O líder pode, por exemplo, direcionar atividades mais complexas para quem tem mais experiência e orientar os mais novos no desenvolvimento do trabalho.

Segundo a Teoria da Liderança Situacional, o gestor pode trabalhar em duas variáveis, orientação para tarefas e orientação para relacionamentos, resultando em quatro estilos diferentes de liderança, conforme quatro graus de maturidade da equipe. Os liderados são classificados em inexperientes, pouco experientes e motivados, muito experientes de desmotivados e muito experientes e altamente motivados.

[pic 2]

Fonte: Ferreira, 2017

Para cada nível de maturidade existe um perfil de liderança adequado, sendo:

E1: Determinar – para pessoas com baixa maturidade que não tem capacidade ou vontade de assumir responsabilidades, o gestor oferece orientação de como, quando e onde fazer. Existe alta orientação para tarefa e baixa para relacionamento.

E2: Persuadir – para pessoas com baixa a moderada maturidade, mas altamente motivadas a assumir responsabilidades. O gestor indica a direção do trabalho, mas as pessoas são convencidas através do dialogo e explicações a realizar as tarefas. Existe alta orientação para tarefa e para relacionamento.

E3: Compartilhar – para pessoas com alta maturidade e baixa motivação, ou seja, elas tem capacidade para realizar, mas não estão dispostas a seguir as orientações do líder. Requer do líder um estilo mais participativo, de apoio, onde o liderado participa das decisões. Existe alta orientação para o relacionamento e baixa orientação para a tarefa.

E4: Delegar – para pessoas com alta maturidade e alta motivação, pois estão dispostas a assumir responsabilidades. Os liderados decidem como, quando e onde fazer, cabendo ao líder identificar os problemas. Existe baixa orientação para tarefa e para relacionamento.

Algumas vantagens da liderança situacional são: flexibilidade para mudanças, aumento da produtividade da equipe, desenvolvimento da maturidade do liderado. As desvantagens dizem respeito ao desenvolvimento da equipe que pode ser demorado e os lideres precisam estar capacitados para lidar com diferentes cenários.

Liderança carismática

Conforme Ferreira (2017), este é um perfil de liderança baseado nas características do líder, como autoconfiança, articulação, comportamento incomum, transformador, revolucionário e renovador. É um grande agente de mudança por sua natureza carismática.

Algumas vantagens da liderança carismática:

  • Habilidade de comunicação
  • Bom relacionamento com a equipe
  • Inteligência Emocional
  • Autoconfiança

Desvantagens deste perfil de liderança:

  • Narcisismo: pode ser considerado arrogante
  • Dificuldade para receber feedback negativo
  • Tendência a dominação, prejudicando as relações organizacionais

Liderança visionária

A liderança visionária pressupõe que pessoas com visão podem apresentar resultados acima do esperado e tenham energia suficiente para mobilizar todos os níveis da organização. O líder visionário enxerga oportunidades onde ninguém vê, é autoconfiante e ousado, está disposto a correr riscos,  possui perfil inovador e criativo, e por isso, está sempre buscando novos projetos. Segundo reportagem da Revista Exame, um exemplo de liderança visionária foi Steve Jobs, fundador da Apple.

Vantagens:

  • Provoca mudanças positivas
  • Promove a inovação e o pensar “fora da caixa”

Desvantagens:

  • O líder pode apresentar dificuldade de relacionamento
  • Por pensar muito no futuro, o gestor pode não enxergar o presente
  • Líderes visionários são fechados para ideias de outras pessoas

Liderança transformacional

Os lideres transformacionais são aqueles capazes de transformar seus liderados, gerando desafios e promovendo atenção individualizada que faz a equipe sentir orgulho do propósito do trabalho. É um perfil de liderança mais eficaz do que o transacional, pois gera empatia e causa grande impacto nas empresas (FERREIRA, 2017).

