O GRANDE DESAFIO: DISSEMINAR A CULTURA EMPREENDEDORA NO BRASIL
Por: Sebastian Parkhomchuk • 11/5/2018 • Artigo • 3.974 Palavras (16 Páginas) • 417 Visualizações
O GRANDE DESAFIO: DISSEMINAR A CULTURA EMPREENDEDORA NO BRASIL
Cristiane Sant’Anna Santos, M.Eng.
Mestre em Engenharia da Produção
Universidade Federal de Santa Catarina
Cristiane@pg.cefetpr.br
Eliane Fernandes Pietrovski, M.Eng.
Mestre em Engenharia da Produção
Universidade Federal de Santa Catarina
eliane@pg.cefetpr.br
Resumo
Analisando as pesquisas brasileiras que apontam a necessidade da disseminação da cultura empreendedora nas empresas brasileiras, o presente artigo tem como finalidade apresentar os fatores inibidores do empreendedorismo por oportunidades e as causas que levam a mortalidade das empresas na atualidade. Apresentar-se-á, também, comentários sobre a era do conhecimento, cujas ações possibilitarão às pessoas visualizarem as oportunidades, gerenciando empresas na sociedade do conhecimento por meio de práticas eficientes e eficazes e destacando-se como empreendedores de sucesso, garantindo, dessa forma, sua permanência no mercado de trabalho. O artigo traz ainda o exemplo de algumas práticas para a promoção do empreendedorismo por oportunidade, propondo uma análise tanto no ambiente acadêmico como empresarial, cuja implementação prática conduz a um desenvolvimento pessoal, social e empresarial.
Palavras-Chave: cultura empreendedora; conhecimento; desenvolvimento
1. INTRODUÇÃO
Acompanhando as pesquisas desenvolvidas na área de Empreendedorismo, tem-se a ciência de que a cultura empreendedora precisa ser disseminada no Brasil, para que as empresas possam ser mais duradouras, tenham crescimento e para que haja desenvolvimento social.
Uma confirmação dessa necessidade está nos dados do Sebrae/Na (2003), os quais mostram que a taxa de mortalidade das microempresas e empresas de pequeno porte chega a 39% do total de empresas no 1º ano de atividade.
Outra confirmação está nos dados do GEM (2002), a 4.ª edição da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, que mostra que no Brasil o empreendedorismo acontece mais por necessidade, do que por oportunidades vislumbradas. A pesquisa foi realizada no período de maio a agosto de 2002 pela parceria entre a London Business School (GB) e a Babson College (EUA), feita em 37 países, atingindo cerca de 62% da população mundial. Segundo a pesquisa o Brasil ocupa, atualmente, a 7.ª posição no ranking entre os dez países mais empreendedores. A taxa de atividade empreendedora total (TAE) por necessidade, em 2002, foi de 7,5%, enquanto o empreendedorismo por oportunidade ficou em 5,8%.
Em pesquisas anteriores, realizadas por esse mesmo órgão, o Brasil havia ficado em 1.º lugar em 2000; no ano 2001 desceu para a 5.ª posição e em 2002 ficou em 7º lugar. Os motivos para essa queda, conforme IBQP-PR (2002), foram as crises internas e externas da economia e a entrada na pesquisa de novos países também empreendedores.
Junto com Argentina e China, o País constitui o único grupo de países cuja taxa por necessidade supera a de oportunidade. Em 17 dos 37 países, o nível de atividade por necessidade se mostra abaixo de 1% e, em seis deles, está abaixo de 0,5%. Na França e Espanha, não há praticamente nenhum empreendedor motivado por necessidade.
Segundo Lummertz (2001) o Brasil não é considerado um grande empregador e as empresas exigem um nível de escolaridade e de conhecimentos que a maioria das pessoas não possuem. Outro aspecto é com respeito aos baixos salários o que obriga aos brasileiros a montarem seus próprios negócios mesmo não sendo essa a principal atividade e somente sirva para completar a renda familiar. Como exemplo cita a grande taxa de mulheres empreendedoras, sendo uma mulher com iniciativas empreendedoras para cada grupo de menos de dois homens. Em comparação com a França essa taxa é de 12 homens empreendedores para cada mulher. Desse modo, não sendo capaz de gerar empregos que absorvam toda a mão-de-obra, desalinhada com o forte mercado competitivo, o empregado é forçado a tornar-se empreendedor, aprendendo, muitas vezes, com o erro.
Nesse cenário apresenta-se a sociedade atual cujos fatores tradicionais geradores de produção, como o capital, terra e trabalho, deixaram de ser as principais fontes de riqueza e poder. O conhecimento passou a ser o fator de produção que garantirá os ganhos de produtividade à medida que se consolidam as relações participativas dos indivíduos nas organizações (Cavalcanti et al., 2001).
Segundo Fleury e Oliveira Júnior (2001) as empresas brasileiras, atualmente, deparam-se com o desafio de competir num mundo em que o conhecimento é fonte de valor agregado às organizações, constituindo-se deste modo, em vantagem competitiva no mercado. Ao contrário do cenário que se apresentava tempos atrás, em que o valor estava depositado no trabalho humano e na obtenção de recursos naturais obtidos em grande escala e com pouco valor atribuídos a eles.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Fatores inibidores do empreendedorismo por oportunidades e da mortalidade das empresas
O documento do IBQP-PR (2002) aponta como fatores inibidores do empreendedorismo por oportunidade, no Brasil, a falta de acesso a créditos e o alto custo dos financiamentos, elevada carga de tributos e exigências legais e fiscais, a falta de capacitação para a gestão do negócio e também a questão da educação, refletida no fator de que quanto menor os anos de estudo, maior a motivação pela necessidade.
A falta de capacitação para a gestão de negócio citado por IBQP-PR (2002) como fator inibidor do empreendedorismo, resume os elementos percebidos também num estudo desenvolvido pelo Sebrae/SP. O estudo constata que de cada 100 empresas abertas no país, 35 não chegam ao final do primeiro ano de vida; 46 não sobrevivem ao segundo ano; e 56 desaparecem no terceiro ano de vida, sendo, principalmente, a falta de preparo, informação, planejamento e conhecimento específico sobre o negócio que levam uma empresa ao fechamento (SEBRAE/NA,1999).
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