Vantagens da liderança transformacional:

  • Carismática
  • Incentiva a inovação e o aprendizado
  • Promove a mudança e o engajamento dos colaboradores

Desvantagens:

  • Perfil de liderança que não funciona bem em ambientes que exigem rotina
  • Não recomendado para equipes inexperientes

Liderança transacional

A liderança transacional direciona sua equipe ao atingimento das metas com base na comunicação e na cobrança. É uma relação de troca que pode tornar o liderado uma pessoa calculista e resistente a mudanças nesse sentido. Segundo Wright (2011) o líder transacional oferece recompensas como pagamento em troca de obediência e dedicação ao trabalho. A grande desvantagem deste perfil é a resistência a mudanças e não gostar de correr riscos, sendo conhecido como pouco inovador.

Liderança Coach

O líder coach tem como foco ações que geram melhor desempenho do indivíduo e produzem  resultados crescentes, por meio promoção e inspiração do autodesenvolvimento da equipe (IBC COACHING, 2019). As vantagens deste perfil de líder, segundo o site da FEBRACIS (2019), é a autoconfiança e automotivação, que gera uma atuação de alta performance, inteligência emocional para lidar com a pressão, valorização do relacionamento interpessoal. A desvantagem é que requer mais dedicação do líder no desenvolvimento da equipe, e não funciona quando o liderado não está disposto a mudar o comportamento.

Considerações finais

Os desafios na gestão de equipes são grandes e exigem dos líderes preparação e um olhar atento sobre seus liderados, a fim de identificar talentos, administrar conflitos, proporcionar o desenvolvimento de cada indivíduo e orientar as atividades de forma positiva e assertiva, gerando o comprometimento de equipes multigeracionais.

Essas características são muito valorizadas na era do conhecimento e o desafio do gestor será o conhecer os diferentes estilos de liderança e saber identificar o modelo mais adequado para a realidade da sua organização. Assim, espera-se que líder seja capaz de alinhar sua equipe com a missão e valores da organização, inspirando e promovendo a inovação e as mudanças necessárias com visão de futuro (Barbieri, 2013)

Portanto, diante dos estilos de liderança apresentados e considerando as vantagens e desvantagens de cada perfil, destaca-se que o estilo autocrático, embora gere maior produtividade, apresenta-se como um perfil negativo e pouco agregador, que não consegue reter os talentos na organização. O perfil de liderança liberal, por sua vez, exige equipes maduras e altamente motivadas, sendo mais difícil sua adoção.

Já os estilos participativo e situacional despertam comportamentos positivos e são capazes de gerar comprometimento das equipes, além de bons resultados, apresentando-se altamente recomendados pela literatura.

“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades extraordinárias em pessoas comuns.” Abraham Lincoln

Referências bibliográficas

BARBIERI, Ugo Franco. Gestão de Pessoas nas organizações: a aprendizagem da liderança e da inovação. São Paulo: Atlas, 2013.

CHIAVENATO, Idalberto. Gerenciando com as pessoas: transformando o executivo em um excelente gestor de pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier – Ed. Campus, 2005.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 7º edição. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2004.

EXAME. Portal de Notícias. 7 exemplos de liderança para os empreendedores. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/7-exemplos-de-lideranca-para-os-empreendedores/> Acesso em 28-04-2019.

FERREIRA, Victor Cláudio Paradela; et al. Gestão de pessoas na sociedade do conhecimento. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017, 2ª ed.

HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. ed. Sextante, 2004.

IBC COACHING. Liderança e Motivação. Disponível em: <http://www.ibccoaching.com.br /portal/lideranca-e-motivacao/quais-tipos-lideranca/> Acesso em 19-04-2019

SEBRAE. Três estilos de lideraça e os impactos junto aos colaboradores. Disponível em: < http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/tres-estilos-de-lideranca-e-os-impactos-junto-aos-colaboradores,1cdea5d3902e2410VgnVCM100000b272010aRCRD > Acesso em 19-04-2019

WIKIPEDIA. Liderança Liberal. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Lideran%C3%A7a_liberal> Acesso em 28-04-2019

WRIGHT, Peter L. Administração estratégica conceitos. 12º reimpressão, São Paulo: Ed. Atlas, 2011.

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